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O ponto de vista dos revolucionarios em relação aos
partidos de opposição está contido no seguinte
manifesto do general Luiz Carlos Prestes:
"As ultimas controversias politicas, largamente discutidas
pela imprensa do paiz, envolvem, de tal fórma, o meu nome
no enredo das conjecturas com que se tem apreciado a situação
da minoria revolucionaria perante a nação, que nos
sentimos obrigados a vir positival-a definitivamente, esclarecendo-a
sobretudo, no que diz respeito ás suas ligações
com os partidos politicos de opposição.
Ha, por parte dos que, até agora, tem julgado interpretar
o nosso pensamento, deante da conducta dos partidos, um erro inicial,
e grave de apreciação. Esse erro reside, antes de
tudo, na presupposição de que ha, entre as collectividades
partidarias e os chefes revolucionarios, compromissos reciprocos
de qualquer natureza. Essa supposição é descabida,
porque implica numa generalisação falsa. Os vinculos
de verdadeira solidariedade que nos ligam a alguns chefes democraticos
não implicam em qualquer compromisso, mesmo tacito, entre
a revolução e os partidos a que elles pertencem.
Os partidos, coherentes com o seu ponto de vista politico, organisaram
seus programmas, elegendo a propaganda pacifica, pela dignificação
do voto, em arma pre-excellente para executal-os. Suas "élites"
directoras estão sinceramente convencidas da efficiencia
dessa actuação pacifica. É natural, portanto,
que a préguem, num intenso apostolado civico, cuja sinceridade
não podemos contestar.
Nós, os revolucionarios, somos inteiramente descrentes das
possibilidades de uma solução efficiente, para o caso
brasileiro, dentro dos tramites constitucionaes. Nem cremos que
os partidos de opposição consigam, pelo voto, desalojar
de suas posições os actuaes donatarios do poder, nem
lobrigamos como, depois de vencerem essa primeira etapa, poderão
desembaraçar-se, legalmente, do acervo monstruoso de erros
e rotinas com que alguns decennios de legislação criminosa
contaminaram as instituições do paiz.
Mas essa divergencia de pontos de vista não implica, ao nosso
vêr, em incompatibilidade insanaveis, entre a minoria revolucionaria
e as actuaes organisações partidarias de opposição.
É necessario não confundir a nossa persistencia com
intransigencia, nem a intransigencia de principios com rigidez de
processos. Marchamos todos lealmente para o mesmo fim, e seria insensato
que nos dispersassemos em controversias estereis justamente na hora
em que devemos unir as nossas forças, numa frente unica,
contra os usurpadores do poder.
Do nosso ponto de vista, só temos palavras de louvor para
todos os que embora por caminhos diversos, vão avançando
em busca de um ideal que tambem é nosso. Sentimos que nenhuma
surpreza desagradavel poderá trazer-nos o futuro desfecho
dessa avançada democratica. Se - contrariamente ás
nossas convicções lograr resolver, pacificamente,
o problema brasileiro, dissolver-nos-emos satisfeitos, no seio dos
partidos, porque terão cessado os motivos de nossa intransigencia
revolucionaria. Se - pelo contrario e conforme prevemos - os esforços
democraticos ruirem deante da prepotencia e desfaçatez dos
actuaes donatarios do poder - ou as "élites" partidaria
virão ao nosso encontro para partilhar comnosco o commando
de suas legiões, ou essas legiões, convertidas em
soldados, virão por si mesmas collocar-se sob a bandeira
da Revolução.
É essa a realidade da nossa situação em face
dos partidos. E não ha como toldal-a com atitudes extremadas.
Louvamos a obra de educação civica a que se estão
dedicando as collectividades partidarias. Isso não significa,
entretanto, que a ellas estejamos subordinados, nem, tão
pouco, que alimentemos a velleidade de lhes ditar normas de acção.
E, assim sendo, erram por exagero os que, conhecendo essas divergencias,
de todos sabidas, entre as nossas opiniões radicaes e os
programmas dos partidos, procuram enxergar, ahi, dissidencias ou
scisões que, logicamente, não devem existir.
Santa Fé, 8 de Março de 1929. - (a.) Luiz Carlos
Prestes". |
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