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Eça, por Belmonte
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Nasceu
José Maria de Eça de Queirós na Póvoa
de Varzim, em 25
de novembro de 1845. Desde logo, foi separado de seus pais e criado
por uma ama, em Vila do Conde, onde foi batizado a pedido do pai,
então delegado em Ponte de Lima. Descendia de uma familia
de revolucionarios pelo lado paterno, que conta na sua ascendência
com magistrados e figuras de projeção nos movimentos
liberais de Portugal. Pelo lado materno, vinha de uma familia de
militares, um dos
quais, morrera em consequência de um ferimento
recebido na revolução liberal do Porto.
Em 1851 sai de Vila do Conde para Verdemilho, perto de Aveiro, na
casa de seus avós. Daí, vai para o Porto, onde frequenta
o Colégio da Lapa dirigido pelo pai de Ramalho Ortigão.
Faz em 17 de julho o exame de instrução primária.
Em 1858, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra.
Vindo para Lisboa, depois de bacharelado, faz a sua estréia
literária na "Gazeta de Portugal", publicando "Notas
Marginais". Em Coimbra, a sua atuação literária
é pequena, tendo tomado parte apenas do Teatro Acadêmico,
onde fazia papéis de certa relevância. Vai depois para
Evora, onde funda um jornal politico, o "Distrito de Evora",
que aparece em 1867. No mesmo ano regressa a Lisboa e abre banca
de advogado num quarto andar do Largo do Rocio. Nesse mesmo ano,
forma-se o Cenacuto, em casa de Jaime Batalha Reis.
No outono de 1869, faz a cetebre viagem ao Oriente, em companhia
do Conde de Rezende, voltando então inteiramente modificado
na sua concepção de arte. É nomeado administrador
do Conselho de Leiria, em 1870, e, nesse mesmo ano, publica, em
colaboração com Ramalho Ortigão, o "Mistério
da estrada de Cintra", no "Diário de Noticias".
Em setembro obtem o primeiro lugar no concurso para ingresso na
carreira de cônsul. Mas, na sua nomeação para
o consulado na Bahia, é preterido por Saldanha da Gama.
Em 1871, escreve nos "Farpas" e pronuncia uma das Conferências
do Cassino, em que aborda o tema "O Realismo como nova expressão
de arte" (12 de junho). Em 1872, é nomeado consul de
primeira classe nas Antilhas Espanholas e, chegando a Havana, viaja
pelas Americas do Norte e central e ai defende magnificamente a
situação dos escravos chineses, então em situação
precarissima. Em 1874, é transferido para o consulado de
Nova Castle e, em 1875, publica, na "Revista Ocidental",
o "Crime do Padre Amaro", que é editado em volume
no ano seguinte. Em 1878 está em Bristol e publica "O
Primo Bazilio". Em julho de 1880, o "Diário de
Portugal" insere a pequena novela de sua autoria "O Mandarim".
Em 1886 casa-se no Porto com D. Emilia de Castro Pamplona, irmã
do Conde de Rezende e, em 1887, dá ao público "A
Reliquia".
A apresentação desse livro a um concurso na Academia
de Ciências de Lisboa leva-o a uma polêmica com Pinheiro
Chagas.
Em agosto de 1888, é colocado no consulado de Paris é
publica "Os Maias". Em 1889, fundada e dirige a "Revista
de Portugal". Publica-se em 1891 a sua tradução
das "Minas de Salomão" de Rideer Hagard. Seis anos
depois, sai a lume na "Revista Moderna", "A Ilustre
Casa de Rasmires". Em 1900, chega a Lisboa já doente
e daí parte com Ramalho para a Suiça, para Glion,
onde espera convalescer. Sentindo-se, porém, gravemente enfermo,
recolhe-se a Paris em 9 de agosto e ai, serenamente, morre, às
quatro horas da tarde do dia 16 de agosto. O seu corpo é
conduzido a Lisboa a bordo do "África" e aí
sepultado.
Concedida uma pensão à familia do ilustre escritor,
foi esta retirada após a proclamação da República
e revertidos os seus benefícios à familia de Rafael
Bordalo Pinheiro.
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