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PLÍNIO
MARCOS
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31.out.1993
- Juan Esteves/Folha Imagem
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"Eu nunca fui um escritor profissional. Morreria de fome
se fosse viver dos meus livros. Teria de acabar fazendo milhares
de concessões. Mas camelô, ah!, isso eu sou bom;
vendo meus livros, dou autógrafos e prometo morrer logo
para valorizá-los"
Plínio Marcos
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Autor maldito de assuntos malditos como homossexualismo, marginalidade,
prostituição e violência, Plínio Marcos
foi um dos primeiros a retratar a vida dos submundos de São
Paulo. É o João Antônio¹ do teatro brasileiro.
Nunca cedeu. Impôs, sempre, sua verve sem hipocrisias. Direta,
forte e sem arestas. Era, segundo ele mesmo afirmava, "figurinha
difícil". Foi, entre as coisas que dele se sabe, dramaturgo,
ator, jornalista, tarólogo, camelô de seus próprios
livros, técnico da extinta TV Tupi, jogador de futebol
e palhaço.
Nasceu em Santos (SP) a 29 de setembro de 1935 e morreu em São
Paulo (SP) a 19 de novembro de 1999. Depois de tentar tornar-se
jogador de futebol e de trabalhar como palhaço de circo
por cinco anos, escreveu, aos 22 anos, sua primeira peça,
"Barrela", a qual chegou às mãos de Patrícia
Galvão (Pagú), que ficou entusiasmada ao lê-la.
A partir daí e com a ajuda de Pagú, Plínio
integrou o elenco de companhias amadoras de teatro. Depois, transferiu-se
para São Paulo, no início da década de 60,
onde participou da criação do Centro Popular de
Cultura da UNE (União Nacional dos Estudantes).
Na década de 60, Plínio participou, também,
da novela "Beto Rockfeller", na TV Tupi, de 4 de novembro
de 1968 a 30 de novembro de 1969, fazendo o papel de Vitório,
melhor amigo de Beto Rockfeller (Luiz Gustavo) -personagem principal
da novela. Em entrevista concedida à Folha, em 1993, Plínio
afirmou: "nunca gostei de trabalhar. Só fiz 'Beto
Rockfeller' para não ficar órfão ("ficar
órfão" significava cair nas garras dos militares).
Quando me ofereceram o papel, pensei: se aceitá-lo, ganharei
evidência. E, enquanto estiver em evidência, os milicos
não me pegarão."
Aliás, a ligação de Plínio com a TV
brasileira nunca foi das melhores, em 1994, ao responder à
pergunta "Qual foi o 1º programa que você viu
na TV?", feita para uma enquete do caderno TV Folha, da Folha
de S.Paulo, ele respondeu: "Nada. Nunca vi TV".
Na mesma época da novela Beto Rockfeller, Plínio
era uma pedra no sapato dos militares que governavam o país.
Ele o viam como um "inimigo do sistema". Seu crime?
As peças "Dois Perdidos numa Noite Suja" e "Navalha
na Carne", escritas entre 1966 e 1967.
Para os militares, peças que traziam um mundo sem meias
palavras, direto e convincente, que davam tratamento dramático
à realidade de prostitutas, gigolôs e bandidos, poderiam
servir à subversão.
Sob o governo militar, "Barrela" também foi proibida,
e, em 1970, "Abajur Lilás" foi censurada. (As
duas obras só seriam liberadas em 1980.)
Com todas as suas peças proibidas pelo regime militar,
Plínio quase desistiu da carreira de dramaturgo.
Na década de 80, quando o regime militar terminou e suas
peças foram liberadas, Plínio novamente surpreendeu.
Escreveu as peças "Jesus Homem" e "Madame
Blavatsky" nas quais mostra um seu lado mais espiritualista.
Em 1985, ganhou os prêmios Molière e Mambembe pela
peça "Madame Blavatsky".
Entre suas melhores obras estão: "Barrela" (1958),
"Dois Perdidos Numa Noite Suja" (1966), "Navalha
na Carne" (1967), "Quando as Máquinas Param"
(1972), "Madame Blavatsky" (1985).
Segundo o crítico e historiador de teatro, Décio
de Almeida Prado, "Plínio tinha uma experiência
humana ligada às classes pobres e levou esse mundo para
o teatro, até então em grande medida desconhecido.
O teatro dele não era exatamente político, de pobres
contra ricos, mas trazia uma experiência amarga dos pobres,
e isso representou uma grande novidade. 'Navalha na Carne' é
uma peça com muita força, com três excluídos
que sofrem e nos fazem sofrer".
Plínio Marcos escreveu para a Folha de S.Paulo na
década de 70 no caderno Folhetim e, na década de
80, assinou a coluna "Berrando da Geral", além
de algumas outras colaborações esporádicas
no jornal.
1
- Escritor brasileiro. Autor dos livros: "Malagueta, Perus
e Bacanaço", "A Dama do Encantado", "Abraçado
ao Meu Rancor", ''Leão-de-Chácara'' e ''A Dama
do Encantado'' entre outros. Seus escritos se notabilizaram pela
ousadia linguística, ele conseguia combinar a gíria
dos malandros com um texto rigorosamente literário. João
Antônio trazia para os seus livros,
igualmente a Plínio Marcos,
o ambiente onde habitavam os marginais e malandros das ruas das
grandes cidades.
Renato Roschel
do
Banco
de Dados
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