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Música
Erudita
Reprodução |
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Manuscrito célebre pela sua
forma de coração, copiado por volta
de 1475 por Jean de Montchenu, na altura protonotário
e conselheiro do arcebisbo de Genebra. Este fólio
mostra um rondó para três vozes de autoria
do músico franco-flamengo Iohannes Regis (c.1430
- c.1485). "Se quereis que vosso seja, Pensai
que vos amarei, E lealmente vos servirei, Enquanto
viva ou seja".
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Existem
três definições para a música erudita, ou música clássica.
A
primeira delas, utilizada por muitos dicionários de música,
define a música erudita como sendo música "séria" em oposição
à música popular, música folclórica, música ligeira ou de
jazz. Essa definição talvez não seja a melhor
a se fazer, se considerarmos que a música para ser
séria não precisa, necessariamente, ser música
erudita.
A
segunda definição, que serve apenas para a música clássica,
afirma que essa música seria qualquer música em que a atração
estética resida principalmente na clareza, no equilíbrio,
na austeridade e na objetividade da estrutura formal, em
lugar da subjetividade, do emocionalismo exagerado ou da
falta de limites de linguagem musical.
Nesse
sentido a música clássica implica a antítese da música romântica
feita em fins do século 17 e início do século 19, em que
a ênfase recaía sobre os sentimentos, as paixões e o exótico,
em lugar da razão, da contenção e de esteticismo da arte
clássica.
O
problema nesse caso é que os primeiros traços do romantismo,
que seria a música contrária à música clássica, podem ser
apreciados nas obras de Beethoven e Schubert, e, em um perídodo
mais adiante, nas de Brahms, Wagner e Liszt, ou seja, hoje
o termo música clássica, para a grande maioria das pessoas,
abrangeria estes nomes como compositores de música clássica
ou erudita. Ninguém em sã consciência
afirmaria hoje que Beethoven seria a antítese da
música clássica.
Assim
sendo, essa também não é uma boa definição para o
termo.
Uma terceira definição afirma que música erudita seria a
música feita durante o período de 1750 a 1830, em especial
a de Haydn, Mozart e Beethoven.
Podemos dizer que nesse período a música mais representativa
e mais mencionada é a da Escola Clássica Vienense, refletindo
a importância de Viena como capital musical da Europa nesse
período.
A
Escola Clássica de Viena seria responsável pelo desenvolvimento
da sinfonia, do quarteto de cordas e do concerto, e assistiu
ao triunfo final da música instrumental sobre a música coral.
Entre suas mais importantes e duradouras realizações está
a introdução e o estabelecimento da "forma sonata" _estrutura
musical que se desenvolveu durante a segunda metade do século
XVIII nas sonatas, sinfonias, concertos, aberturas,
quartetos, árias e etc.
Suas
origens são complexas e só se tornarão conhecidos
como formato padronizado após serem definidas por Reicha,
em 1826, e depois por Czerny, em seu compêndio "Escola
Prática de Composição", em 1848.
As principais características das "formas sonatas" estão
nos primeiros movimentos de Haydn, Mozart e Beethoven. As
principais mudanças que essas "formas sonatas"
trouxeram para a música estão nas violentas
oposições de vários tons, no contraste
entre várias idéias temáticas diferentes,
que, por sua vez, aumentam substancialmente o aspecto dramático
da música e na articulação da estrutura
através da instrumentação.
Os
fatos musicais no interior da sonata costumam ser explicados
a partir de três planos: exposição, desenvolvimento e recapitulação.
A
exposição apresenta o material temático que caminha da tônica,
que é a primeira nota de uma escala, da qual o tom em que
a escala está construída recebe o nome, ou seja, a tônica
da escala de dó maior ou de dó menor é dó. Existe também,
dentro de uma escala, a nota dominante, que é a quinta nota
acima da tônica, ou seja, se a tônica for dó a sua dominante
será sol, pois sol é a quinta nota da escala de dó
(1ª dó,
2ª ré, 3ª mi, 4ª fá, 5ª
sol, 6ª lá, 7ª sí).
O
desenvolvimento diz respeito à discussão e transformação
dos temas, aliás é sempre bom lembrar que o tema é a idéia
musical que forma a parte estrutural e essencial de uma
composição.
A
recapitulação é a que representa ao material de exposição,
basicamente na área da tônica. A função dramática dessa
seção é afirmar o tom original, após a transferência para
a dominante no final da exposição. É a recapitulação que
dá o toque final na sonata.
Porém,
segundo grandes estudiosos da música e de teoria
de musical, o termo que melhor representa a música
dos grandes compositores é música de concerto, o
que demonstra a impossibilidade de classificá-la,
pois como afirma Ênio Squeff, "Beethoven não tem nada de
erudito, nem Villa-Lobos. A música de concerto é aquela
inqualificável. É a gênese da atividade musical".
No
Brasil
A
Música Erudita, ou Clássica, ou de Concerto, no Brasil
dos primeiros séculos de colonização portuguesa, vinculava-se
estritamente à Igreja e à catequese. Com
o passar do tempo, irmandades de música, salas de concerto
e manuscritos brasileiros vão traçando o perfil de uma atividade
crescente no país, onde pontificaram nomes como Antônio
José da Silva, cognominado "O Judeu", José Joaquim Emerico
Lobo de Mesquita, Caetano de Mello Jesus, entre outros.
Com
a chegada de D. João VI no Brasil, tivemos também
um grande impulso às atividades musicais e José Maurício
Nunes Garcia destacou-se como o primeiro grande compositor
brasileiro.
Mas
mesmo com todas as obras feitas por estes compositores,
ainda no século 19, falar em música erudita brasileira era
motivo de riso, num período totalmente dominado pelos mestres
italianos (com esporádicas contribuições de alemães e franceses).
Foi
somente com Villa-Lobos que a música nacionalista no Brasil
introduziu-se e consolidou-se pra valer.
Nessa
época, ignorava-se compositores como Alberto Nepomuceno
e Brasílio Itiberê da Cunha, exatamente por causa da excessiva
brasilidade de suas composições, e admitia-se Carlos Gomes
graças ao sucesso europeu.
É
a partir de Villa-Lobos que o Brasil descobre a música erudita
e o país passa, desde então, a produzir talentos em série:
Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone, Radamés Gnatalli,
Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe, Cláudio Santoro e Edino
Krieger são alguns desses expoentes.
Mas
mesmo hoje, o Brasil ainda é um país que não percebeu o
devido valor da música clássica ou erudita ou de
concerto, talvez por causa de nossa história ou de nossa
situação político-econômica. Os músicos eruditos
e os artistas em geral são, como na opinião do professor
Koellreutter, "uma espécie de Quixotes, que lutam contra
os moinhos de ventos".
Renato
Roschel
do
Banco
de Dados
ouça
a rádio UOL de música clássica
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