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DEBUSSY - "LA MER"

Publicado na Folha da Manhã, domingo, 10 de junho de 1951

Neste texto foi mantida a grafia original

"La Mer" (O Mar), de Claude Debussy, é uma suite em três quadros sinfonicos, onde a fantasia não é mais do que aparenta.
O espetaculo do mar se nos apresenta, simultaneamente, sob três formas: o ruido das vagas, o seu movimento ondulante e, enfim, o seu colorido, onde se combinam, numa permuta sempre instavel, o reflexo da agua e do céu.
Para traduzir as três ordens de impressões que recebemos deste espetaculo, a musica dispõe de três elementos: suas sonoridades, para imitar a voz do mar; seus ritmos, para sugerir o constante movimento das vagas, e suas harmonias e seus timbres, para sugerir o equivalente das nuances e reflexos que os olhos percebem.
Debussy, contemporaneo dos pintores impressionistas, utiliza-se dos elementos de sua musica como os pintores de sua epoca, isto é, com os elementos da pintura. O proprio carater dos três quadros que constituem seu poema sinfonico mostra um desenho refletido: a primeira parte se intitula: "Da Aurora ao Meio-Dia Sobre o Mar"; a segunda: "Jogo das Ondas", e nos dá bem a impressão de movimento do mar; e a terceira: "Dialogo Entre o Vento e o Mar", apresentando-nos, sobretudo, o elemento sonoro do espetaculo maritimo.
Estes três quadros não se limitam aos efeitos descritivos, que são, forçosamente, sumarios: é na imaginação que eles surgem, com raro poder de poesia, de impressões mais que visões.


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