Louis
Durey formou ao lado de Honegger, Milhaud, Poulenc, Auric e Germaine
Tailleferre, o famoso "Grupo dos Seis", o qual se propunha
lutar por algo de novo na musica, renunciar às tradições
estabelecidas, de fugir ao passado imediato, isto é, ao
romantismo de Wagner e ao impressionismo de Debussy. Este grupo,
na opinião do proprio Poulenc, criado durante a primeira
guerra mundial, não tinha, em sua origem, outra caracteristica
senão um agrupamento de amizades e não de tendencias.
Posteriormente, pouco a pouco, idéias comuns foram se fixando
e conduzindo seus integrantes à procura de novos caminhos
na musica.
Louis Durey foi, por assim dizer, a alma do "Grupo dos Seis".
Nasceu em Paris a 27 de maio de 1888. De 1910 a 1914, dedicou-se
ao estudo da harmonia, contraponto e fuga, alheio a qualquer escola,
sob direção de Léon de Saint-Requier, o dirigente
dos "Cantores de Salnt Gervais" e professor na "Schola
Cantorum".
Nesse tempo, inicia sua carreira de compositor dando-nos "Dois
Coros para Capela", inspirado em poemas de Henri de Régnier
e Charles d'Orleans, e "Oferenda Lirica", seis melodias
sobre poemas de Tagore.
Nessa epoca, Durey começa a sentir a influencia de Schoenberg
e seu entusiasmo, ao mesmo tempo, pela escritura atonal. Desse
periodo são "Três poemas de André Gide",
melodias; "Deux Pièces pour Piano à Quartre
Mains", "Éloges", três melodias; "Quarteto
de Cordas" e "Images à Crusoé", sete
melodias.
O segundo periodo da obra musical de Durey tem inicio com a influencia,
completamente diferente, de Eric Satie e a essa fase pertencem:
"Três Poemas de Petroneo", melodias; "Le
Bestiaire"; "Segundo Quarteto de Cordas"; "Seis
Madrigais", com poemas de Mallarmé; "Le Printemps
au Fond de la Mer", para canto e dez instrumentos, letra
de Jean Cocteau.
Durey passa, em seguida, por uma nova experiencia, que podemos
denominar a terceira fase de sua obra. Esta fase caracteriza-se
por uma reação contra uma simplicidade que estava
ameaçada de descambar para a pobreza. O contraponto é
muito complexo. Seu estilo torna-se romantico. Pode-se incluir
nessa fase as composições: "Dois estudos para
piano"; "Poema da Prisão", para canto e
piano, inspirado em Guillaume Apollinaire; "Três Poemas
de Rémy de Gourmont", para canto e instrumentos; "L'Occasion",
drama lirico em um ato de Proeper Merimé; "Três
Quartetos Vocais"; "Seis Poemas", para canto e
piano, de Rainer Maria Rilke; "Seis Melodias", "Priére
pour Dormir Heureux", com poema de Maurice Fombeure musica
de cena para "O Intruso", de Maeterlinck.
Essas três fases, na opinião do critico francês
Paul Landormy, marcam alguma indecisão e pouca resistencia
às influencias de fora.
Segundo a unanimidade da critica. "Os Epigramas de Teocrito"
e "Poemas de Petronio" estão entre as melhores
composições de Durey.
Durey é um compositor de alma delicada; suas composições
seguem uma linha simples, elegante e pura. É capaz de captar
com extrema finura as nuances sutis da poesia mais delicada.
Sobre esse compositor extremamente simples e delicado, timido
mesmo, diz Paul Landormy:
"As obras de Louis Durey seduzem -nos por seu encanto e sua
discreta emoção. Por que não receberam elas
o calor do aplauso publico? É que louis Durey nada fez
para firmar sua reputação. Louis Durey é
um timido, um modesto. Ele trabalha isolado, no silencio: ignora
os salões mundanos; pouco frequenta as salas de concertos.
Ele trabalha na sombra, assiduamente, pacientemente, raramente
satisfeito com o que produz, sempre atento para fazer o melhor
possivel com sua obra, num esforço perpetuo para chegar
à perfeição. Não é absolutamente
um homem de combate que se lança contra o publico até
arrancar-lhe os aplausos."
- M.C.