A
produção da música erudita no Brasil foi o tema do debate
que se realizou no auditório da "Folha", no último
dia 22. Coordenado pelo crítico de música Ênio Squeff,
as discussões contaram com a participação dos professores
Hans J. Koellreuter e Olivier Toni, do maestro Isaac
Karabtchevski e do crítico João Marcos Coelho. Foram
inúmeras as intervenções da platéia e no final o pianista
João Carlos Martins, atual Secretário de Cultura do
Estado, prestou um depoimento sobre o assunto.
Ênio
Squeff - A respeito exatamente da atividade de todos
nós, que poderíamos denominar de vida musical brasileira,
existem os produtores de músicas, existem os compositores,
existem os críticos, enfim toda uma gama de ativistas.
Eu queira iniciar falando da deficiência das nossas
atividades, mas começaria por uma estorinha: um amigo
nosso, músico conhecido, ganhou há alguns anos na loteria
esportiva e ao ser entrevistada pelos repórteres sobre
o futuro foi surpreendido com a seguinte pergunta: -
Qual é a sua profissão? ele respondeu: - Eu sou um músico.
- Ah! bom, se o sr. é músico, agora que ganhou na loteria
esportiva o sr. evidentemente vai desistir da música.
E ele: - Não, agora é que eu vou começar. Tanto a pergunta
quanto a resposta refletem a situação do músico de concerto
no Brasil. E a pergunta que eu lançaria então aos nossos
debatedores de hoje (pois alguns aqui são diretamente
produtores de música outros são indiretamente - quer
dizer, são os professores, é o caso do prof. Koellreuter,
do prof. Toni e os outros, digamos assim, são comentaristas
da música de concerto que de uma maneira ou de outra
participam também da atividade musical, que são os críticos
aqui presentes) é a seguinte: Por que razão a condição
do músico de concerto no Brasil está tão ruim e tão
difícil?
Olivier
Toni - Eu queria dizer que tenho uma posição livre
a respeito do assunto. Lembrando uma frase que está
na "Fenomenologia do Espírito", de Hegel, onde ele diz
que a cultura está no escravo e a bossalidade e a violência
estão no senhor, eu diria que pertenço ao conjunto de
escravos e muito me orgulho disso, porque procuro a
cultura. Eu detesto o senhor. Ele vai estar proscrito
do meu raciocínio. Antes de mais nada, quero me declarar
um ecologista, um antifacista, um antiviolência e antes
de mais nada também músico. Eu não quero fazer o papel
daquele náufrago em uma pequena ilha, cuja primeira
coisa em que pensou foi em procurar um ferro de passar
roupa para fazer o vinco da calça. O que poderíamos
fazer antes de responder a sua pergunta sobre educação
musical no Brasil, se nós sabemos que há pelo menos
30 milhões de analfabetos que estão necessitando de
uma outra educação antes da música? Como é possível
um indivíduo com fome pensar em música de concerto?
Eu acho que o problema do Brasil é justamente de situarmo-nos
dentro de uma civilização que exige rumos completamente
diferentes que devam definir a educação e por fim a
educação musical. Eu não posso responder de início a
um problema do músico orquestral que eu ficaria na mesma
situação do cara que está pedindo o ferro de passar
roupa para fazer o vinco da calça. Na realidade a situação
do músico é uma situação exatamente igual a situação
de todo brasileiro no Brasil. Quero mais uma vez dizer
que nós deveríamos pensar seriamente no problema da
deseducação que existe a cada minuto em toda a parte
onde a gente está. Nós estamos num mundo que está mudando,
numa civilização que está mudando. Eu estou pensando
seriamente naquela civilização que temos agora e na
que deverá vir; recuso-me a pensar sobre os problemas
daquela que passou e que eu acredito que está passando.
Isaac
Karabtchevski - Eu acho que a medida que o tempo
vai passando, vou chegando àquela conclusão de que,
como nos rituais primitivos é de hábito no nosso ambiente
cultural sacrificar pessoas para conjurar tempestades,
como se as pessoas fossem elas próprias as responsáveis
por uma situação de absoluta insensibilidade em relação
ao problema da música hoje aqui no Brasil. O problema
nosso é de estrutura; de planejamento; é um problema
de considerar a arte ou especificamente a música como
um artigo de consumo tão importante e tão afeto ao nosso
cotidiano como o são qualquer outro artigo que possa
ser diretamente assimilado pelo público geral, por exemplo
uma garrafa de Coca-Cola, por exemplo aquelas coisas
que são indispensáveis como uma pasta de dentes, uma
escova de dentes; temos que nós conscientizar de que
a nossa atividade se inscreve dentro de um mundo hoje
totalmente absorvido pelo consumismo e é nesse consumismo
que nós devemos sobreviver e criar a nossa maneira de
não nos conspurcarmos. Temos que nos preocupar é com
a formação autêntica do músico brasileiro e essa formação
só pode ser concebida em escolas, em conservatórios
e, principalmente, acho que houve um grande retrocesso
a partir de 1972, quando foi criada aquela famosa lei
que transformava todo o nosso ensino musical e geral
num ensino mais tecnocrata e menos humanizado, a famosa
lei de 1972, que eliminou os conservatórios do ensino
de 1° grau e 2° grau. Mesmo com todos os resquícios
de Estado Novo, mesmo com todos os resquícios de facismo,
o canto orfeônico teve papel importante na formação
de muitos jovens brasileiros. Muitos músicos se formaram
profissionalmente através da prática do canto-coral.
Não creio em nenhuma grande teoria sobre arte a não
ser baseado nesse princípio prático da formação do músico
e do público em geral. O público não está sendo educado.
O problema deveria ser resolvido basicamente no ensino
de 1° ou 2° grau através de uma política direta do Governo
Federal, de um posicionamento direto do ministro da
Educação, caso contrário nós estaremos falando às moscas.
Hans
J. Koellreuter - Nós todos fazemos alguma coisa
que é condenada ao fracasso: somos uma espécie de Quixotes
que lutam contra moinhos de ventos. Vejam: a arte depende
da sociedade, arte é reflexo da situação social num
país e ao mesmo tempo ela influência esta situação.
É um erro uma sociedade querer imitar ou copiar um modelo
de música ou da vida musical de uma outra sociedade.
Ora, o Brasil é um país em desenvolvimento, é parte
do Terceiro Mundo, é um país gigantesco de 8,5 milhões
de quilômetros quadrados, e uma população de apenas
120 milhões. É um País com índice muito elevado de analfabetos
e desnutridos, com múltiplos problemas vitais de primeira
necessidade; é um país sem tradição musical se excetuarmos
a tradição da música popular, que é uma tradição internacionalmente
reconhecida. Os países que nos servem erroneamente de
modelo são os países da Europa, são países pequenos,
altamente industrializados, não têm analfabetos, usufruem
um bem-estar bastante alto, não têm problemas vitais
de primeira necessidade, países que têm uma tradição
musical de 1.500 anos aproximadamente. A sociedade brasileira
e as sociedades da Europa convergem em direção a uma
sociedade planetária universal, uma sociedade caracterizada
por uma inflação demográfica e um crescimento incontrolável
das cidades. Estou convencido de que nós não temos a
mínima idéia da transformação cultural que a nossa sociedade
vai sofrer nos próximos 50 ou 100 anos. Na sociedade
planetária universal, uma sociedade de massa, tecnológica
e industrial, a arte tornar-se-á um meio de preservação
e fortalecimento da comunicação pessoa a pessoa, a meu
ver. E de sublimação da melancolia do medo e da desalegria,
fenômenos que ocorrem pela manipulação bitolada das
instituições públicas e que se tornam fatores hostis
a comunicação. Como um instrumento de liberação, a arte
na nova sociedade se torna o meio indispensável de educação,
oferecendo uma contribuição essencial à formação do
ambiente humano, através de sua reintegração na sociedade.
A arte será um traço fundamental da nova sociedade.
Mondrian disse certa vez: o futuro dirá que haverá um
tempo em que seremos capazes de renunciar a todas as
artes como as conhecemos hoje, pois então a beleza,
alcançando a maturidade, terá chegado a uma realização
tangível: quando a consciência tiver amadurecido a ponto
de que as contradições sejam percebidas dentro de sua
unidade complementadora, quando o sentido da vida não
mais for considerado trágico, e quando a arte tiver
sido total e plenamente integrada na vida estaremos
prontos a dispensar a arte no seu sentido tradicional,
pois nesse tempo futuro tudo será arte, então de modo
geral a arte teria universalmente uma utilidade sempre
presente e por esta razão não mais seria designada como
arte.
João
Marcos Coelho - A música como mercadoria suscita
uma outra pergunta um pouco mais fundamental que é a
significação social da música de concerto. Nossa vida
musical tradicional, a temperatura das orquestras, os
recitais, concertos etc., em geral, compõe-se de um
repertório ligado ao passado; o repertório é de música
do passado e isso não acontece por acaso porque o público
a que ele se destina é um público bastante específico
que tem uma imagem de música de concerto que advém da
indústria do disco. E a indústria do disco é multinacional,
portanto ela está muito mais preocupada em fazer veicular
aqui no Brasil que é um País subdesenvolvido - ou em
desenvolvimento - mas em todo caso um País periférico,
ela quer fazer circular aqui as grandes estrelas de
ordem mundial, os grandes virtuoses dos países desenvolvidos.
Os concertos que geralmente lotam com um mês de antecedência
são os das grandes estrelas internacionais. A vida musical
normal, a programação das orquestras sinfônicas feitas
com os músicos daqui, vive de dois fatores: primeiro
a música que todo mundo está acostumado a ouvir em disco
e geralmente o que vende mais em disco; e, por outro
lado, ela também vive em função de efemérides, de comemorações.
O ano passado Bartók, este ano Stravinski, por sorte
tivemos duas comemorações de compositores contemporâneos,
então a programação de repente ficou muito viva. Mas
esse círculo vicioso assim mesmo é um círculo muito
restrito, muito pequeno porque um disco clássico vende
hoje a lotação do Teatro Municipal no Brasil, vende
2.000 discos. Será que o nosso objetivo é ampliar cada
vez mais esse público e para conseguir isso vamos ter
que necessariamente passar pelos meios de comunicação
de massa porque não há outra saída, ou devemos conformar
em ficar em círculos restritos? O musicólogo argentino
Juan Carlos Paz coloca essa alternativa: ele acha que
deve funcionar como um laboratório restrito a partir
do qual acontecem as outras manifestações sem a graduação
que divide entre grande música, música intermediária
e a música do povo. Nada disso, seria um mosaico em
que teríamos ilhas laboratório de música de concerto
e ilhas maiores, arquipélogos de músicas instrumental
e até a música que realmente atinge o grande público
que é a música popular. Agora eu queria fazer duas perguntas
para o prof. Toni e prof. Koellreuter: primeiro tem
sido muito grande o número de alunos formados na Escola
de Comunicações e Artes da USP, no Departamento de Música,
que se tem dedicado à música instrumental popular. Porque
isso está acontecendo? Para o prof. Koellreuter que
há algum tempo fez uma formulação muito interessante
dizendo que o futuro da música está na música funcional,
ou seja, na música diretamente ligada a nossa realidade
de massa mesmo, jingles, música para cinema, teatro
etc.
Salas
de concerto como um organismo vivo
Olivier
Toni - Antes de mais nada o Departamento de Música
da ECA não por minha causa, mas como resultado digamos
de uma interação entre professores e alunos, com todo
respeito que um tenha pelo outro, é um departamento
democrático e livre, de maneira que quando o aluno faz
o vestibular nós não preocupamos se ele faz música popular
ou não. Mas eu tenho que dizer que esses alunos são
músicos populares quando entram ou já estão cursando;
em seguida eles complementam o seu trabalho com a música
digamos... vamos assim chamar se for o caso, erudita.
Ninguém desvia o aluno do seu trabalho.
Hans
J. Koellreuter - Em primeiro lugar devo dizer que
estou de acordo com as duas exposições dos colegas Toni
e Isaac Karabtchevski. Acho que a deseducação, a falta
de cultura básica, não forçosamente só de música mas
em geral, é realmente um empecilho muito sério para
o estudo sério da música isto não há dúvida. Também
penso que o mais importante seria enfatizar o estudo
de coisas básicas em primeiro lugar, à audição e percepção
da música realmente. Um treinamento de ouvido nesse
sentido não existe, existe teoria, se faz teoria o dia
todo mas praticamente não há didática, não há um método
que leve o aluno realmente a uma audição boa e a uma
percepção dos fenômenos musicais. Sobre a música funcional
eu ainda tenho a mesma opinião: se a sociedade será
diferente no futuro e se os problemas sociais são aqueles
que eu acabo de descrever não há dúvida que o futuro
está realmente na música funcional. Não chamo isso mais
de música funcional porque toda música é, em última
análise, funcional, porque também a música que eu escrevo
para um concerto naturalmente é funcional, ela tem uma
função, eu chamo isso hoje de música aplicada, de música
aplicada a atividades necessárias e indispensáveis numa
sociedade de massa tecnológica e industrializada. Neste
sentido, nós devemos abrir os caminhos para um tipo
de ensino musical que chamo de o ensino musical pré-figurativo,
o ensino musical que não ensina aquilo que aprendi com
meus professores mas sim que ensina aquilo que eu acho
que vai acontecer nas próximas décadas por exemplo.
Nós temos que abrir realmente os caminhos, todos os
tipos de ensino que nós estamos atualmente sofrendo.
Nosso grande Mário de Andrade dizia o seguinte: os artistas
brasileiros são primitivos sim, mas não necessariamente
primitivos, como filhos de uma nacionalidade que se
afirma e de um tempo que está apenas principiando.
Oliver
Toni - Eu não acredito mais em certos tipos de pedagogia,
em certo tipo de ensino da música; acredito que novas
pedagogias, novas técnicas, uma nova articulação dentro
do ensino da música deve começar a ser utilizada antes
que a gente acabe com a música muito antes do que ela
deveria acabar.
Ênio
Squeff - A pergunta que eu faço e que repito é que
nós estamos errando; quer dizer eu poderia dizer onde
eu erro e quais as minhas limitações e faria essa autocrítica
da crítica de bom grado; eu gostaria também de ouvir
essa autocrítica daqueles que produzem a música, daqueles
que ensinam a futuros produtores de música.
Isaac
Karabtchevski - Nosso campo, como qualquer setor
da atividade musical é ainda um campo muito experimental,
a partir da primeira experiência de massificação musical
desde o tempo de Zdanov lá na Rússia; depois a massificação
musical que aconteceu nos Estados Unidos de costa a
costa. Então, aproveitando todos os elementos da mídia,
nós ficamos muito expostos a como conseguir atingir
o maior número possível de público através de um repertório
que fosse diretamente ligado a esse público. Na minha
experiência de 16 anos como diretor musical da Sinfônica
Brasileira e esse meu 2° ano agora como regente titular
da Sinfônica Municipal, posso dizer o seguinte: nosso
público é fanaticamente conservador, e eu quero que
vocês reflitam bem sobre isso. A juventude não é conservadora;
ela precisa receber o impacto de tudo aquilo que está
acontecendo na música de vanguarda, na música contemporânea
com a presença de obras importantes do nosso século
que reflita o espírito do nosso século. É fundamental
que o nosso jovem tenha uma idéia geral do que está
se precisando neste século. Mas como é possível você
expor o jovem à música contemporânea se muitos deles
ainda nem conhecem as sinfonias de Beethoven, se muitos
dos jovens ainda ouviram pouquíssimo Mozart? O problema
aqui é um problema também de consumo o gosto geral do
nosso público é aquele que é determinado pela multinacional
do disco, e a multinacional do disco está instalada
lá fora, eles fazem a cabeça do nosso público, porque
os artistas lá fora gravam as obras de preferência que
serão sempre a "Terceira Sinfonia" de Beethoven. Então,
eu acho que concomitantemente com esse trabalho de formação
de um repertório adequado a um público conservador,
nós devemos atuar nessas duas áreas, na fixação de um
público já contaminado entre aspas pela música, um público
já conquistado pela música e que vai ao teatro, que
é o melhor lugar para se ouvir música, e por outro lado
um trabalho paralelo que é de música ao ar livre, levar
a música de todas as maneiras possíveis mesmo sendo
nas piores condições possíveis para exatamente aglutinar
um público para as salas de concertos, porque só nas
salas de concerto é que nós vamos poder realmente exercer
a atividade cultural que nos propomos. Eu acho que uma
sala de concerto não é absolutamente um lugar, um museu,
onde um público fica extasiado olhando aquilo que está
se passando à sua frente; é um organismo vivo, onde
a música deve ser veiculada de uma maneira inteligente.
Eu confesso que tenho falhando muitas vezes nisso, eu
sou o primeiro a reconhecer, mas por uma questão de
comodismo em relação ao público já conquistado.
Investimento
e paternalismo
Ênio
Squeff - A secretaria do Estado da Cultura está
gastando este ano 300 bilhões de cruzeiros se não me
engano com a sua Orquestra Sinfônica, um investimento
que é um terço de um bilhão para que o público semanal
das segundas-feiras do Cultura Artística não ultrapasse
a 400 pessoas por semana se é que nós temos uma média
de 400 pessoas assistindo aos concertos.
João
Carlos Martins - Vou dar minha opinião sobre o problema
que nós estamos enfrentando hoje no campo da música
especificamente. Eu acho que tudo está relacionado ao
investimento que é feito realmente. Na minha opinião
o problema da música está diretamente relacionado ao
investimento; outro dia num levantamento que eu fiz
da verba de cultura no Pais eu soube que a nossa verba
de cultura incluindo o Ministério de Educação e Cultura,
a Secretaria de Cultura do Estado, Secretaria de Cultura
do Município, o Rio de Janeiro, enfim o País inteiro,
a nossa verba dirigida a Cultura como um todo é equivalente
a 15 bilhões de cruzeiros; muito bem nos Estados Unidos
a verba da Filamôrmica de Nova York do Metropolitan
Ópera, e do City Cenyer sozinhos, eles têm a mesma verba
da Cultura do País. Então se três unidades da cidade
de Nova York têm um orçamento equivalente à nossa verba
no País, eu acho que nós podemos fazer uma análise que
o Brasil é um país que vive em função de casos isolados.
Então, se nós voltarmos para a década de 40, de 30,
de 50 quando o País vivia no campo da música em função
do piano nós tínhamos vários novos talentos aparecendo
mas não eram competições de talentos, eram competições
de pais de talentos. Então o pai ou a mãe que queriam
ter um menino prodígio em casa, disputavam entre só
qual aquele que tinha um filho mais prodígio que o outro.
Era uma disputa totalmente isolada que não dependia
de escolas. Hoje o ensino de música no Brasil já mudou
em parte mas em alguns pontos decaiu e em outros pontos
ele está tendo algum desenvolvimento. Se nós fizermos
uma análise da Pró-Arte e da Academia Paulista de Música
na década de 50 e começo de 60 era um estudo mais sério
do que 99% das escolas de hoje. Quando eu penso que
na Pró-Arte aquela disputa de conhecimento; que nós
íamos madrugada a dentro por causa de problemas, de
harmonia, de contraponto, de história de música; hoje
eu não vejo isso. nós vivemos em termos de ensino musical
dependendo única e exclusivamente de paternalismo estatal.
Se nós continuarmos dependendo de paternalismo estatal
nós não temos nem condições de cobrar o desenvolvimento
deste jovem. Eu considero o Brasil um país que vive
ainda um fenômeno isolado.