A PRODUÇÃO ERUDITA BRASILEIRA EM QUESTÃO

Publicado na Folha de S.Paulo, domingo, 4 de julho de 1982


A produção da música erudita no Brasil foi o tema do debate que se realizou no auditório da "Folha", no último dia 22. Coordenado pelo crítico de música Ênio Squeff, as discussões contaram com a participação dos professores Hans J. Koellreuter e Olivier Toni, do maestro Isaac Karabtchevski e do crítico João Marcos Coelho. Foram inúmeras as intervenções da platéia e no final o pianista João Carlos Martins, atual Secretário de Cultura do Estado, prestou um depoimento sobre o assunto.

Ênio Squeff - A respeito exatamente da atividade de todos nós, que poderíamos denominar de vida musical brasileira, existem os produtores de músicas, existem os compositores, existem os críticos, enfim toda uma gama de ativistas. Eu queira iniciar falando da deficiência das nossas atividades, mas começaria por uma estorinha: um amigo nosso, músico conhecido, ganhou há alguns anos na loteria esportiva e ao ser entrevistada pelos repórteres sobre o futuro foi surpreendido com a seguinte pergunta: - Qual é a sua profissão? ele respondeu: - Eu sou um músico. - Ah! bom, se o sr. é músico, agora que ganhou na loteria esportiva o sr. evidentemente vai desistir da música. E ele: - Não, agora é que eu vou começar. Tanto a pergunta quanto a resposta refletem a situação do músico de concerto no Brasil. E a pergunta que eu lançaria então aos nossos debatedores de hoje (pois alguns aqui são diretamente produtores de música outros são indiretamente - quer dizer, são os professores, é o caso do prof. Koellreuter, do prof. Toni e os outros, digamos assim, são comentaristas da música de concerto que de uma maneira ou de outra participam também da atividade musical, que são os críticos aqui presentes) é a seguinte: Por que razão a condição do músico de concerto no Brasil está tão ruim e tão difícil?

Olivier Toni - Eu queria dizer que tenho uma posição livre a respeito do assunto. Lembrando uma frase que está na "Fenomenologia do Espírito", de Hegel, onde ele diz que a cultura está no escravo e a bossalidade e a violência estão no senhor, eu diria que pertenço ao conjunto de escravos e muito me orgulho disso, porque procuro a cultura. Eu detesto o senhor. Ele vai estar proscrito do meu raciocínio. Antes de mais nada, quero me declarar um ecologista, um antifacista, um antiviolência e antes de mais nada também músico. Eu não quero fazer o papel daquele náufrago em uma pequena ilha, cuja primeira coisa em que pensou foi em procurar um ferro de passar roupa para fazer o vinco da calça. O que poderíamos fazer antes de responder a sua pergunta sobre educação musical no Brasil, se nós sabemos que há pelo menos 30 milhões de analfabetos que estão necessitando de uma outra educação antes da música? Como é possível um indivíduo com fome pensar em música de concerto? Eu acho que o problema do Brasil é justamente de situarmo-nos dentro de uma civilização que exige rumos completamente diferentes que devam definir a educação e por fim a educação musical. Eu não posso responder de início a um problema do músico orquestral que eu ficaria na mesma situação do cara que está pedindo o ferro de passar roupa para fazer o vinco da calça. Na realidade a situação do músico é uma situação exatamente igual a situação de todo brasileiro no Brasil. Quero mais uma vez dizer que nós deveríamos pensar seriamente no problema da deseducação que existe a cada minuto em toda a parte onde a gente está. Nós estamos num mundo que está mudando, numa civilização que está mudando. Eu estou pensando seriamente naquela civilização que temos agora e na que deverá vir; recuso-me a pensar sobre os problemas daquela que passou e que eu acredito que está passando.

Isaac Karabtchevski - Eu acho que a medida que o tempo vai passando, vou chegando àquela conclusão de que, como nos rituais primitivos é de hábito no nosso ambiente cultural sacrificar pessoas para conjurar tempestades, como se as pessoas fossem elas próprias as responsáveis por uma situação de absoluta insensibilidade em relação ao problema da música hoje aqui no Brasil. O problema nosso é de estrutura; de planejamento; é um problema de considerar a arte ou especificamente a música como um artigo de consumo tão importante e tão afeto ao nosso cotidiano como o são qualquer outro artigo que possa ser diretamente assimilado pelo público geral, por exemplo uma garrafa de Coca-Cola, por exemplo aquelas coisas que são indispensáveis como uma pasta de dentes, uma escova de dentes; temos que nós conscientizar de que a nossa atividade se inscreve dentro de um mundo hoje totalmente absorvido pelo consumismo e é nesse consumismo que nós devemos sobreviver e criar a nossa maneira de não nos conspurcarmos. Temos que nos preocupar é com a formação autêntica do músico brasileiro e essa formação só pode ser concebida em escolas, em conservatórios e, principalmente, acho que houve um grande retrocesso a partir de 1972, quando foi criada aquela famosa lei que transformava todo o nosso ensino musical e geral num ensino mais tecnocrata e menos humanizado, a famosa lei de 1972, que eliminou os conservatórios do ensino de 1° grau e 2° grau. Mesmo com todos os resquícios de Estado Novo, mesmo com todos os resquícios de facismo, o canto orfeônico teve papel importante na formação de muitos jovens brasileiros. Muitos músicos se formaram profissionalmente através da prática do canto-coral. Não creio em nenhuma grande teoria sobre arte a não ser baseado nesse princípio prático da formação do músico e do público em geral. O público não está sendo educado. O problema deveria ser resolvido basicamente no ensino de 1° ou 2° grau através de uma política direta do Governo Federal, de um posicionamento direto do ministro da Educação, caso contrário nós estaremos falando às moscas.

Hans J. Koellreuter - Nós todos fazemos alguma coisa que é condenada ao fracasso: somos uma espécie de Quixotes que lutam contra moinhos de ventos. Vejam: a arte depende da sociedade, arte é reflexo da situação social num país e ao mesmo tempo ela influência esta situação. É um erro uma sociedade querer imitar ou copiar um modelo de música ou da vida musical de uma outra sociedade. Ora, o Brasil é um país em desenvolvimento, é parte do Terceiro Mundo, é um país gigantesco de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, e uma população de apenas 120 milhões. É um País com índice muito elevado de analfabetos e desnutridos, com múltiplos problemas vitais de primeira necessidade; é um país sem tradição musical se excetuarmos a tradição da música popular, que é uma tradição internacionalmente reconhecida. Os países que nos servem erroneamente de modelo são os países da Europa, são países pequenos, altamente industrializados, não têm analfabetos, usufruem um bem-estar bastante alto, não têm problemas vitais de primeira necessidade, países que têm uma tradição musical de 1.500 anos aproximadamente. A sociedade brasileira e as sociedades da Europa convergem em direção a uma sociedade planetária universal, uma sociedade caracterizada por uma inflação demográfica e um crescimento incontrolável das cidades. Estou convencido de que nós não temos a mínima idéia da transformação cultural que a nossa sociedade vai sofrer nos próximos 50 ou 100 anos. Na sociedade planetária universal, uma sociedade de massa, tecnológica e industrial, a arte tornar-se-á um meio de preservação e fortalecimento da comunicação pessoa a pessoa, a meu ver. E de sublimação da melancolia do medo e da desalegria, fenômenos que ocorrem pela manipulação bitolada das instituições públicas e que se tornam fatores hostis a comunicação. Como um instrumento de liberação, a arte na nova sociedade se torna o meio indispensável de educação, oferecendo uma contribuição essencial à formação do ambiente humano, através de sua reintegração na sociedade. A arte será um traço fundamental da nova sociedade. Mondrian disse certa vez: o futuro dirá que haverá um tempo em que seremos capazes de renunciar a todas as artes como as conhecemos hoje, pois então a beleza, alcançando a maturidade, terá chegado a uma realização tangível: quando a consciência tiver amadurecido a ponto de que as contradições sejam percebidas dentro de sua unidade complementadora, quando o sentido da vida não mais for considerado trágico, e quando a arte tiver sido total e plenamente integrada na vida estaremos prontos a dispensar a arte no seu sentido tradicional, pois nesse tempo futuro tudo será arte, então de modo geral a arte teria universalmente uma utilidade sempre presente e por esta razão não mais seria designada como arte.

João Marcos Coelho - A música como mercadoria suscita uma outra pergunta um pouco mais fundamental que é a significação social da música de concerto. Nossa vida musical tradicional, a temperatura das orquestras, os recitais, concertos etc., em geral, compõe-se de um repertório ligado ao passado; o repertório é de música do passado e isso não acontece por acaso porque o público a que ele se destina é um público bastante específico que tem uma imagem de música de concerto que advém da indústria do disco. E a indústria do disco é multinacional, portanto ela está muito mais preocupada em fazer veicular aqui no Brasil que é um País subdesenvolvido - ou em desenvolvimento - mas em todo caso um País periférico, ela quer fazer circular aqui as grandes estrelas de ordem mundial, os grandes virtuoses dos países desenvolvidos. Os concertos que geralmente lotam com um mês de antecedência são os das grandes estrelas internacionais. A vida musical normal, a programação das orquestras sinfônicas feitas com os músicos daqui, vive de dois fatores: primeiro a música que todo mundo está acostumado a ouvir em disco e geralmente o que vende mais em disco; e, por outro lado, ela também vive em função de efemérides, de comemorações. O ano passado Bartók, este ano Stravinski, por sorte tivemos duas comemorações de compositores contemporâneos, então a programação de repente ficou muito viva. Mas esse círculo vicioso assim mesmo é um círculo muito restrito, muito pequeno porque um disco clássico vende hoje a lotação do Teatro Municipal no Brasil, vende 2.000 discos. Será que o nosso objetivo é ampliar cada vez mais esse público e para conseguir isso vamos ter que necessariamente passar pelos meios de comunicação de massa porque não há outra saída, ou devemos conformar em ficar em círculos restritos? O musicólogo argentino Juan Carlos Paz coloca essa alternativa: ele acha que deve funcionar como um laboratório restrito a partir do qual acontecem as outras manifestações sem a graduação que divide entre grande música, música intermediária e a música do povo. Nada disso, seria um mosaico em que teríamos ilhas laboratório de música de concerto e ilhas maiores, arquipélogos de músicas instrumental e até a música que realmente atinge o grande público que é a música popular. Agora eu queria fazer duas perguntas para o prof. Toni e prof. Koellreuter: primeiro tem sido muito grande o número de alunos formados na Escola de Comunicações e Artes da USP, no Departamento de Música, que se tem dedicado à música instrumental popular. Porque isso está acontecendo? Para o prof. Koellreuter que há algum tempo fez uma formulação muito interessante dizendo que o futuro da música está na música funcional, ou seja, na música diretamente ligada a nossa realidade de massa mesmo, jingles, música para cinema, teatro etc.

Salas de concerto como um organismo vivo

Olivier Toni - Antes de mais nada o Departamento de Música da ECA não por minha causa, mas como resultado digamos de uma interação entre professores e alunos, com todo respeito que um tenha pelo outro, é um departamento democrático e livre, de maneira que quando o aluno faz o vestibular nós não preocupamos se ele faz música popular ou não. Mas eu tenho que dizer que esses alunos são músicos populares quando entram ou já estão cursando; em seguida eles complementam o seu trabalho com a música digamos... vamos assim chamar se for o caso, erudita. Ninguém desvia o aluno do seu trabalho.

Hans J. Koellreuter - Em primeiro lugar devo dizer que estou de acordo com as duas exposições dos colegas Toni e Isaac Karabtchevski. Acho que a deseducação, a falta de cultura básica, não forçosamente só de música mas em geral, é realmente um empecilho muito sério para o estudo sério da música isto não há dúvida. Também penso que o mais importante seria enfatizar o estudo de coisas básicas em primeiro lugar, à audição e percepção da música realmente. Um treinamento de ouvido nesse sentido não existe, existe teoria, se faz teoria o dia todo mas praticamente não há didática, não há um método que leve o aluno realmente a uma audição boa e a uma percepção dos fenômenos musicais. Sobre a música funcional eu ainda tenho a mesma opinião: se a sociedade será diferente no futuro e se os problemas sociais são aqueles que eu acabo de descrever não há dúvida que o futuro está realmente na música funcional. Não chamo isso mais de música funcional porque toda música é, em última análise, funcional, porque também a música que eu escrevo para um concerto naturalmente é funcional, ela tem uma função, eu chamo isso hoje de música aplicada, de música aplicada a atividades necessárias e indispensáveis numa sociedade de massa tecnológica e industrializada. Neste sentido, nós devemos abrir os caminhos para um tipo de ensino musical que chamo de o ensino musical pré-figurativo, o ensino musical que não ensina aquilo que aprendi com meus professores mas sim que ensina aquilo que eu acho que vai acontecer nas próximas décadas por exemplo. Nós temos que abrir realmente os caminhos, todos os tipos de ensino que nós estamos atualmente sofrendo. Nosso grande Mário de Andrade dizia o seguinte: os artistas brasileiros são primitivos sim, mas não necessariamente primitivos, como filhos de uma nacionalidade que se afirma e de um tempo que está apenas principiando.

Oliver Toni - Eu não acredito mais em certos tipos de pedagogia, em certo tipo de ensino da música; acredito que novas pedagogias, novas técnicas, uma nova articulação dentro do ensino da música deve começar a ser utilizada antes que a gente acabe com a música muito antes do que ela deveria acabar.

Ênio Squeff - A pergunta que eu faço e que repito é que nós estamos errando; quer dizer eu poderia dizer onde eu erro e quais as minhas limitações e faria essa autocrítica da crítica de bom grado; eu gostaria também de ouvir essa autocrítica daqueles que produzem a música, daqueles que ensinam a futuros produtores de música.

Isaac Karabtchevski - Nosso campo, como qualquer setor da atividade musical é ainda um campo muito experimental, a partir da primeira experiência de massificação musical desde o tempo de Zdanov lá na Rússia; depois a massificação musical que aconteceu nos Estados Unidos de costa a costa. Então, aproveitando todos os elementos da mídia, nós ficamos muito expostos a como conseguir atingir o maior número possível de público através de um repertório que fosse diretamente ligado a esse público. Na minha experiência de 16 anos como diretor musical da Sinfônica Brasileira e esse meu 2° ano agora como regente titular da Sinfônica Municipal, posso dizer o seguinte: nosso público é fanaticamente conservador, e eu quero que vocês reflitam bem sobre isso. A juventude não é conservadora; ela precisa receber o impacto de tudo aquilo que está acontecendo na música de vanguarda, na música contemporânea com a presença de obras importantes do nosso século que reflita o espírito do nosso século. É fundamental que o nosso jovem tenha uma idéia geral do que está se precisando neste século. Mas como é possível você expor o jovem à música contemporânea se muitos deles ainda nem conhecem as sinfonias de Beethoven, se muitos dos jovens ainda ouviram pouquíssimo Mozart? O problema aqui é um problema também de consumo o gosto geral do nosso público é aquele que é determinado pela multinacional do disco, e a multinacional do disco está instalada lá fora, eles fazem a cabeça do nosso público, porque os artistas lá fora gravam as obras de preferência que serão sempre a "Terceira Sinfonia" de Beethoven. Então, eu acho que concomitantemente com esse trabalho de formação de um repertório adequado a um público conservador, nós devemos atuar nessas duas áreas, na fixação de um público já contaminado entre aspas pela música, um público já conquistado pela música e que vai ao teatro, que é o melhor lugar para se ouvir música, e por outro lado um trabalho paralelo que é de música ao ar livre, levar a música de todas as maneiras possíveis mesmo sendo nas piores condições possíveis para exatamente aglutinar um público para as salas de concertos, porque só nas salas de concerto é que nós vamos poder realmente exercer a atividade cultural que nos propomos. Eu acho que uma sala de concerto não é absolutamente um lugar, um museu, onde um público fica extasiado olhando aquilo que está se passando à sua frente; é um organismo vivo, onde a música deve ser veiculada de uma maneira inteligente. Eu confesso que tenho falhando muitas vezes nisso, eu sou o primeiro a reconhecer, mas por uma questão de comodismo em relação ao público já conquistado.

Investimento e paternalismo

Ênio Squeff - A secretaria do Estado da Cultura está gastando este ano 300 bilhões de cruzeiros se não me engano com a sua Orquestra Sinfônica, um investimento que é um terço de um bilhão para que o público semanal das segundas-feiras do Cultura Artística não ultrapasse a 400 pessoas por semana se é que nós temos uma média de 400 pessoas assistindo aos concertos.

João Carlos Martins - Vou dar minha opinião sobre o problema que nós estamos enfrentando hoje no campo da música especificamente. Eu acho que tudo está relacionado ao investimento que é feito realmente. Na minha opinião o problema da música está diretamente relacionado ao investimento; outro dia num levantamento que eu fiz da verba de cultura no Pais eu soube que a nossa verba de cultura incluindo o Ministério de Educação e Cultura, a Secretaria de Cultura do Estado, Secretaria de Cultura do Município, o Rio de Janeiro, enfim o País inteiro, a nossa verba dirigida a Cultura como um todo é equivalente a 15 bilhões de cruzeiros; muito bem nos Estados Unidos a verba da Filamôrmica de Nova York do Metropolitan Ópera, e do City Cenyer sozinhos, eles têm a mesma verba da Cultura do País. Então se três unidades da cidade de Nova York têm um orçamento equivalente à nossa verba no País, eu acho que nós podemos fazer uma análise que o Brasil é um país que vive em função de casos isolados. Então, se nós voltarmos para a década de 40, de 30, de 50 quando o País vivia no campo da música em função do piano nós tínhamos vários novos talentos aparecendo mas não eram competições de talentos, eram competições de pais de talentos. Então o pai ou a mãe que queriam ter um menino prodígio em casa, disputavam entre só qual aquele que tinha um filho mais prodígio que o outro. Era uma disputa totalmente isolada que não dependia de escolas. Hoje o ensino de música no Brasil já mudou em parte mas em alguns pontos decaiu e em outros pontos ele está tendo algum desenvolvimento. Se nós fizermos uma análise da Pró-Arte e da Academia Paulista de Música na década de 50 e começo de 60 era um estudo mais sério do que 99% das escolas de hoje. Quando eu penso que na Pró-Arte aquela disputa de conhecimento; que nós íamos madrugada a dentro por causa de problemas, de harmonia, de contraponto, de história de música; hoje eu não vejo isso. nós vivemos em termos de ensino musical dependendo única e exclusivamente de paternalismo estatal. Se nós continuarmos dependendo de paternalismo estatal nós não temos nem condições de cobrar o desenvolvimento deste jovem. Eu considero o Brasil um país que vive ainda um fenômeno isolado.


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