Alto,
magro, de olhar terno mas pleno de autoridade, Georges Dandelot
é um dos compositores franceses que já têm
lugar assegurado entre os bons musicistas de sua geração.
Dandelot nasceu em Paris a 2 de dezembro de 1895. Seu pai, Arthur
Dandelot, celebre empresario, fez com que seu filho se iniciasse
logo na musica, aproveitando as tendencias inatas do menino. Aos
seis anos de idade, durante os longos passeios às margens
do Oise, seu pai fazia-o prestar atenção às
notas dos sinos, às sirenas dos barcos, e aos diversos
murmúrios da natureza. Em sua casa, tambem, a vida, para
Dandelot, devia transformar-se numa perpetua lição
de solfejo.
Sua mãe, Madeleine Mangeot, era filha de Edourard Mangeot,
o famoso fabricante de pianos de Nancy e fundador de "Monde
Musical". Madeleine Mangeot tocava admiravelmente piano,
e muitas vezes deixava suas mãos cairem sobre o teclado
para improvisar. Com todo esse ambiente favoravel, e demonstrando,
desde a tenra idade, tendencia para a musica, Georges Dandelot
não podia, pois, dedicar sua atenção a outra
coisa senão a musica.
Seus parentes desejavam fazer dele um virtuose. Mas o jovem Dandelot,
desde logo, resolveu dedicar-se à composição.
Dessa forma, depois da guerra de 1914-18, deixou a classe de Diémer
para consagrar-se inteiramente ao estudo da harmonia, do contraponto
e da fuga.
Entre seus mestres, guarda particular reconhecimento a Jean Gallon
e Albert Roussel.
Como quase todos os compositores de sua geração,
Dandelot fez a primeira guerra mundial, que roubou não
somente à França, mas a todos aqueles países
que dela participaram, muitas de suas mais caras promessas.
Georges Dandelot teve uma participação na guerra
durante todo o seu transcorrer, pois, convocado em dezembro de
1914, serviu nas forças armadas francesas até setembro
de 1919. Começou como soldado, terminando a guerra como
sargento do 29.o regimento de infantaria. Foi ferido duas vezes:
a primeira a 7 de julho de 1915, em Saint-Michiel, e a segunda
em setembro de 1916. Tem orgulho em dizer que foi um dos combatentes
franceses de Verdun, onde permaneceu até o fim da conflagração.
Durante o tempo em que prestou o serviço militar, não
abandonou inteiramente a composição. Aproveitava
seus momentos de folga, em meio aos perigos e vicissitudes da
guerra, para dedicar-se à sua arte preferida.
Em seu regresso a Paris, ganhou seis premios de harmonia e fuga.
Em sua juventude, Georges Dandelot foi tambem um grande esportista.
Representou a França nos Jogos Interaliados organizados
pelo general norte-americano Pershing, em 1919. Foi um grande
jogador de "rugby" e de tenis.
Com a idade de 14 anos, Georges Dandelot começou a compor.
Jamais publicou, entretanto, seus primeiros ensaios. Eis aqui,
entre suas obras, aquelas apontadas como mais caracteristicas:
"Quinze Canções de Bilitis", para canto
e piano, inspiradas nos poemas de Pierre Louys"; "Seis
Fabulas", baseadas em poemas de Y. Buisson, para canto e
piano; "Três valsas", para dois pianos; "Trio"
em forma de suite para piano, violino e violoncelo; "Suite"
para piano; "Concerto" para piano e orquestra; "Quarteto
de Cordas"; "Sonatina", para flauta e piano; "Pax",
oratorio para coro e orquestra; "Sinfonia", para orquestra.
As partituras de Georges Dandelot são de estrutura simples,
notando-se nelas a vontade de exprimir-se claramente. Dandelot
demonstrou, desde logo, ser capaz de compor peças ligeiras,
finamente trabalhadas, como "Canções de Bilitis"
e também vastas construções musicais, como
seu oratorio "Pax".
"É um excelente musicista - afirma um critico francês
- um dos melhores dotados da nossa geração".
- M.C.