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PAUL DUKAS—"O APRENDIZ DE FEITICEIRO"

Publicado na Folha da Manhã, domingo 17 de junho de 1951

Neste texto foi mantida a grafia original

"O Aprendiz de Feiticeiro", de Paul Dukas, baseia-se numa balada de mesmo nome do grande poeta alemão Goethe. Seu tema, de uma sutileza notavel, pode ser resumido da seguinte forma: não obstante as muitas coisa portentosas que ensinara ao aluno, jamais quis o feiticeiro da historia revelar o segredo de seu truque favorito. Para realizar seu intento, utilizava-se de uma vassoura; colocava-lhe uns trapos à moda de roupa, murmurava algumas palavras cabalisticas e a vassoura convertia-se em um ser humano, pronto a realizar todos os deveres de um servente, tais como preparar o almoço, ir buscar agua e outros.
Entretanto, consegue o aprendiz, certa vez, ouvir as palavras do mestre. E nem bem este se retira de seu misterioso laboratorio, decide o aluno ensaiar por si mesmo as palavras magicas. As misteriosas harmonias da introdução traduzem o impressionante conjunto. Quase em seguida, lançam os contrafagotes, em numero de três, uma grotesca figura saltitante, que sugere o tosco andar da vassoura, a ir buscar agua, como lhe ordena o aprendiz. Logo, possui este mais agua do que necessitava e ordena à vassoura que se detenha e volta à sua condição de objeto inerte. Mas vê, com pavor, que havia esquecido as palavras para fazer cessar o encantamento.
O laboratorio se inunda. Desesperado, aponha o aprendiz um machado e parte a vassoura em duas partes. A orquestra prorrompe num barulho ensurdecedor. Reina depois o silencio. Em seguida, as duas partes da vassoura encantada recomeçam, ao mesmo tempo, a faina de trazer o liquido, cada vez mais rapidamente, e a inundação aumenta na orquestra até alcançar contornos de diluvio. No momento mais critico, anunciam os instrumentos de percussão, com notas estridentes, o aparecimento do feiticeiro.
Pronuncia este o conjuro, e tudo volta à calma novamente. Retornam os temas do inicio, suaves e simples, com ar de fingida inocencia.
Este mesmo tema foi utilizado no cinema, por Disney, num desenho animado, "Fantasia".


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