"O
Aprendiz de Feiticeiro", de Paul Dukas, baseia-se numa balada
de mesmo nome do grande poeta alemão Goethe. Seu tema,
de uma sutileza notavel, pode ser resumido da seguinte forma:
não obstante as muitas coisa portentosas que ensinara ao
aluno, jamais quis o feiticeiro da historia revelar o segredo
de seu truque favorito. Para realizar seu intento, utilizava-se
de uma vassoura; colocava-lhe uns trapos à moda de roupa,
murmurava algumas palavras cabalisticas e a vassoura convertia-se
em um ser humano, pronto a realizar todos os deveres de um servente,
tais como preparar o almoço, ir buscar agua e outros.
Entretanto, consegue o aprendiz, certa vez, ouvir as palavras
do mestre. E nem bem este se retira de seu misterioso laboratorio,
decide o aluno ensaiar por si mesmo as palavras magicas. As misteriosas
harmonias da introdução traduzem o impressionante
conjunto. Quase em seguida, lançam os contrafagotes, em
numero de três, uma grotesca figura saltitante, que sugere
o tosco andar da vassoura, a ir buscar agua, como lhe ordena o
aprendiz. Logo, possui este mais agua do que necessitava e ordena
à vassoura que se detenha e volta à sua condição
de objeto inerte. Mas vê, com pavor, que havia esquecido
as palavras para fazer cessar o encantamento.
O laboratorio se inunda. Desesperado, aponha o aprendiz um machado
e parte a vassoura em duas partes. A orquestra prorrompe num barulho
ensurdecedor. Reina depois o silencio. Em seguida, as duas partes
da vassoura encantada recomeçam, ao mesmo tempo, a faina
de trazer o liquido, cada vez mais rapidamente, e a inundação
aumenta na orquestra até alcançar contornos de diluvio.
No momento mais critico, anunciam os instrumentos de percussão,
com notas estridentes, o aparecimento do feiticeiro.
Pronuncia este o conjuro, e tudo volta à calma novamente.
Retornam os temas do inicio, suaves e simples, com ar de fingida
inocencia.
Este mesmo tema foi utilizado no cinema, por Disney, num desenho
animado, "Fantasia".