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Ana Ottoni/Folha Imagem
O cantor Tom Zé toca esmeril —um afiador de facas— na percurssão, batizada de hertzé, além de enceradeira, buzinas e outros "instruzémentos" que ele inveta.

Tom Zé

“O planeta hoje é dominado por uma parte da sociedade. O mundo rico está cansado da vida e quer se suicidar com o mundo todo de uma vez. A minha proposta de globalização seria uma espécie de tratamento psiquiátrico para o mundo dominante e pedir que não se suicide agora.”
(Folha de S.Paulo, 18.jan.2001)

“Letra de música não é poesia, televisão não é cinema e nem cinema é literatura. Cada um tem sua linguagem e é isso que nós queremos encontrar dentro da música popular.”
(Folha de S.Paulo, 7.jan.1972)

Ele estava decidido a voltar para a Bahia e trabalhar como frentista no posto de gasolina de um primo. Foi salvo não por seus pares brasileiros, mas por um escocês interessado em world music.

Foi graças a David Byrne —artista pop de sucesso com o seu grupo Talking Heads— que Tom Zé saiu do ostracismo a que estava confinado e voltou ao centro da música popular brasileira, centro que já havia ocupado no auge do tropicalismo.

Antônio José Santana Martins nasceu em Irará, no sertão da Bahia, em 11 de outubro de 1936. Na cidade natal, trabalhou na loja de tecidos do pai. No final dos anos 50 mudou-se para Salvador.

Lá, participaria de um concurso no programa de calouros “Escada para o Sucesso”. Cantou, então, uma composição sua chamada “Rampa para o Fracasso”. Mesmo com esse título ganhou um prêmio no programa.

Empolgado, foi estudar música —contraponto, harmonia, história da música— na UFBA (Universidade Federal da Bahia), onde foi aluno de Ernst Widmer, Walter Smetak e Hans Joachim Koellreuter, que lhe apresentaram a música erudita contemporânea.

Vivendo em Salvador e estudando música, acabou fazendo amizade com músicos locais: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia. Esse grupo fez alguns shows históricos como “Nós, por Exemplo” e “Velha Bossa Nova, Nova Bossa Velha”. Depois disso, todos vieram para São Paulo.

Na cidade, Tom Zé ganharia o primeiro lugar no 4º Festival da Record, em 9 de dezembro de 1968, com “São São Paulo”. Mesmo tendo feito parte do movimento tropicalista —incluindo sua participação no disco inaugural do movimento, “Tropicalia: Ou Panis Et Circensis” (Polygram, 1968)— não teve o mesmo reconhecimento que o restante do grupo.

O prêmio, no entanto, lhe deu a chance de lançar seu primeiro disco, “Tom Zé” (Rozemblit, 1968). Dois anos depois, lançaria mais dois discos, novamente com seu nome como título: “Tom Zé” (Continental, 1970) e “Tom Zé” (Continental, 1972).

Ainda nos anos 70, Tom Zé lançaria outros três discos: “Todos os Olhos” (Continental, 1973), “Estudando o Samba” (Continental, 1976) e “Correio da Estação do Brás” (Continental, 1978).

Apresentou nos shows de lançamento desse último disco um “órgão de eletrodomésticos”: um teclado elétrico que acionava enceradeiras, liquidificadores, geladeiras, batedeiras e centrifugadoras.

Sua gravadora na época, a Continental, não gostou muito da experiência e encerrou o contrato com o músico pouco depois. Levaria seis anos para conseguir lançar seu disco seguinte: “Nave Maria” (RGE, 1984).

Depois do sétimo álbum, sobreviveu fazendo shows no circuito universitário e com o dinheiro da venda de sua casa na praia, fruto das vendagens dos discos lançados até então.

De certa forma desiludido com a carreira, pensava em abandonar tudo e voltar para a terra natal. Um anônimo vendedor de discos contribuiria involuntariamente para sua volta.

David Byrne, interessado em world music, em viagem ao Brasil, em 1986, estava numa loja de discos no Rio de Janeiro procurando discos de samba e pagode. Enganado pelo título de “Estudando o Samba”, o vendedor incluiu esse disco na seção da loja em que Byrne escolhia o que levar.

De volta aos Estados Unidos, o músico ficou pasmo quando ouviu o trabalho daquele ilustre desconhecido e imediatamente entrou em contato com Arto Lindsay atrás de alguma pista.

Introduzido por Lindsay —músico americano que já viveu no Brasil— à história do tropicalista que não havia se tornado popular, o contratou para o seu então iniciante selo Luaka Bop. Em 1990, produziu a coletânea “Massive Hits - The Best of Tom Zé”, que além de recuperar o seu trabalho no Brasil, o lançou para o mundo.

Pôde, então, registrar seu trabalho numa sequência de discos como “The Hips of Tradition” (1992), “Tom Zé” (1994), “No Jardim da Política” (1998) e “Com Defeito de Fabricação” (1998), entre outros.

Em 2000, lançou o CD duplo “Jogos de Armar, Faça Você Mesmo”, com o primeiro disco com composições suas e o segundo disco gravado com bases para que o ouvinte remixe e faça sua próprias músicas.

Chamado de gênio pelos críticos musicais de publicações como “The New York Times” e “The Rolling Stone”, Tom Zé recuperou o antigo prestígio que, de certa forma, nunca teve. Casado com Neusa há 30 anos, Tom Zé tem um filho, Everton, do primeiro casamento.

Georges Kormikiaris
do Banco de Dados


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