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Bocato: Tributo a Pixinguinha
 


Renato Roschel

do Banco de Dados
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"Bocato: Tributo a Pixinguinha", tributo de mestre para mestre

Lançado pela Gravadora Eldorado, esta homenagem ao mestre Pixinguinha feita por Bocato reúne grandes músicas do gênio do choro e interpretações com um toque malandro e genuinamenete pessoal de tocar trombone. Músico experiente, Bocato sabe como poucos que as influências podem ser recebidas, transformadas e emitidas sob a forma de finos biscoitos. É com esse jeito antropofágico que Bocato nos dá excelentes interpretações das composições de Pixinguinha. O CD traz clássicos como "Ingênuo" e "Carinhoso" em versões que passeiam em diversos mundos, principalmente no que o próprio Bocato chama de tecnosamba.


Egberto Gismonti: Solo
 


Renato Roschel
do Banco de Dados

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"Egberto Gismonti - Solo", a qualidade, a sensibilidade e a genialidade da música instrumental brasileira

Lançado pela ECM Records, em 1979, e relançado remasterizado pela BMG-Ariola, em 1995, este CD solo de Egberto Gismonti é a melhor opção para se conhecer a genialidade de um dos melhores músicos brasileiros e mundiais. Com faixas em que Gismonti toca violão e outras em que toca piano, o CD é um mergulho na sensibilidade do músico e em construções musicais de rarísssima beleza. "Solo'' é uma viagem pela Amazônia. Segundo Gismonti, para fazer tal disco o músico foi picado pelo "insectus brasilienses" e se sentiu obrigado a levar esta "febre" para todo lugar.

 



Coleção mapeia produção independente
 
Publicado na Folha de S.Paulo, em 30 de julho de 2001
 
"Cartografia Musical Brasileira", mapa da música indenpendente no Brasil

Cartografia Musical Brasileira' reúne 78 nomes em coleção de dez CDs, que também serão vendidos de forma avulsa

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Chegam ao disco os primeiros resultados do mapeamento musical que vem sendo promovido Brasil adentro pelo projeto Rumos Itaú Cultural.

A coleção "Cartografia Musical Brasileira", de dez CDs divididos regionalmente, estabelece uma amostragem de 78 artistas e grupos independentes (sejam novos ou veteranos), abrangendo variadas vertentes da música popular e instrumental. Sob patrocínio do Itaú, o pacote é viabilizado comercialmente pela associação de dez gravadoras independentes espalhadas pelo Brasil inteiro _cada um dos dez volumes ficou a cargo de um selo diferente.

Nos próximos 45 dias, o material só será comercializado na forma de caixa. Depois, os volumes passam a ser distribuídos de forma avulsa pela "cooperativa" de selos. Entre os intuitos, segundo o antropólogo Hermano Vianna, um dos curadores nacionais do projeto de mapeamento, estava o de afrouxar a incomunicabilidade cultural entre os diferentes Estados e regiões do país. "Acreditávamos que havia muita música interessante sendo criada para além do eixo Rio-SP e além daquilo que é divulgado pela grande mídia nacional." "É incrível a falta de conhecimento inter-regional no Brasil. Mesmo Estados vizinhos, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mantêm um contato artístico muito precário. É claro que essa situação é extremamente empobrecedora, pois não estimula a formação de outros e muitos circuitos de produção e divulgação que possam enriquecer a realidade musical do país."

Edson Natale, curador do Rumos em São Paulo e gerente do núcleo de música do Itaú Cultural, fala da possibilidade de a separação geográfica por selos vir a estimular que cada região comercialize preferencialmente seus próprios artistas: "A gente acha que daqui a um tempo nas diferentes regiões a venda do CD local vai estar à frente da dos outros. Acertamos que cada selo terá 75 coleções completas para vender, numa tiragem inicial de 20 mil discos em 2.000 caixas. Esses 45 dias de venda só em caixa são também para tentar incentivar o intercâmbio". Natale fala sobre os propósitos que norteariam a edição dos CDs: "Só consigo pensar essa coleção como parte do projeto maior, que é de médio ou longo prazo, de mostrar que a música popular brasileira não está fraca nem morrendo".

Não é uma busca de rumo, diz Vianna: "Acho engraçada essa eterna expectativa de algo que mude o rumo da MPB. Não gosto muito do rótulo MPB, porque ele homegeneíza uma realidade que é essencialmente heterogênea. Não há um rumo, ou 'linha evolutiva', há rumos". "Os CDs apresentam uma diversidade impressionante. Ninguém precisa gostar de tudo, e havia muita divergência saudável entre os critérios de qualidade de cada um dos curadores. A importância do projeto está justamente em apresentar essa diversidade e incentivar o contato entre regiões diferentes e distantes do Brasil". Vianna adiciona: "Precisamos de novos Chicos e Caetanos? Já temos um Chico, um Caetano, ainda bem. Para que repetições? Talvez a configuração do ambiente cultural contemporâneo, com uma proliferação incessante de novas mídias, cada vez mais fragmentadas e fragmentadoras, impossibilite o surgimento de artistas que venham a ter influência em todos os campos culturais, da forma decisiva e constante como acontecia há pouco tempo, quando 'todo o país' via os mesmos festivais e as mesmas novelas, ou escutava as mesmas músicas em poucas rádios". Continua: "A nova situação tem vantagens e desvantagens. O risco é a criação de guetos musicais chauvinistas, com códigos próprios muito rígidos e sem nenhum contato um com os outros. O Rumos é contra os guetos: apesar de incentivar a diversidade, quer ao mesmo tempo estabelecer contatos de todos os tipos entre aquilo que é diverso". Conclui: "Seria um erro achar que o Rumos é apenas uma vitrine de novos talentos. O processo, e não necessariamente o resultado, é o que mais importa".

Comentando a proporção pequena de artistas ligados a vertentes jovens da MPB, Natale comenta algumas das dificuldades enfrentadas pelo projeto: "Na amostragem atual falta rap, por exemplo, mas trabalhamos em cima dos artistas inscritos. Talvez haja algum problema na linguagem de divulgação do projeto, mas o fato é que eles não se inscreveram. Não pintou muito pop-rock, pensamos que talvez porque o universo pop esteja mais próximo da grande indústria". Selecionados os artistas que participariam da amostragem gravada, a coleção foi organizada nos seguintes volumes: Acre/ Amapá/Amazonas/Pará/ Rondônia/Roraima (na verdade, praticamente só reúne artistas paraenses), Alagoas/Ceará/Paraíba/Pernambuco/Rio Grande do Norte/Sergipe, Distrito Federal/ Goiás/Mato Grosso/Mato Grosso do Sul/Tocantins, Espírito Santo/ Rio de Janeiro, Maranhão/Piauí e Paraná/Santa Catarina; Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo foram os Estados que ganharam volumes próprios. Em geral, cada artista ou grupo ganhou duas faixas no volume dedicado à sua região de origem.


Cartografia Musical Brasileira
Avaliação: Boa Lançamento: Itaú Cultural/Violões da Amazônia/Candeeiro/Pelourinho/UnB/ Rob Digital/Laborarte/Lapa/Cântaro/ MCD/Barulhinho

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