Renato Roschel
do
Banco
de Dados
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"Egberto
Gismonti - Solo", a qualidade, a sensibilidade
e a genialidade da música instrumental brasileira
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Lançado pela ECM Records, em 1979, e relançado
remasterizado pela BMG-Ariola, em 1995, este CD solo de
Egberto Gismonti é a melhor opção para
se conhecer a genialidade de um dos melhores músicos
brasileiros e mundiais. Com faixas em que Gismonti toca
violão e outras em que toca piano, o CD é
um mergulho na sensibilidade do músico e em construções
musicais de rarísssima beleza. "Solo'' é uma
viagem pela Amazônia. Segundo Gismonti, para fazer tal disco
o músico foi picado pelo "insectus brasilienses"
e se sentiu obrigado a levar esta "febre" para
todo lugar.
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"Cartografia
Musical Brasileira", mapa da música indenpendente
no Brasil
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Cartografia Musical Brasileira' reúne 78 nomes em coleção
de dez CDs, que também serão vendidos de forma avulsa
PEDRO
ALEXANDRE SANCHES
DA
REPORTAGEM LOCAL
Chegam
ao disco os primeiros resultados do mapeamento musical que
vem sendo promovido Brasil adentro pelo projeto Rumos Itaú
Cultural.
A coleção "Cartografia Musical Brasileira", de dez CDs divididos
regionalmente, estabelece uma amostragem de 78 artistas
e grupos independentes (sejam novos ou veteranos), abrangendo
variadas vertentes da música popular e instrumental. Sob
patrocínio do Itaú, o pacote é viabilizado comercialmente
pela associação de dez gravadoras independentes espalhadas
pelo Brasil inteiro _cada um dos dez volumes ficou a cargo
de um selo diferente.
Nos próximos 45 dias, o material só será comercializado
na forma de caixa. Depois, os volumes passam a ser distribuídos
de forma avulsa pela "cooperativa" de selos. Entre os intuitos,
segundo o antropólogo Hermano Vianna, um dos curadores nacionais
do projeto de mapeamento, estava o de afrouxar a incomunicabilidade
cultural entre os diferentes Estados e regiões do país.
"Acreditávamos que havia muita música interessante sendo
criada para além do eixo Rio-SP e além daquilo que é divulgado
pela grande mídia nacional." "É incrível a falta de conhecimento
inter-regional no Brasil. Mesmo Estados vizinhos, como Rio
Grande do Sul e Santa Catarina, mantêm um contato artístico
muito precário. É claro que essa situação é extremamente
empobrecedora, pois não estimula a formação de outros e
muitos circuitos de produção e divulgação que possam enriquecer
a realidade musical do país."
Edson Natale, curador do Rumos em São Paulo e gerente do
núcleo de música do Itaú Cultural, fala da possibilidade
de a separação geográfica por selos vir a estimular que
cada região comercialize preferencialmente seus próprios
artistas: "A gente acha que daqui a um tempo nas diferentes
regiões a venda do CD local vai estar à frente da dos outros.
Acertamos que cada selo terá 75 coleções completas para
vender, numa tiragem inicial de 20 mil discos em 2.000 caixas.
Esses 45 dias de venda só em caixa são também para tentar
incentivar o intercâmbio". Natale fala sobre os propósitos
que norteariam a edição dos CDs: "Só consigo pensar essa
coleção como parte do projeto maior, que é de médio ou longo
prazo, de mostrar que a música popular brasileira não está
fraca nem morrendo".
Não é uma busca de rumo, diz Vianna: "Acho engraçada essa
eterna expectativa de algo que mude o rumo da MPB. Não gosto
muito do rótulo MPB, porque ele homegeneíza uma realidade
que é essencialmente heterogênea. Não há um rumo, ou 'linha
evolutiva', há rumos". "Os CDs apresentam uma diversidade
impressionante. Ninguém precisa gostar de tudo, e havia
muita divergência saudável entre os critérios de qualidade
de cada um dos curadores. A importância do projeto está
justamente em apresentar essa diversidade e incentivar o
contato entre regiões diferentes e distantes do Brasil".
Vianna adiciona: "Precisamos de novos Chicos e Caetanos?
Já temos um Chico, um Caetano, ainda bem. Para que repetições?
Talvez a configuração do ambiente cultural contemporâneo,
com uma proliferação incessante de novas mídias, cada vez
mais fragmentadas e fragmentadoras, impossibilite o surgimento
de artistas que venham a ter influência em todos os campos
culturais, da forma decisiva e constante como acontecia
há pouco tempo, quando 'todo o país' via os mesmos festivais
e as mesmas novelas, ou escutava as mesmas músicas em poucas
rádios". Continua: "A nova situação tem vantagens e desvantagens.
O risco é a criação de guetos musicais chauvinistas, com
códigos próprios muito rígidos e sem nenhum contato um com
os outros. O Rumos é contra os guetos: apesar de incentivar
a diversidade, quer ao mesmo tempo estabelecer contatos
de todos os tipos entre aquilo que é diverso". Conclui:
"Seria um erro achar que o Rumos é apenas uma vitrine de
novos talentos. O processo, e não necessariamente o resultado,
é o que mais importa".
Comentando a proporção pequena de artistas ligados a vertentes
jovens da MPB, Natale comenta algumas das dificuldades enfrentadas
pelo projeto: "Na amostragem atual falta rap, por exemplo,
mas trabalhamos em cima dos artistas inscritos. Talvez haja
algum problema na linguagem de divulgação do projeto, mas
o fato é que eles não se inscreveram. Não pintou muito pop-rock,
pensamos que talvez porque o universo pop esteja mais próximo
da grande indústria". Selecionados os artistas que participariam
da amostragem gravada, a coleção foi organizada nos seguintes
volumes: Acre/ Amapá/Amazonas/Pará/ Rondônia/Roraima (na
verdade, praticamente só reúne artistas paraenses), Alagoas/Ceará/Paraíba/Pernambuco/Rio
Grande do Norte/Sergipe, Distrito Federal/ Goiás/Mato Grosso/Mato
Grosso do Sul/Tocantins, Espírito Santo/ Rio de Janeiro,
Maranhão/Piauí e Paraná/Santa Catarina; Bahia, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e São Paulo foram os Estados que ganharam
volumes próprios. Em geral, cada artista ou grupo ganhou
duas faixas no volume dedicado à sua região de origem.
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