Patrícia
Santos /Folha Imagem
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O
cantor, compositor e sambista Zeca Pagodinho
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Zeca Pagodinho
Jessé
Gomes da Silva Filho, o Zeca Pagodinho, nasceu no dia
14 de fevereiro de 1959, em Irajá e foi criado em Del
Castiho, bairros do subúrbio do Rio de Janeiro.
Antes
de iniciar sua carreira musical, foi anotador de jogo
de bicho e trabalhou, até 1981, como contínuo no Centro
Federal de Processamento de Dados, no Rio.
Desde
cedo, destacou-se nas rodas de samba que frequentava nos
subúrbios cariocas, onde apresentou suas primeiras rimas
e sua voz rouca e rasgada de partideiro.
Foi
em 1981, na quadra do bloco carnavalesco Cacique de Ramos,
onde se reuniam todas as quartas-feiras compositores e
cantores num encontro denominado pagode, que Zeca conheceu
a cantora Beth Carvalho que o convidou para participar
de seu novo disco e cantar a faixa "Camarão que Dorme
a Onda Leva", de sua autoria em parceria com Arlindo Cruz.
No
ano seguinte, foi convidado pela gravadora RGE para participar
de um disco que reunia outros quatro talentos do samba:
Jovelina Pérola Negra, Pedrinho da Flor, Elaine Machado
e Mauro Diniz.
O
disco, intitulado "Raça Brasileira", foi grande sucesso
de vendas e de execução. Vendeu mais de 500 mil cópias
e desbancou nomes como Julio Iglesias e Roberto Carlos.
A
partir daí, Zeca Pagodinho iniciou sua carreira solo.
Seu
método de composição é um tanto quanto diferente: "ouço
determinado disco até os cachorros lá de casa aprenderem
de cor", afirma o compositor. Depois, junta a esse metódico
estudo o auxílio de parceiros como Almir Guineto e Nelson
Rufino que resolvem os problemas com a criação das melodias.
Feito isso, o que vem em seguida é só inspiração, que
o compositor afirma retirar de seu cotidiano.
Sua
carreira é marcada pela gravação de vários sambas de raiz
e partido alto e pelo lançamento de gente jovem, compositores
e músicos como Dudu Nobre, entre outros. Os discos de
Zeca têm, no universo samba, de tudo um pouco. Há calango,
partido alto, dolente e samba de curimba (uma outra denominação
para os antigos sambas de terreiro).
Casado
com Mônica, Pagodinho mora, desde 1991, num sítio em Xerém,
na Baixada Fluminense, onde, em 1998, criou uma escola
de música para crianças carentes. Para ele "todo mundo
deveria estudar música", pois "música é tudo. Quem tem
música, tem boa cabeça".
Lá,
é o rei do pedaço. Abre e fecha o bar do Geraldo, ou Júnior
Bar, onde chega um pouco depois das 6 da manhã para, segundo
o próprio Geraldo, "bater papo e, às vezes, tomar uma
cervejinha".
Geraldo
também afirma que as ininterruptas visitas do cantor transformaram
totalmente seu cotidiano: "Antes aqui era só vazio. Agora
vem gente do Brasil e do mundo inteiro se sentar aqui
e pedir um tira gosto e uma bebida só para esperar o Zeca
chegar", diz.
E
é lá, em Xerém, no bar do Geraldo, que ele canta e faz
suas novas composições.
Sincero
como sua música, Zeca, em uma entrevista concedida em
1997 à repórter Daniela Name de "O Globo", afirmou: "Come
mais um doce, come. Engorda um pouco. Essa história de
que mulher gorda é mulher feia é invenção de quem não
gosta de mulher. Para mim não importa: gorda, magra, preta,
branca... Só faço distinção entre nacional e estrangeira,
por que me comunico em português.
Na
mesma entrevista ainda explicou qual é sua maneira de
encarar a vida: "Nunca me importei com luxo e isso sempre
espantou as pessoas. Bom mesmo é todo mundo feliz e a
geladeira sempre cheia".
Renato
Roschel
do
Banco
de Dados