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Várias
peças e acessórios usados pelas mulheres compõem
o que chamamos de lingerie, as conhecidas roupas de baixo.
Formada por calcinhas, sutiãs, cintas-ligas, espartilhos
e algumas outras peças, a lingerie desperta todo
tipo de fantasias. Segundo Freud, a relação
do erotismo com as roupas íntimas nada mais é
do que o fetiche, ou feitiço. Isso acontece quando
a satisfação pessoal se dá através
de objetos ou ornamentos.
O cinema e as revistas também ajudaram a criar um
clima de sedução e fantasia, despindo as musas
de suas roupas e deixando-as apenas com suas roupas de baixo,
cada vez mais bonitas e elaboradas.
A
lingerie passou por uma série de transformações
ao longo do tempo, acompanhando as mudanças culturais
e as exigências de uma nova mulher que foi surgindo,
principalmente durante o século 20. A evolução
tecnológica possibilitou o surgimento de novos materiais,
que tornou a lingerie mais confortável e durável,
duas exigências da vida moderna.
Desde
o tempo das vestes longas, usadas até pouco depois
da Idade Média, passando pela ostentação
dos séculos 17 e 18, quando era usado um verdadeiro
arsenal de acessórios por baixo das grandes saias
femininas, até o início do século 20,
a mulher sofreu horrores em nome da beleza e da satisfação
masculina.
Os
espartilhos, usados por mais de quatro séculos, causava
sérios problemas
à saúde, além do desconforto e da obrigação
de ostentar uma "cinturinha de vespa". Os seios,
foco da atenção por muito tempo, eram forçados
para cima através dos cordões apertadíssimos
dos espartilhos. Também
as calcinhas, como são atualmente, passaram por drásticas
mudanças. No século 19, eram usadas ceroulas,
que iam até abaixo dos joelhos. O surgimento da lycra
e do nylon permitiu uma série de inovações
em sua confecção, que possibilitou até
a criação de um modelo curioso nos anos 90:
uma calcinha com bumbum falso, que contém um enchimento
de espuma de nylon de vários tamanhos e modelagens.
Um
acessório sensual muito usado na década de
20 foi a cinta-liga, criada para segurar as meias 7/8. Dançarinas
do Charleston exibiam suas cintas-ligas por baixo das saias
de franjas, enquanto se sacudiam ao som frenético
das jazz-bands. Ainda
nos anos 30, a cinta-liga era o único acessório
disponível para prender as meias das mulheres, que
só tiveram as meias-calças à sua disposição
a partir da década de 40, com a invenção
do náilon em 1935.
Espartilhos, meias de seda 7/8, ligas avulsas presas às
cintas, continuaram sendo usados por muitas mulheres, mas
não mais por uma imposição ou falta
de opções, mas por uma questão de estilo
ou fetiche, já que esses acessórios se tornaram
símbolos de erotismo e sensualidade na sociedade
ocidental.
A lingerie atravessou o século 20 sempre acompanhando
a moda e as mudanças de comportamento. Quando a moda
eram roupas justas e cinturas marcadas, lá estava
o sutiã com armações de metal, cintas
e corpetes para moldar o corpo feminino. Na década
de 60, com a revolução sexual, o sutiã
chegou até a ser queimado em praça pública,
num ato pela liberdade feminina. Uma geração
de mulheres afirmava, em 1980, não usar nada por
baixo das camisetas ou de seus jeans, mas os tempos mudaram
e a moda trouxe tantas novidades em cores, materiais e estilos,
indo do esportivo todo em algodão, ao mais sofisticado
modelo em rendas e fitas, que as mulheres chegaram a gastar
mais em roupas de baixo do que em qualquer outro item de
guarda-roupa ainda durante os anos 80.
A indústria de lingerie, que continua crescendo,
aposta agora em alta tecnologia. É possível
encontrar no mercado desde o espartilho no mais clássico
modelo renascentista até o sutiã mais moderno,
recheado de silicone, a última novidade.
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