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Mario
Fontes/Folha Imagem
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Mais
do que uma peça de roupa íntima da mulher ocidental,
associada ao erotismo, repressão e dor, o espartilho moldou
o corpo feminino de acordo com a história de cada período.
Ele atravessou quatro séculos, sobreviveu a regimes políticos,
mudanças de comportamento e cultura, guerras e diferenças
sociais.
Apesar de causar sérios problemas de saúde, o espartilho
era considerado pela aristocracia um sinal de superioridade, já
que era um obstáculo ao trabalho. A mulher modesta usava
um corselete medieval, atado por cordões pouco apertados
e amarrado na frente, ao contrário do corpete aristocrático,
atado por trás, que exigia a ajuda de empregados. Mais importante
do que a própria saúde, o uso do espartilho marcava
a necessidade de se distinguir do povo.
Com o passar dos anos, o espartilho sofreu muitas mudanças
e chegou até a ser abolido por um breve momento da história,
por causa da Revolução Francesa. Suas transformações
seguiram as tendências da moda, que por sua vez expressava
o pensamento e modo de vida de cada época.
Também o desenvolvimento de novos materiais e a especialização
na confecção desta peça de roupa íntima
contribuíram para o surgimento de novos modelos, mais confortáveis
e práticos, até cair totalmente em desuso no início
do século 20.
A moda, entretanto, com suas eternas variações, trouxe
de volta, por várias outras vezes, a cintura marcada e a
necessidade de peças íntimas que a modelasse. A moda
fetichista, no início dos anos 90, assumiu o espartilho como
um símbolo de erotismo, da mulher dominadora e sexualizada.
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