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Uma
década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das
jazz-bands e pelo charme das melindrosas - mulheres modernas da
época, que frequentavam os salões e traduziam em
seu comportamento e modo de vestir o espírito da também
chamada Era do Jazz.
A sociedade dos anos
20, além da ópera ou do teatro, também frequentava
os cinematógrafos, que exibiam os filmes de Hollywood e
seus astros, como Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks. As mulheres
copiavam as roupas e os trejeitos das atrizes famosas, como Gloria
Swanson e Mary Pickford.
A cantora e dançarina Josephine
Baker também provocava alvoroço em
suas apresentações, sempre em trajes ousados.
Livre dos espartilhos, usados até
o final do século 19, a mulher começava a ter mais
liberdade e já se permitia mostrar as pernas, o colo e
usar maquilagem. A boca era carmim, pintada para parecer um arco
de cupido ou um coração; os olhos eram bem marcados,
as sobrancelhas tiradas e delineadas a lápis; a pele era
branca, o que acentuava os tons escuros da maquilagem.
A
silhueta dos anos 20 era tubular, com os vestidos mais curtos,
leves e elegantes, geralmente em seda, deixando braços
e costas à mostra, o que facilitava os movimentos frenéticos
exigidos pelo Charleston - dança vigorosa, com movimentos
para os lados a partir dos joelhos. As meias eram em tons de bege,
sugerindo pernas nuas. O chapéu, até então
acessório obrigatório, ficou restrito ao uso diurno.
O modelo mais popular era o "cloche", enterrado até
os olhos, que só podia ser usado com os cabelos curtíssimos,
a "la garçonne", como era chamado.
A mulher sensual era aquela sem curvas, seios e quadris pequenos.
A atenção estava toda voltada aos tornozelos.
Em 1927, Jacques Doucet (1853-1929), figurinista francês,
subiu as saias ao ponto de mostrar as ligas rendadas das mulheres
- um verdadeiro escândalo aos mais conservadores.
A
década de 20 foi da estilista Coco Chanel, com seus cortes
retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas
e cabelos curtos. Durante toda a década Chanel lançou
uma nova moda após a outra, sempre com muito sucesso.
Outro nome importante foi Jean Patou, estilista francês
que se destacou na linha "sportswear", criando coleções
inteiras para a estrela do tênis Suzanne Lenglen, que as
usava dentro e fora das quadras. Suas roupas de banho também
revolucionaram a moda praia.
Patou também criava roupas para atrizes famosas.
Os anos 20, em estilo art-déco, começou trazendo
a arte construtivista - preocupada com a funcionalidade, além
de lançamentos literários inovadores, como "Ulisses",
de James Joyce. É o momento também de Scott Fitzgerald,
o grande sucesso literário da época, com o seu "Contos
da Era do Jazz".
No Brasil, em 1922, a Semana
de Arte Moderna, realizada por intelectuais, como Mário
de Andrade e Tarsila do Amaral, levou ao Teatro Municipal de São
Paulo artistas plásticos, arquitetos, escritores, compositores
e intérpretes para mostrar seus trabalhos, os quais foram
recebidos, ao mesmo tempo, debaixo de palmas e vaias. A Semana
de Arte Moderna foi o grande acontecimento cultural do período,
que lançou as bases para a busca de uma forma de expressão
tipicamente brasileira, que começou a surgir nos anos 30.
Em 1925, pela primeira vez, os surrealistas mostraram seus trabalhos
em Paris. Entre os artistas estavam Joan Miró e Pablo Picasso.
Foi a era das inovações
tecnológicas, da eletricidade, da modernização
das fábricas, do rádio e do início do cinema
falado, que criaram, principalmente nos Estados Unidos, um clima
de prosperidade sem precendentes, constituindo um dos pilares
do chamado "american way of life" (o estilo de vida
americano).
Toda a euforia dos "felizes
anos 20" acabou no dia 29 de outubro de 1929, quando a Bolsa
de Valores de Nova York registrou a maior baixa de sua história.
De um dia para o outro, os investidores perderam tudo, afetando
toda a economia dos Estados Unidos, e, consequentemente, o resto
do mundo. Os anos seguintes ficaram conhecidos como a Grande Depressão,
marcados por falências, desemprego e desespero.
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