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Mario
Fontes/Folha Imagem
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Roupas
de couro e borracha, sapatos de saltos altíssimos, botas
bizarras, espartilhos. Apesar dessas peças extremamente comuns
no mundo fetichista serem"populares" há quatro
décadas, apenas nos últimos dez anos elas ganharam
espaço no guarda-roupa feminino, graças a estilistas
renomados como Jean Paul Gaultier, Claude Montana e Gianni Versace
(morto em 1997), que as introduziram nas passarelas internacionais.
O fetichismo - em que objetos e peças relativas à
figura feminina, como sapatos e espartilhos, são mais valorizados
do que o ato sexual em si, chegando a ser cultuados - foi tratado
como uma espécie de patologia sexual e mantido no submundo
até a década de 60, quando as pessoas, embaladas pela
liberação sexual, começaram a reavaliar os
comportamentos sexuais.
Não é possível precisar exatamente quando o
fetichismo começou. Há duas teorias a esse respeito,
ambas baseadas em evidências. A primeira argumenta que o fetichismo
existe desde que o mundo é mundo e que se trata de um fenômeno
universal, tomando como base, entre outras coisas, a atrofia dos
pés femininos na China. A segunda teoria - a mais aceita
- sustenta que o fetichismo, como conhecemos hoje, se desenvolveu
apenas na sociedade ocidental moderna, tendo surgido na Europa no
século 18 e se tornado um fenômeno sexual distinto
somente na segunda metade do século 19, quando ocorreu uma
espécie de "revolução sexual", durante
a qual atividades e comportamentos sexuais tradicionais começaram
a evoluir em direção ao padrão moderno.
Foi nessa época, inclusive, que a palavra fetichismo foi
pela primeira vez empregada para designar qualquer coisa que fosse
irracionalmente adorada. O primeiro a usar a palavra fetichismo
com um sentido parecido com o moderno foi Alfred Binet em seu ensaio
"Le Fetichisme dans L'amour" (O Fetichismo no Amor), de
1887. A partir daí, o "fetiche erótico"
foi adotado por muitos estudiosos de desvios sexuais, como Richard
von Krafft-Ebing, que cunhou os termos sadismo e masoquismo.
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