Nomes
e Datas
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(1) A
União Soviética, designada pelo DIP como
Rússia, fora invadida pela Alemanha de Hitler
em 1941 e era aliada militar dos Estados Unidos e da Inglaterra
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(2) Getúlio Vargas Filho, filho mais novo
de Getúlio Vargas, adoeceu em São Paulo, vítima
de paralisia infantil, e aqui faleceu |
(3)
As autoridades americanas a que
se refere a proibição eram o presidente Franklin
Delano Roosevelt e sua comitiva que se encontravam em Natal
com Getúlio Vargas para negociar a questão das
bases estratégicas |
(4)
Uma rede de espionagem em favor da Alemanha nazista foi
descoberta, seguindo-se um processo e condenações,
algumas das quais posteriormente contestadas |
(5) Tratar-se-ia
de casos de torturas denunciados ao governo |
(6) A afirmação é conjuntural:
o regime de Vargas jamais se proclamou democrata, mas as conveniências
do momento, com a entrada do Brasil na guerra ao lado dos aliados
forçava a adequação à nova posição
brasileira |
(7) Gilbert Roland era um conhecido ator cinematográfico
de Hollywood, de origem mexicana |
(8) O general Manuel Rabelo era na
ocasião presidente da Liga de Defesa Nacional, uma entidade
da sociedade civil de tradição republicana, que
liderou a entrada do Brasil na guerra ao lado dos aliados |
(9) A sra. Leocádia Prestes era mãe
de Luís Carlos Prestes, o qual se encontrava preso desde
1935 e só foi solto em 1945, com a anistia geral concedida
aos presos políticos |
(10) A época, afirmava-se que a sra, Chiang
Kai-chec mulher do generalíssimo Chiang, vítima
de hanseniase, viera tratar-se no Brasil. Passou longa temporada
na Casa das pedras, na Gávea, Rio de Janeiro, pertencente
ao sr. Drault Hernani |
(11) A revista "Selva", publicação
antifacista, animada principalmente por um grupo de intelectuais
da Bahia |
(12) O jornalista José Eduardo de Macedo
Soares, diretor do "Diário Carioca" e irmão
de José Carlos de Macedo Soares, chanceler e interventor
em São Paulo por breve período |
(13) "Diretrizes", revista carioca
fundada e dirigida por Samuel Wainer e animada por intelectuais
antifacistas. Fechada pela DIP em 1944 |
(14) O Deão de Canterbury (Inglaterra),
cognominado o "Deão Vermelho", por suas simpatias
pela União Soviética |
(15) A época, o regime de Vargas já
dava sinais de divisão interna. Vargas se achava em conflito
com alguns de seus antigos colaboradores, entre os quais Osvaldo
Aranha. A Sociedade Amigos da América convidara
Aranha para presidi-la |
(16) Oswald de Andrade, escritor polêmico e
participante da Semana de 22, era hostilizado pelo regime |
(17) Vicente Lombardo Toledano, famoso líder
sindical mexicano, fundador da Universidade del Pueblo, no México,
era marxista |
(18) Calado
de Castro, pertencente à família influente
do Estado de Mato Grosso, foi mais tarde ministro da Agricultura
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São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1979
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Jornalistas
contam a História 6
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1943, SP ENFRENTA A CENSURA
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Depoimento
de HERMÍNIO SACCHETTA
ao repórter
Noé Gertel
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Hermínio Sacchetta é um exemplo típico
da época em que o jornalismo era exercido menos como
profissão e mais com paixão. Entregou-se a
ele com a devoção que o seu dinamismo e a
sua cultura lhe conferiam, colocando a seu serviço
uma imaginação que supria as deficiências
técnicas de outros tempos.
"Naquela
época diz ele não havia os recursos
de hoje nem o vezo burocrático que atualmente emperra
um pouco as redações."
Começou
a trabalhar em jornal antes de 1930, como "foca"
do "Correio Paulistano". Meses depois exerceu
o magistério e, em 1932, passou a exercer atividades
políticas "não muito ortodoxas".
"Passei a
levar uma vida singular, para um professor. Com a chamada
"revolução Constitucionalista" de
São Paulo redobrei minha ação política
porque eu era contra esse movimento, que considerava contra-revolucionário,
isto é, era para mim um movimento que visava a repor
o Brasil nos alicerces das oligarquias e do latifúndio
de antes de 30. No seu conteúdo, o movimento de 32
era isso. Em seguida, por coerência de minhas convicções,
passei a militar no movimento operário, participando
ativamente dele até ser preso e condenado pelo Tribunal
de Segurança Nacional. Fui condenado a um ano e três
meses no primeiro processo e a 3 anos num segundo.
Esta segunda sentença
caiu, pois recorri, provando que o delito que me imputavam
era o que se chama de delito continuado. Saí da cadeia
em novembro de 1938, no dia 16 do mesmo mês ingressei
nas "Folhas", onde fiquei quase sete anos."
Nas "Folhas"
Sacchetta começou no setor internacional, cuja editoria
assumiu em seguida. Passou depois para o cargo de subsecretário
e logo depois para o de diretor da redação
da "Folha da Manhã" e da "Folha da
Noite", muito embora figurasse no cabeçalho
o nome de Guilherme de Almeida.
"Minha gestão
foi muito bem sucedida. A venda avulsa começou a
subir muito. Basta dizer que peguei a "Folha da Manhã"
com 15.000 exemplares e, quando deixei o emprego, ela tinha
atingido 80.000 exemplares. Como consegui chegar a isso?
Em primeiro lugar graças aos companheiros que encontrei,
jornalistas dos melhores, que se dedicavam realmente a profissão.
Em segundo lugar, ao momento, que era propício, pois
o mundo entrava em guerra. Minha situação,
é claro, também melhorou muito: de 300 e poucos
cruzeiros que comecei ganhando, passei, no cargo de diretor,
a ganhar 5 mil cruzeiros e mais 2 mil como gratificação."
A guerra realmente
proporcionava assunto e provocava interesse no público.
A "Folha da Noite", vespertino, chegava a tirar
8 edições diárias, cada uma delas trazendo
na primeira página as notícias mais importantes
do curso do conflito.
"Os recursos
técnicos eram escassos. O que eu fazia era acompanhar
o processo de desenvolvimento da guerra com atenção,
o que me permitia prever os acontecimentos. Dessa forma,
eu preparava, antecipadamente, a primeira página,
com os clichês dos títulos prontos. Era acontecer
e eu mandar rodar as edições sucessivas. Evidentemente,
eu tinha um corpo de redatores dedicados, entusiastas. Sem
eles nada teria sido possível fazer com êxito."
Na realidade a
cidade viu-se diante de um novo jornal, agressivo, dinâmico,
"furador", sem concorrentes. Desencadeava campanhas,
com extrema liberdade.
"Nunca sofri qualquer
tipo de restrições por parte dos donos do
jornal. Otaviano Alves de Lima, o patrão, devo reconhecer,
ofereceu-me a mais ampla liberdade de ação
e toda sua confiança. Era isso que me permitia desencadear
campanhas que tiveram êxito incomum. Por exemplo,
lembro-me de uma campanha contra uma quadrilha que arrecadava
fundos contra tuberculose.
Era uma entidade com um nome pomposo, que alugava casas,
lá instalava um tuberculoso e saia pela cidade pedindo
esmolas para sustentar os doentes. Puro gangsterismo. A
"Folha da Noite" perseguiu o assunto durante semanas,
creio que até meses e desmascarou o bando, até
que o governo federal interveio e fechou a entidade. Eis
aí um caso do jornal defendendo o interesse público.
Outra campanha da qual me lembro foi a que enfrentou um
poderoso grupo que pretendia monopolizar o pescado no litoral.
O grupo se organizou e começou a atacar, por vezes
com violência, os pescadores artesanais, com o objetivo
de se apoderar de toda a atividade pesqueira. O jornal investigou,
combateu, e o monopólio foi fechado por decreto do
governo federal."
As vezes a sorte
ajudava. Como na madrugada em que Sacchetta chegou em casa
e ligou o rádio, em ondas curtas, ouvindo a notícia
da invasão da Normandia pelos aliados. Voltou para
o jornal e, juntamente com o plantão da noite e mais
dois ou três companheiros que conseguiu mobilizar,
pôs na rua uma edição extra com a notícia
da abertura da segunda frente na Europa. Antes passou a
notícia à radio Record, com a qual o jornal
tinha convênio, que a irradiou. Antes do amanhecer,
a cidade inteira sabia do desembarque aliado, iluminando
todas as casa. "Foi um furo e tanto", diz Sacchetta,
já que os outros jornais só apareceram com
a edição extra muitas horas depois.
"Da censura
do Estado Novo pode-se falar muito. Era uma censura presente,
sem dúvida, e como toda censura, incoerente, absurda,
por vezes ridícula. As ordens vinham por telefone:
nada sobre isso, nada sobre aquilo. É claro que nem
sempre eu cumpria ordens, o que causava transtornos ao jornal
e a mim. Muitas das ordens da censura eram pedidos de figuras
da sociedade ou de altos funcionários do governo.
Vinha uma ordem: não dizer que fulano de tal cometeu
suicídio e sim que morreu de um ataque cardíaco.
Eu dava suicídio. E vinha a tempestade. Do Rio eu
recebia telefonemas do capitão "Arvoredo",
que era o capitão Amilcar Dutra de Menezes, diretor
do DIP, incumbido da censura. Às vezes ele vinha
a São Paulo, pessoalmente, para me destratar. Meu
argumento era um só: dava os fatos, cumpria minha
obrigação profissional. Esse capitão
era uma figura curiosa. Certa vez resolveu escrever um livro.
Publicou-o e baixou uma ordem peculiar: deu toda a liberdade
para que a crítica literária dos jornais falasse
sobre o livro. Aconteceu então que o Mário
Martins, do Rio, desancou a obra "literária"
do diretor do DIP, chamando a atenção para
um fato. Numa das passagens do livro o capitão falava
de um "arvoredo que contemplava da janela". Não
era arvoredo coisa nenhuma. Era uma árvore só.
Nunca mais o capitão Amilcar Dutra de Menezes deixou
de ser chamado, entre nós, de "capitão
Arvoredo". E depois da crítica do Mário
Martins veio nova ordem da censura: nada sobre o livro.
E não merecia nada, mesmo."
O vespertino "Folha
da Noite" era agressivo quando se tratava do interesse
do público. Uma de suas campanhas foi contra a proliferação
das chamadas siderúrgicas. Tão logo Getúlio
Vargas falou em siderurgia nacional, surgiram em São
Paulo dezenas de companhias siderúrgicas, de vários
feitios, vendendo ações a prestação
para pessoas de baixos recursos. Sacchetta narra:
"As "Folhas"
iniciaram o ataque, desmascarando diariamente esses grupos,
alguns dos quais eram sem dúvida ligados a pessoas
da alta administração estado-novista. Justiça
seja feita, pouco tempo depois um decreto de Getúlio
fechou todas as possibilidades a esses grupos. Fizemos campanhas
contra gente poderosa também. Algumas, senão
as principais manifestações "queremistas",
por exemplo, eram financiadas e organizadas por uma grande
companhia paulista. Pois nosso jornal deu nome aos bois.
Isso poderia contrariar frontalmente os interesses comerciais
da empresa jornalística, mas acontece que era assunto.
A direção da empresa "Folhas" não
interveio nem me proibiu o assunto."
"Certo dia o
Otaviano Alves de Lima apareceu na redação
para me comunicar um fato importante: havia vendido o jornal.
Vendera para um grupo liderado por Costa Neto. O dr. Nabantino
Ramos, iria assumir a direção da empresa.
Respondi ao Otaviano que as "Folhas", também
naquele momento, acabava de perder seu secretário-geral.
E eu repetiria esse gesto hoje, se o jornal em que trabalhasse
fosse vendido, na minha opinião, para um governo
ditatorial. O fato é que eu saí e comigo saíram
mais de 50 companheiros. Fundamos um novo diário,
o "Jornal de S. Paulo", financiado pelo grupo
da rádio Record. Era um jornal que seguiria a mesma
orientação que eu já havia imprimido
às "Folhas". O "Jornal de S. Paulo"
durou um ano e meio ou dois anos, não conseguimos
resistir mais por falta de publicidade. Novamente sem emprego,
passei para os "Diários Associados", onde
assumi a direção a convite de Assis Chateaubriand,
impondo, porém, uma condição. Era diretor
dos "Diários" o Alvimar Caldas, que estava
de licença, doente. Fiz o Assis me escrever uma carta,
na qual dizia que o cargo era meu enquanto o Caldas estivesse
doente. Tão logo pudesse assumi-lo, eu o deixaria.
Lá fiquei, contando com a colaboração
de excelentes profissionais, o que me permitiu aumentar
a venda avulsa em pouco tempo. Algum tempo depois saí
e fui para o "Shopping News", onde trabalhei durante
9 anos. Saí também, por questões de
dignidade profissional: o filho de um dos diretores do jornal
queria dar ordens à redação. Não
deu para permitir isso. Voltei para os "Diários"
e houve minha prisão."
12.jun.52/Folha
Imagem
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O
presidente Getúlio Vargas
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Sachetta narra o episódio que provocou sua detenção
pela Polícia Federal.
"Creio que
foi em 1968. Os terroristas, sob o comando de Carlos Marighella,
haviam assaltado as instalações da Rádio
Nacional e de lá transmitiram uma longa mensagem,
lida duas vezes pelo próprio Marighella. Eu publiquei
o fato e a mensagem. Era, evidentemente, um assunto jornalístico
e que já era do domínio público, pois
uma estação de rádio transmitira a
mensagem por duas vezes. A própria Rádio Nacional
emitiu um comunicado se desculpando perante os ouvintes
e narrando os fatos. Publicando, já em segunda e
terceira mão um assunto dessa ordem, o jornal que
eu dirigia não estava mais ameaçando o regime,
as instituições nem estava subvertendo coisa
nenhuma. Pois fui levado à Polícia Federal,
onde um delegado me tratou grossamente. E fiquei preso alguns
dias. Foi também chamado o Edmundo Monteiro, diretor
da empresa, também recebido com grosseria. E ocorreu
algo interessante. Esse mesmo delegado, tempos depois, foi
demitido pelo AI-5, e além de demitido, preso, em
Recife, para onde foi transferido. Em consequência
disso, deixei mais tarde os "Diários",
voltei anos depois para a "Folha de S. Paulo"
onde coloquei minha experiência a seu serviço
e pouco tempo depois deixei este jornal."
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Do ridículo à
incoerência |
Durante o Estado Novo a censura era exercida com certo
rigor. As ordens eram telefônicas e por vezes transmitidas
pessoalmente, pelo censor, que visitava as redações
dos jornais. Algumas dessas ordens são curiosas,
pela incoerência.
EM JANEIRO DE 1943:
Nada sobre o caso Cauby de Araujo, a não
ser o que já havia sido passado em julgado. Nenhuma
fotografia da Rússia. (1)
Não noticiar a viagem do sr. Benjamim Vargas
ao Rio Grande do Sul. Reiteração da ordem
de proibição de fotografias da guerra da Rússia.
Nenhum ataque a Companhia Antarctica Paulista.
Nenhuma notícia sobre a doença do sr.
Getúlio Vargas Filho. (2)
Não notificar a passagem pelo Brasil, de autoridades
norte-americanas. (3)
EM FEVEREIRO:
Nenhuma fotografia da Rússia.
Nada pode ser publicado, referente ao fechamento
da agência de apostas do Jóquei Clube.
Toda a propaganda da Editorial Calvino deve ser submetida
à censura.
Liberada a propaganda do "Urodonal".
MARÇO:
Nada sobre um navio norte-americano afundado nas
costas da Bahia.
O ministro João Alberto recomenda que, até
ulterior deliberação, nada pode ser divulgado
a respeito das extorsões a súditos do Eixo.
Nada sobre o reatamento de relações
entre Brasil e Rússia.
Nada sobre diligências em torno de mercadores
de entorpecentes, ordem do chefe de Polícia.
Nada sobre a rede de espionagem nazista no Brasil.
(4)
ABRIL:
Proibida nota da UNE dirigida ao ministro da Educação.
Nada sobre a ida do general Dutra como comandante
da Força Expedicionária.
Não pode ser divulgada, de ordem do chefe
de Polícia, uma nota sobre a abertura de um inquérito
contra o capitão Batista e o dr. Pereira. (5)
Nada sobre a tragédia de Alegrete: um indivíduo
assassinou a esposa e 8 filhos.
Proibidas quaisquer alusões ao regime brasileiro
anterior a 10 de novembro de 1937, sem prejuízo de
referências à democracia, pois o regime atual
é também uma democracia. (6)
Nada sobre a União Nacional de Estudantes
a não ser a nota oficial.
Nada sobre Gilbert Roland. (7)
Não pode ser noticiada a morte de um operário
no restaurante do SAPS quando almoçava.
MAIO:
Nenhuma nota sobre a censura postal.
Nada sobre o caso de Érico Veríssimo.
Nada sobre um acidente sofrido pelo sr. Diretor do
DIP.
As fotografias da Rússia: podem ser publicadas
as que foram submetidas à censura. As legendas devem
conter apenas as palavras: Rússia ou russos.
Nada sobre uma granada que explodiu na Vila Militar,
matando um tenente e vários soldados.
Nada contra a Espanha.
Proibida qualquer notícia sobre o reatamento
de relações entre Brasil e Rússia.
Sobre o leite; completamente nada.
Na entrevista concedida pelo general Manuel Rabelo,
cortar a referência sobre o reatamento de relações
com a Rússia. (8)
JUNHO:
Totalmente vedada qualquer publicidade em torno do
Conselho Nacional de Esportes e sobre declarações
a respeito.
Não deve ser publicada, mesmo como matéria
paga, uma entrevista de Luicidio Mendes, fazendeiro no Piauí,
sobre a política atual.
Nas notícias e comentários sobre a
Espanha, nenhum ataque pessoal ou direto ao general Franco.
Proibida a divulgação de um telefonema
noticiando a morte da sra. Leocádia Prestes. (9)
Sobre o peixe deteriorado, só nota da polícia.
Nada mais sobre o peixe.
Não noticiar a passagem da sra. Chiang Kai-chec
por Natal. (10)
JULHO:
Nada sobre diligências em torno da quinta coluna
e da espionagem, além da nota oficial.
Não transmitir, no todo ou em parte, nenhuma
entrevista do general Manuel Rabelo à revista "Selva".
(11). Doravante, as entrevistas
ou fotografias de S.S. só podem ser publicadas após
consulta prévia.
Nenhuma notícia sobre uma greve de estudantes
em São Paulo.
AGOSTO:
Proibida a divulgação das aspirações
das classes trabalhistas de Porto Alegre, enviadas ao chefe
do governo.
Proibida a reprodução do artigo do
sr. Macedo Soares (12) sobre
o problema da produção leiteira.
Sobre a sessão de instalação
do Congresso Jurídico, só publicar o que a
Agência Nacional fornecer.
Nada sobre o informe de Leningrado.
Proibido o anúncio dos livros da Editora Calvino
Ltda.
SETEMBRO:
Proibida a divulgação de um incidente
de esportes do colégio Santo Amaro.
Nenhum anúncio de "Diretrizes".
(13)
Suspensos os anúncios sobre os livros "Rússia
e o Cristianismo", do Deão de Canterbury, editado
pela Calvino. (14)
Nenhum anúncio ou polêmica em
torno do livro "Stalin".
Nada sobre a Rússia.
Nenhuma notícia sobre a Espanha
Ainda nada sobre "Stalin", editado pela
Editora Calvino.
OUTUBRO:
Não podem ser publicados boatos ou telegramas
sobre as negociações de paz entre a Alemanha
e os aliados.
Nada sobre um incidente com soldados na Delegacia
de Copacabana.
Não pode ser dada nenhuma notícia a
respeito de choques entre a polícia e bicheiros da
Penha.
Notícia do Consulado Uruguai, só mediante
consulta à Agência Nacional.
Em caráter definitivo não pode ser
dado nada sobre a sociedade Amigos da América, nem
mesmo expressões parecidas ou relacionadas com esta.
(15)
NOVEMBRO:
Nenhum telegrama do governo do Piauí, referente
à falta de víveres.
Nada sobre as dívidas externas.
DEZEMBRO:
Nenhuma notícia sobre a posse do presidente
Vargas na Academia Brasileira de letras.
Nada assinado por Oswald de Andrade (16).
MARÇO DE 1944
Já podem ser divulgadas as notícias
do nascimento da filha do casal Amaral Peixoto.
Nenhuma entrevista com o sr. Lombardo Toledano (17),
mesmo que seja distribuída pela Agência Nacional,
pode ser divulgada sem consulta prévia ao DIP, até
segunda ordem.
Solicitamos a gentileza de tratar do caso Caiado
de Castro (18), com a maior
discrição. Trata-se de pessoa que prestou
relevantes serviços ao governo e da esposa de um
alto funcionário e irmã de um jornalista.
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