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CINEMA/MOSTRA REÚNE OS GRANDES NOMES DA MODA
 

Audrey Hepburn em "Bonequinha de Luxo" (1961) veste Givenchy

Por CLAUDIA GARCIA
(23 de maio de 2003)

Está em cartaz, pela primeira vez no Brasil, uma mostra que reúne filmes cujos figurinos são assinados por grandes nomes da moda, como Coco Chanel, Christian Dior, Yves Saint Laurent, Giorgio Armani, Jean Paul Gaultier e Yohji Yamamoto, entre outros.
Acontece de 27 de maio a 15 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil, "Filme Fashion - Grandes Estilistas no Cinema". Durante a mostra, serão exibidos 34 filmes, com três sessões diárias, além de debates com estilistas e cineastas (Veja programação completa no site www.filmefashion.com.br).

Há muito tempo que o cinema é lançador de modas. Na década de 30, um modelo usado por Marlene Dietrich ou por Greta Garbo nas telas, era visto por milhares de pessoas e tinha maior impacto que qualquer fotografia em uma revista.
O problema era tentar seguir a moda lançada na Europa, que mudava o comprimento das saias a cada temporada. Esse foi um dos motivos que levou o produtor Samuel Goldwin (Estúdios MGM) a contratar a sensação de Paris na época, Coco Chanel, para criar o figurino de três de seus filmes, por nada menos que um milhão de dólares por ano.
Considerado o primeiro filme a contar com um grande nome da moda em seus créditos, "Esta Noite ou Nunca" (1931), dirigido por Mervyn LeRoy, pôde exibir o guarda-roupa de Gloria Swanson assinado por aquela que viria a ser considerada a grande estilista do século 20, mademoiselle Chanel. O filme está na seleção da mostra e será exibido na próxima quarta-feira, às 20h00.

Catherine Deneuve e Jean-Paul Belmondo em "A Sereia do Mississipi" (1969). A atriz veste YSL
Danuza Leão em cena de "Terra em Transe" (1967) com figurino de Guilherme Guimarães
Catherine Deneuve é a "Bela da Tarde" (1967) com figurino de YSL
Cena do filme "Kika" (1993) que conta com o trabalho de Jean-Paul Gaultier e Gianni Versace
Cena de "Dolls" (2002) que foi inspirado nos figurinos de Yohji Yamamoto
Outro importante nome da moda que também criou figurinos para o cinema é Christian Dior. Ele é responsável pelo estilo feminino de cintura apertada e saia rodada, o chamado "New Look", que virou o "uniforme" dos anos 50.
Entre os trabalhos de Dior para o cinema está o figurino de Marlene Dietrich para o filme de Alfred Hitchcock, "Pavor nos Bastidores" (1950).

Boa parte das produções que serão apresentadas na mostra são dos anos 60, época de grandes mudanças na moda, como o surgimento da minissaia em 1963, popularizada pela inglesa Mary Quant e sua modelo preferida Twiggy.
No cinema, duas atrizes se tornaram símbolos de elegância: Audrey Hepburn e Catherine Deneuve. Não é à toa que o filme "Bonequinha de Luxo" (1961), dirigido por Blake Edwards, com Hepburn no papel principal, se tornou cult entre o povo da moda. O figurino da atriz, composto por vestidos pretos que são copiados até hoje por outros estilistas, foi assinado por Givenchy.
O estilista fez o guarda-roupa para vários filmes de Audrey Hepburn, como Sabrina (1954), Charada (1963) e "Cinderela em Paris" (1957).
Nessa época, a moda vendia como nunca antes e o cinema criava mitos e desejos de consumo cada vez mais vorazes. A jornalista Alexandra Farah, curadora da mostra, conta que no filme "A Bela da Tarde" (1967), de Luís Buñuel, o sapato criado pelo então famoso designer Roger Vivier, preto e de linhas simples, vendeu 200 mil pares no ano do lançamento do filme. "Na cena em que Catherine Deneuve sobe as escadas para o seu primeiro dia de 'trabalho' é no sapato que a câmera se fixa", afirma Alexandra.
O filme, que também participa da mostra, teve figurino de Yves Saint Laurent. O estilista assina também, entre outros, os figurinos de Catherine Deneuve em "A Sereia do Mississipi" (1969), de François Truffaut, e das atrizes Capucine e Claudia Cardinale em "A Pantera Cor-de-Rosa" (1964), de Blake Edwards.

Apesar do sucesso comercial de muitos deles, nenhum dos aproximadamente 300 filmes que contaram com importantes nomes da moda, chegou a ganhar um Oscar de melhor figurino. "Em "Sabrina", apesar de Givenchy ter feito todos os looks de Audrey, na fase do filme em que ela retorna de Paris, a figurinista Edith Head não agradeceu a ele quando foi buscar o Oscar que ganhou", conta a curadora da mostra.

Nos anos 80, os belos ternos de Giorgio Armani vestiram, entre outros, o elenco principal de "Os Intocáveis" (1987), de Brian de Palma, e o ator Richard Gere, em "Gigolô Americano" (1980), de Paul Schrader.

O estilo original de Jean-Paul Gaultier, que também fez o figurino de Madonna na turnê "Blonde Abition", caiu como uma luva nos filmes "O Quinto Elemento" (1997), de Luc Besson, e "Kika" (1993), de Pedro Almodóvar.

No Brasil, o primeiro filme com assinatura fashion foi "Moral em Concordata" (1959), com direção de Fernando de Barros e figurino de Dener.
Até mesmo Glauber Rocha, em seu "Terra em Transe" (1967), teve nomes da moda vestindo seus personagens, como Guilherme Guimarães que fez o guarda-roupa de Danuza Leão.
Entre outros estilistas que também criaram para o cinema estão Clodovil, em "Corpo Ardente" (1966) de Walter Hugo Khouri; Zuzu Angel, em "O Quarto" (1968) de Rubem Biáfora; e, mais recentemente, Ocimar Versolato, em "Tieta do Agreste" (1996) de Carlos Diegues e Lino Villaventura, em "Bocage - O Triunfo do Amor" (1997) de Djalma Limonge Batista.

O filme que abre a mostra, ainda inédito no Brasil, é o japonês "Dolls" (2002), de Takeshi Kitano. Para fazer o filme, o diretor se inspirou no figurino criado pelo estilista Yohji Yamamoto.
Segundo a responsável pela mostra, o projeto "Filme Fashion" deve continuar. No próximo ano, serão selecionados os melhores filmes dos mais importantes figurinistas, como Gilbert Adrian, Cecil Beaton e a recordista de Oscars Edith Head, entre outros.

SERVIÇO:
Filme Fashion - Grandes Estilistas no Cinema
Aberto ao público de 28 de maio a 15 de junho, de terça-feira a domingo, com três sessões diárias, entre 12h30 e 20h30 e entrada gratuita, no Centro Cultural Banco do Brasil (rua Álvares Penteado, 112, São Paulo, tel.: XX/11/3113-3651 e 3652)

LEIA TRECHOS DA ENTREVISTA COM A JORNALISTA ALEXANDRA FARAH

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