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Se
há um setor do vestuário em que o Brasil está
na frente, sem dúvida é o de moda praia. Além
de ser o país que mais fabrica e consome esse tipo de roupa,
o Brasil avançou em tecnologia e modelagem ao longo dos
anos. O biquíni brasileiro é conhecido e reconhecido
internacionalmente, seja por seu estilo mais ousado, por sua qualidade
ou mesmo pela criatividade dos modelos, que o diferencia dos outros
fabricados em outros países.
Apesar de toda essa vocação natural em relação
aos trajes de banho, o biquíni não é uma
invenção nacional. Ele foi inventado pelo estilista
francês Louis Réard que o batizou com o nome do pequeno
atol de Bikini, no Pacífico, onde os americanos haviam
realizado uma série de testes atômicos.
Não é a toa que a famosa editora de moda Diana Vreeland
(1903-1989) disse uma vez que o biquíni "é
a invenção mais importante deste século (20),
depois da bomba atômica". O lançamento do primeiro
biquíni foi em 26 de junho de 1946 e causou o efeito de
uma verdadeira bomba.
Apesar de toda euforia em torno do novo traje de banho, descrito
por um jornal da época como "quatro triângulos
de nada", o biquíni não emplacou logo de cara.
O primeiro modelo, todo em algodão com estamparia imitando
a página de um jornal, se comparado aos de hoje, era comportado
até demais. Entretanto, para os padrões da época,
um verdadeiro escândalo.
Tanto,
que nenhuma modelo quis participar da divulgação
do pequeno traje. Por isso, em todas as fotografias do primeiro
biquíni, lá está a corajosa stripper Micheline
Bernardini, a única a encarar o desafio.
Na década de 50, as atrizes de cinema e as pin-ups americanas
foram as maiores divulgadoras do biquíni. Em 1956, a francesa
Brigitte Bardot imortalizou o traje no filme "E Deus Criou
a Mulher", ao usar um modelo xadrez vichy adornado com babadinhos.
No Brasil, o biquíni começou a ser usado no final
dos anos 50. Primeiro, pelas vedetes, como Carmem Verônica
e Norma Tamar, que juntavam multidões nas areias em frente
ao Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e, mais tarde, pela maioria
decidida a aderir à sensualidade do mais brasileiro dos
trajes. A partir daí, a história do biquíni
viria se tornar parte da história das praias cariocas,
verdadeiras passarelas de lançamentos da moda praia nacional.
Na
década de 60, a imagem sensual da atriz Ursula Andress
dentro de um poderoso biquíni, em cena do filme "007
contra o Satânico Dr. No" (1962) entrou para a história
da peça. Em 1964, o designer norte-americano Rudi Gernreich
dispensou a parte de cima do traje e fez surgir o topless, numa
ousadia ainda maior. No Brasil, essa moda não fez tanto
sucesso quanto em algumas praias da Europa, mas mesmo assim o
então prefeito de São Paulo, Prestes Maia, chegou
a proibir o uso do topless em piscinas públicas.
Um modelo muito usado nos anos 60 era o chamado "engana-mamãe",
que de frente parecia um maiô, com uma espécie de
tira no meio ligando as duas partes, e, por trás, um perfeito
biquíni.
Mas foi no início dos 70, que um novo modelo de biquíni
brasileiro, ainda menor, surgiu para mudar o cenário e
conquistar o mundo - a famosa tanga. Nessa época, a então
modelo Rose di Primo era a musa da tanga das praias cariocas.
Durante os anos 80 surgiram outros modelos, como o provocante
enroladinho, o asa-delta e o de lacinho nas laterais, além
do sutiã cortininha. E quando o biquíni já
não podia ser menor, surgiu o imbatível fio-dental,
ainda o preferido entre as mais jovens. A musa das praias cariocas
dos 80 foi sem dúvida a então modelo Monique Evans,
sempre com minúsculos biquínis e também adepta
do topless.
Nos anos 90, a moda praia se tornou cult e passou a ocupar um
espaço ainda maior na moda. Um verdadeiro arsenal, entre
roupas e acessórios passaram a fazer parte dos trajes de
banho, como a saída de praia, as sacolas coloridas, os
chinelos, óculos, chapéus, cangas e toalhas. Os
modelos se multiplicaram e a evolução tecnológica
possibilitou o surgimento de tecidos cada vez mais resistentes
e apropriados ao banho de mar e de piscina.
Toda essa intimidade brasileira com a praia, explicada pelo clima
do país (em alguns Estados brasileiros é verão
durante a maior parte do ano) e pela extensão do litoral
que tem mais de 7 mil km de praias, podem explicar o motivo pelo
qual o Brasil é o país lançador mundial de
tendências desse segmento.
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