|
São Paulo _ Faz um ano, menos uma semana, que Celso Pitta
assumiu a Prefeitura paulistana. Pena que ninguém, até
agora, tenha se dado conta.
Trata-se de um dos mais retumbantes fracassos de uma história
político-administrativa que já não era lá
das mais brilhantes.
Agora, então, com a sentença, embora de primeira instância,
que o condenou à perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos e pagamento de multa,
por improbidade administrativa, é pouco provável que,
algum dia, Pitta consiga se tornar de fato prefeito da cidade.
Até porque, na improvável hipótese de que tivesse
alguma boa idéia para pôr em execução,
faltar-lhe-iam os recursos indispensáveis, torrados todos
na campanha eleitoral que o conduziu ao cargo que ainda não
assumiu.
Se São Paulo fosse uma cidade, digamos, normal, o crime do
prefeito limitar-se-ia à já grave ''rapinagem do dinheiro
municipal'', conforme diz a sentença do juiz Pedro Aurélio
Pires Maríngolo.
Mas São Paulo é uma cidade devastada, na qual a qualidade
de vida caiu a mínimos insuportáveis. Claro que a
culpa não é apenas de Pitta. Foram anos e anos de
gestões, estaduais e municipais, na melhor das hipóteses
pouco imaginativas, pois se limitaram a correr atrás do crescimento
desordenado da cidade. E tudo culminou com a megalomania do padrinho
de Pitta, Paulo Salim Maluf, o sujeito oculto na sentença
do juiz Maríngolo.
É claro que Pitta tem todo o direito _e até o dever_
de recorrer da sentença de primeira instância, para
tentar limpar a sua biografia. Mas, politicamente, a maior contribuição
que poderia dar à cidade seria renunciar ao cargo, reconhecendo
que jamais o assumiu e que suas chances de vir a fazê-lo em
algum momento são escassas, na melhor das hipóteses.
São Paulo não pode esperar até 2001, quando
assume o sucessor de Pitta, para tentar começar tudo de novo.
E começar de novo é indispensável. |
|