São Paulo, quinta-feira, 25 de dezembro de 1997

FELIZ 2001

Clóvis Rossi

São Paulo _ Faz um ano, menos uma semana, que Celso Pitta assumiu a Prefeitura paulistana. Pena que ninguém, até agora, tenha se dado conta.

Trata-se de um dos mais retumbantes fracassos de uma história político-administrativa que já não era lá das mais brilhantes.

Agora, então, com a sentença, embora de primeira instância, que o condenou à perda da função pública, suspensão dos direitos políticos e pagamento de multa, por improbidade administrativa, é pouco provável que, algum dia, Pitta consiga se tornar de fato prefeito da cidade.

Até porque, na improvável hipótese de que tivesse alguma boa idéia para pôr em execução, faltar-lhe-iam os recursos indispensáveis, torrados todos na campanha eleitoral que o conduziu ao cargo que ainda não assumiu.

Se São Paulo fosse uma cidade, digamos, normal, o crime do prefeito limitar-se-ia à já grave ''rapinagem do dinheiro municipal'', conforme diz a sentença do juiz Pedro Aurélio Pires Maríngolo.

Mas São Paulo é uma cidade devastada, na qual a qualidade de vida caiu a mínimos insuportáveis. Claro que a culpa não é apenas de Pitta. Foram anos e anos de gestões, estaduais e municipais, na melhor das hipóteses pouco imaginativas, pois se limitaram a correr atrás do crescimento desordenado da cidade. E tudo culminou com a megalomania do padrinho de Pitta, Paulo Salim Maluf, o sujeito oculto na sentença do juiz Maríngolo.

É claro que Pitta tem todo o direito _e até o dever_ de recorrer da sentença de primeira instância, para tentar limpar a sua biografia. Mas, politicamente, a maior contribuição que poderia dar à cidade seria renunciar ao cargo, reconhecendo que jamais o assumiu e que suas chances de vir a fazê-lo em algum momento são escassas, na melhor das hipóteses.

São Paulo não pode esperar até 2001, quando assume o sucessor de Pitta, para tentar começar tudo de novo. E começar de novo é indispensável.
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