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SÃO
PAULO FASHION WEEK outono/inverno
2003
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AVENTURA FASHION
Por CLAUDIA GARCIA
Assistir a todos os desfiles da SP Fashion Week pode parecer
um verdadeiro glamour para muitos, mas na verdade não é bem
assim, principalmente se você estiver trabalhando.
A vida da imprensa de moda nesses eventos, salvo a realmente
vip, que no caso se resume a quatro ou cinco pessoas, pode
variar entre um pouco difícil em alguns momentos, muito difícil
em vários momentos e quase impossível em todos os momentos.
Tudo começa cerca de duas ou três semanas antes, que é quando
pedimos as credenciais e os convites para assistir aos 40
desfiles programados. Saiba que: 1) com credencial é possível
assistir aos desfiles mesmo sem convites, mas 2)sem credencial
é melhor tentar cobrir o desfile do shopping do seu bairro.
Bom, partindo-se do princípio de que as credenciais foram
aprovadas e você vai conseguir fazer parte do seleto grupo
de 1600 repórteres, fotógrafos e equipes de TV superinteressados
em moda que merecem participar do maior evento de moda da
América Latina, vamos ao segundo passo que é um pouquinho
mais complicado.
Agora é preciso entrar em contato com todas as assessorias
de imprensa de todas as 40 marcas/estilistas e solicitar os
convites que garantem a entrada na tal sala de desfiles. Muito
bem, agora é só esperar os lindos "green cards" chegarem,
certo? Errado!
Saiba você que também existe uma segunda categoria vip nesse
bolo, que é a dos que recebem todos os convites com antecedência
(se é que isso acontece mesmo --pessoalmente eu acho que esse
fenômeno se encaixa na categoria da qual fazem parte o Papai
Noel e o Coelhinho da Páscoa). Essa suposta lista vip de jornalistas
seriam os portadores do chamado Press Card, o que causa um
certo "apartheid", já que a tal credencial permite que, mesmo
sem os convites, os "verdes" (cor da credencial press card
nessa edição do evento) entrem nas salas de desfiles antes
dos "laranjas" (imprensa em geral).
O primeiro dia do evento é o mais animado, pois começa com
coletivas de imprensa e uma fila para pegar as credenciais,
onde já começamos a rever os amigos que fazemos a cada edição.
Começa então a SPFW inverno 2003! Primeira parada:
sala de imprensa. Aliás, parabéns pela escada "inédita" que
dava acesso ao lounge da DirecTV com comes e bebes liberada
para os pobres jornalistas em trânsito. Foi um sucesso!
Já com uma lista de programação em mãos, partimos para o primeiro
desfile: Ricardo Almeida com presença garantida de Gisele
Bündchen nas passarelas e da primeira-dama na platéia. Concorrido
não é bem a palavra para definir o caos que se formou na entrada
da sala. Acho que "absurdo" seria mais apropriado. A fila
de fotógrafos, equipes de TV, convidados especiais (leia-se:
artistas famosos, outros nem tanto, clientes, patrocinadores
e amigos), imprensa com convite, imprensa com press card e
imprensa "sem convite" (a grande maioria) parecia não ter
fim, principalmente para a última categoria mencionada. Mas
isso não é problema, é só falar com a pessoa certa da assessoria
de imprensa que já te conhece há cinco anos ou mais e fala
com você durante o ano todo pelo telefone, e explicar a sua
situação. Uma amiga minha fez exatamente isso uma vez e ouviu:
- Mas você é de onde mesmo? E ela respondeu: - Você não está
me reconhecendo? Eu sou da Turma da Mônica, lembra?
Exageros a parte, depois de alguns empurrões, gritos e reclamações,
conseguimos entrar. Ufa! Agora, tudo resolvido e é só assistir
ao show. Quer dizer, depois de conseguir um lugar para sentar,
o que sem convite marcado fica meio difícil. Ah, mas nós somos
da imprensa e precisamos ficar bem localizadas, certo? Bem,
da terceira fila pra frente tá ótimo. E assim, depois de trocar
de lugar umas quatro vezes, finalmente conseguimos um lugarzinho
na fila E (não sei porque me veio a palavra excluído na cabeça).
Anotamos tudo e quando termina saímos correndo para a sala
de imprensa, onde quem trabalha com internet disputa um computador
com outros não sei quantos que precisam transmitir as informações
online; outros fazem fila nos telefones para mandar flashes
ou resolver outros pepinos fashion e onde também ficam os
assistentes dos fotógrafos transmitindo suas imagens digitais.
Tudo isso para que a moda brasileira esteja em todos os jornais,
revistas, sites, TVs e rádios o quanto antes.
Nesses minutos de intervalo entre um desfile e outro pode-se
tomar um café e guardar todos os papéis que juntamos nos últimos
40 minutos. Vamos então para o próximo da lista e, ah!!, temos
os convites. Dessa vez, com mais dignidade, empinamos logo
o nariz e vamos passando pelos seguranças com a maior moral.
Tudo bem, o convite que mandaram é numa tal de fila H!?!?!
Não é possível, deve ter alguma coisa errada. Só caiu a ficha
quando vi uma jornalista estrangeira atrás de mim. Meu Deus!!
Os brindes, que incrivelmente iam até a fila H já haviam quase
todos sumido como por encanto, assim como as pessoas que estavam
sentadas ao meu lado que agora estavam na minha frente. Mágica!
O pior é que uma dessas pessoas ainda confundiu a tal jornalista
estrangeira com a "Mãe Diná". Fiquei ainda imaginando o que
estaria fazendo a "Mãe Diná" num desfile da SPFW. Bom, vai
saber...
Aquela fila H estava muito deprimente e fui me encontrar com
uma amiga da fila B e acabei ficando por lá. Foi ótimo! E
assim os "pequenos contratempos" vão sendo resolvidos. Você
deve estar se perguntando agora, mas onde está o glamour
dos desfiles, todas aquelas pessoas famosas, os presentinhos,
modelos e tal? Está tudo lá, misturado e incrivelmente administrado
pelas assessorias que conseguem colocar 500 convidados de
fila A em 300 lugares, inimigos vip estragegicamente longe
um do outro, aguentar pitis de alguns, quase sempre lembrar
da cara de mais de mil jornalistas e ainda fazer isso tudo
dar certo.
Se depois de tudo isso, você ainda acha que é muito legal
trabalhar nesse hospício, eu te digo que concordo com você.
É muito bom!
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