1958 - "Papelão" na Suíça


Publicado na Folha da Tarde, domingo, 29 de junho de 1958

Neste texto foi mantida a grafia original

"Berna, 15 (de Aroldo Chiorino, enviado especial das Folhas) - Zezé Moreira não quis - seguindo, aliás, religiosamente os seus hábitos - anunciar ainda qual o quadro brasileiro que estreará nas oitavas de final da Copa do Mundo, em prélio que se realizará contra os modestos mexicanos, depois de amanhã, em Genebra. Todavia, pelas providências que o nosso técnico tem tomado nos exercícios mais importantes, fácil é deduzir que o conjunta praticamente está mesmo escalado. A par da preparação técnica e física do conjunto, Zezé não descuida, um instante sequer de acendrar as condições psicológicas de seus pupilos. À primeira vista, o adversário da estréia não oferece maiores preocupações. É sabido que a qualidade do futebol mexicano não lhes autoriza nenhuma chance mais séria num confronto com os brasileiros. A técnica dos astecas é ainda incipiente, mas de qualquer maneira o técnico nacional não quer deixar que os jogadores se empolguem com a possibilidade de triunfo fácil. Zezé respeita os primeiros contendores e reiteradamente tem frisado aos capitaneados de Bauer que o jogo de depois de amanhã é de suma importância."(Transcrito da Folha da Noite de 15 de junho de 1954).

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"Foram frustrados os desejos daqueles que queriam ver brasileiros e húngaros empenhados na final da V Copa do Mundo. O sorteio não esteve ao lado do sensacionalismo, e o nosso primeiro adversário nas quartas de final é a seleção magiar. O prélio foi marcado para Domingo vindouro, em Berna, e deverá ser assistido por torcida recorde, dado o cartaz dos dois quadros. Confirmou-se, assim, a nossa velha previsão, quando afirmamos que muito dificilmente o Brasil e a Hungria chegariam juntos à final, em vista da disposição das chaves. Depois de uma partida angustiosa contra a Iugoslávia, quando os craques tiveram a oportunidade de perceber que se joga bem em outros países, nossa seleção voltará ao gramado para decidir antecipadamente, com os húngaros, uma rivalidade criada pela imprensa de todo o mundo." (Transcrito da Folha da Noite de 21 de junho de 1954).

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"Berna, 22 (de Aroldo Chiorino, enviado especial das Folhas) - Anteontem Zezé esteve na Basiléia. Foi ver os húngaros "deglutirem" a equipe alemã. Ficou muito bem impressionado com o rendimento dos companheiros de Puskas, nos quais notou, uma vez mais, excelentes qualidades.

Depois do prélio, Zezé comentava a responsabilidade que os brasileiros terão sem dúvida no maior acontecimento de até então no certame. E destacou que lamenta não ter podido analisar há mais tempo a equipe húngara.

- "Se eu os acompanhasse pelo menos há um mês antes, estaria gora melhor preparado para enfrentá-los. É evidente, Todavia, ainda assim deposito inteira confiança nas possibilidades dos nossos homens. Não quero dizer que vamos vencer na certa: seria ridículo negar o valor técnico, o brilhantismo do futebol magiar. Sua equipe é realmente muito poderosa. Vencê-la é tarefa dificílima, Não tenho a menor dúvida em declarar que o time que nos mostra a Hungria no V Campeonato Mundial é um dos mais perfeitos que tenho visto atuar nestes últimos anos." (Transcrito da Folha da Noite de 22 de junho de 1954).

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Berna, 27 ( de Aroldo Chiorino, nosso enviado especial) - Zezé Moreira, após a derrota, embora conservando aparente calma, mostrava-se decepcionado com a conduta do árbitro Ellis. Disse-nos:

- Assumo a responsabilidade pela derrota do Brasil. Meus pupilos lutaram com denodo e, a despeito de algumas falhas individuais, o quadro conduziu-se satisfatoriamente."

Sobre a atuação do árbitro, declarou:

- "Não é de meu feitio lamentar derrotas. Mas, diante dos acontecimentos que nos privaram de continuar lutando pelo título, não posso silenciar. Jamais em minha vida presenciei tamanho esbulho. Foi revoltante a desonestidade que caracterizou a conduta do árbitro Ellis. O seu propósito de prejudicar o quadro brasileiro, facilitando a vitória dos húngaros, não passou desapercebido a ninguém. Classifico de calamitoso o seu trabalho, apesar de seu prestígio internacional. Errou porque quis. Apitou com o objetivo de nos alijar do certame. E conseguiu o seu objetivo." (Transcrito da Folha da Noite de 28 de junho de 1954). * Maggligen, 28 - Os brasileiros apresentarão um protesto pela atuação do juiz britânico que apitou a partida de ontem contra a Hungria. A objeção contra o juiz britânico Artur Ellis será apresentada hoje à FIFA e terá base em razões técnicas. Estas são: que o segundo ponto dos húngaros foi marcado por jogador em "off-side" e que uma penalidade máxima - com que os húngaros marcaram o terceiro ponto - foi concedida à Hungria por erro." (Transcrito da Folha da Noite de 29 de junho de 1954).

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Zurique, 28 - O principal jornal esportivo da Suíça, "Der Sport", disse, em um editorial, que o jogo entre o brasil e a Hungria foi o "jogo mais sujo" do campeonato Mundial de Futebol e uma bofetada no espírito esportivo." (Transcrito da Folha da Noite de 28 de junho de 1954).

 

 

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