"Rio, 1 - Tem havido entendimentos com o excelente zagueiro vascaíno
Domingos. A C.B.D. já está tratando de conseguir do Nacional de
Montevidéu o passe dele. Domingos pediu uma quantia elevadíssima
a título de luva. Se descer para 20 contos, o assunto será resolvido
imediatamente, e ele jogará ao lado de Junqueira ou de Luís Luz".
(Transcrito da Folha da Manhã de 2 de maio de 1934)
*
Rio,
1 - Ontem, cerca de 20 horas, o emissário da Confederação esteve
em conferência com o guardião Rei, na Praça Tiradentes. Este declarou-lhe
que havia resolvido voltar a defender as cores vascaínas. O emissário
ponderou-lhe o compromisso firmado e outras coisas mais. Rei chegou
a ficar um tanto impressionado pelo que convidou o emissário a acompanhá-lo
até a sua residência. O emissário ficou um tanto desconfiado, acabando
por dizer-lhe que os seus serviços não seriam mais necessários à
entidade cebedense.
Rei,
no entanto, ainda não devolveu os 20 contos da Confederação que,
a respeito, vai agir. Ao que parece, depois do sucedido nem a C.B.D.
nem o Vasco pretendem mais incluir Rei em sua turma."(Transcrito
da Folha da Manhã de 2 de maio de 1934)
*
"A
força que a C.B.D. apresentará no certame mundial em Roma, força
aliciada, não inspira confiança ao bom brasileiro, porque é mercenária,
fictícia, força aparente, mas fraqueza autêntica, dissimulada, que
tem que periclitar, porque os propósitos e as finalidades não são
positivamente patrióticos. A lição dos argentinos devia Ter repercutido
no espírito dessa gente.
A única
solução que vejo para o brasil comparecer a Roma forte, integralizado
na sua força futebolística, será a da pacificação antes, para depois
irmos à Itália. Embora com prejuízos técnicos para a delegação,
essa reconciliação ainda pode ser feita. Fora disso, o Brasil não
pode e não deve comparecer ao Campeonato Mundial, porque vai jogar
numa aventura o prestígio de seu futebol, que já não é continental,
mas sim mundial. "(De um artigo de Fausto Várzea, transcrito da
Folha da Manhã de 5 de maio de 1934).
"Rio,
11 - Acompanhado dos srs. Luís Aranha e Lourival Fontes, estiveram
à tarde no Palácio Guanabara, onde apresentaram despedidas ao chefe
do governo provisório, os jogadores brasileiros que vão disputar,
em Roma, o Campeonato Mundial de Futebol e que partirão amanhã.
Logo
após a chegada ao Guanabara, a embaixada esportiva foi recebida
pelo sr. Getúlio Vargas, que se achava acompanhado do ministro José
Américo e do interventor Pedro Ernesto. Depois de fazer a apresentação
dos jogadores, o sr. Luís Aranha expôs as demarches feitas para
a organização da embaixada, descrevendo as dificuldades encontradas
pela Confederação, em vista da oposição de vários elementos."
O sr.
Getúlio Vargas falou em seguida, dizendo aos esportistas que a missão
não era somente de caráter desportivo, mas envolvia um dever cívico
em prol da representação brasileira no estrangeiro.
"Ides
para um país - diz o chefe do governo provisório - que se renova
moral e materialmente. O italiano que se sentia deprimido antes
do advento do fascismo, sente-se agora orgulhoso de sua própria
raça. É esse o exemplo que deve guiar os esportistas brasileiros".
*
"Gênova,
27 - Os brasileiros empreenderam esforços vigorosos e tiveram várias
oportunidades de fazer valer a sua perícia incontestável, mas sua
fragilidade, em comparação com os espanhóis, era patente, e assim,
terminado o primeiro tempo, estes mantinham ainda a contagem de
3 a 0 em seu favor. No segundo tempo, os brasileiros iniciaram imediatamente
o ataque e o meia esquerda brasileiro, Leônidas da Silva, consegue
onze minutos depois de iniciado o meio tempo, aproveitar passe da
ala direita, marcando um ponto em favor de seu quadro. Estimulados
pela vitória, os brasileiros atacavam a cidadela espanhola, conseguindo
marcar mais um ponto, que foi, no entanto, anulado pelo juiz, devido
a uma falta do jogador brasileiro que marcou o ponto. O guardião
Zamora e os zagueiros defendem valorosamente as redes espanholas
contra as investidas dos adversários. Os brasileiros não lançam
a bola a grande distância e driblam com excesso os adversários,
mas jogam com muita habilidade, despertando interesse entre os espectadores.
Todavia, não conseguem desalojar a superioridade manifesta dos seus
adversários, e assim termina o jogo com a vitória dos espanhóis
pela contagem de 3 a 1. A impressão geral é de que os espanhóis
mostraram-se muito mais calmos, mas o jogo dos brasileiros foi mais
brilhante, conquanto conservassem a bola muito ao centro". (Transcrito
da Folha da Manhã de 29 de maio de 1934)
"Roma,
27 - O sr. Lourival Fontes, chefe da delegação esportiva brasileira,
em declarações feitas à Agência Havas sobre o resultado do jogo
disputado em Gênova, observou que os espanhóis haviam certamente
demonstrado perfeita coesão. Os nossos jogadores tinham, por sua
parte, sido vítimas de condições desfavoráveis. Em primeiro lugar,
as penalidades ao campo contrário e, em segundo, a anulação do segundo
ponto obtido no momento em que os brasileiros procuravam igualar
a contagem. Acentuou, outrossim, que o quadro fora constituído à
última hora, o que não dera aos jogadores a possibilidade de um
treino em comum. Aliás, o jogo comportava sempre uma porcentagem
de sorte." (Transcrito da Folha da Manhã de 29 de maio de 1934)
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