Rotativa que trabalhou muito agora vai parar


Publicado na Folha de S.Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 1968

Neste texto foi mantida a grafia original

Depois de 16 anos de trabalho ininterrupto a "velha" rotativa convencional da FOLHA DE S. PAULO deixou, pela primeira vez, de funcionar no último sábado.

Toda a edição dominical da FOLHA - mais de 200 mil exemplares - foi impressa pelo sistema "off-set", e a rotativa convencional pôde, por fim, parar um dia, depois de haver trabalhado cerca de 6 mil dias, sem falhar um só.

Com o avanço da técnica da imprensa, era natural que, depois de 16 anos, a rotativa já se encontrasse um tanto ultrapassada, com o surgimento de novos modelos, mais aperfeiçoados. Mas - como diz Schultz, o chefe da rotativa desde que ela foi instalada - "é um ferro velho ainda bastante jovem e pronto para qualquer serviço que for solicitado". Tanto a máquina como seus acessórios (fundição, secadeiras etc.) estão em perfeita ordem, e prontos para serem usados a qualquer momento.

Schultz não tem uma idéia, nem aproximada, de quantos exemplares foram rodados na "velha rotativa" neste 16 anos. "Posso dizer que foram bilhões, não milhões, bilhões de exemplares". E explica: quando a rotativa foi montada, novinha em folha, imprimia os três jornais da casa: FOLHA DA MANHÃ, FOLHA DA TARDE E FOLHA DA NOITE. Além disso, imprimia, ainda, jornais para outras entidades, almanaques, suplementos e tudo o mais que fosse necessário.

A rotativa, prestes a se aposentar por força do evento da "off-set", é uma "Goss Headliner Press". Originariamente era composta de seis unidades e uma dobradeira. Mas tarde foram-lhe acrescentadas mais duas unidades, passando a trabalhar com oito e duas dobradeiras e mais uma "abre-folha" que permite fazer quatro cadernos de uma vez. As duas máquinas de que se compõe a rotativa podem imprimir um jornal de 32 páginas cada uma; um de 64 páginas acumulado, trabalhando as duas máquinas. Pode também fazer um jornal de 128 páginas, trabalhando só em preto. Em sua velocidade máxima, poder tirar até 60 mil exemplares por hora.

"Nunca falhou um dia - diz Schultz com uma ponta de carinho - jamais deixou de editar o jornal. Pequenos defeitos, que de vez em quando surgiam, eram corrigidos logo. Podia atrasar uma, duas horas, mas que o jornal saía saía".

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