Para o jornal chegar às mãos do leitor, todas as manhãs, com as
últimas notícias, com as grandes reportagens, uma enorme equipe
dedica-se a um trabalho contínuo, que começa às primeiras horas
do dia, atravessa a madrugada e só cessa quando as folhas estão
sendo distribuídas em todo o país.
Para
esses homens, fazer jornal constitui uma rotina, mas na véspera
do dia 1.o havia uma certa tensão, tanto na fotomecanica como na
rotativa. Pela primeira vez a tiragem dominical da FOLHA DE S. PAULO
ia ser rodada inteiramente em "off-set". Era a prova de fogo para
homens e máquinas.
Gustavo
Binder, austríaco, com 30 anos de profissão e apenas alguns meses
na FOLHA, desde as primeiras horas da tarde já estava em seu posto,
providenciando para que nada viesse a falhar no momento preciso.
Ele é o chefe de fotomecanica e sua responsabilidade é no sentido
de que as chapas cheguem à rotativa à hora e a tempo. Seu auxiliar
direto, Roy Amâncio Ramalho, ocupava-se da sua parte: reprodução
das fotos na câmara automática, cujos negativos irão ocupar as "janelas"
abertas na prova de página.
Na
sala da rotativa, Manoel Guedes, 8 anos de profissão, reunia seus
homens para dar início ao trabalho. Manoel é o operador da máquina
"A", da qual cuida com sua equipe de 14 homens. Tudo tem que ser
providenciado com a devida antecedência, porque o jornal tem hora
para rodar e nada deve ser deixado para o último momento. Para aquela
edição de domingo, só a sua máquina iria consumir 100 bobinas de
papel, de 420 quilos cada uma: 42 mil quilos de papel.
Antonio
Marcondes, um moço que fez curso de eletricidade no SENAI, também
estava a postos no subsolo do prédio. A ele cabe uma tarefa muito
importante na rodagem da edição: fiscalizar o comando elétrico de
toda a sala da rotativa, vigiando, na cabina de controle, os painéis
de corrente contínua para determinar a maior ou menor velocidade
das máquinas, o retintamento etc.
No
comando de todos esses homens (120 na rotativa e 80 na fotomecanica),
estão três jovens norte-americanos: Jack, Willie e Bob.
Eles
vieram dos Estados Unidos ao mesmo tempo que o equipamento de "off-set".
Cuidaram de toda a montagem do aparelhamento e agora orientam os
profissionais brasileiros. Jack supervisiona, de modo geral, todo
o sistema "off-set"; Willie dedica-se especificamente à impressão
e Bob tem a seu cargo o zelo pelo equipamento eletrônico.
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A movimentação que, durante a tarde notava-se na fotomecanica, transferiu-se,
ao cair da noite, para a sala da rotativa. Manoel Guedes estava
junto aos botões de comando da máquina "A". Vista de baixo para
cima, a rotativa assemelha-se à ponte de comando de um navio e os
homens que nela trabalham a marinheiros, subindo pelas escadas,
atravessando os passadiços, colocando o papel, verificando a solução
de água e bicromato, reajustando as peças. Não há necessidade de
muitas ordens, gritadas em altas vozes: cada um sabe a tarefa que
lhe compete. Se algum dos homens da equipe encontra uma dificuldade
em seu trabalho, imediatamente ao seu lado surgem dois ou três companheiros,
para ajuda-lo a resolver o impasse. O que mais se ouve é o toque
das campainhas, anunciando a passagem de uma para outra fase do
trabalho.
As
chapas já estão chegando e imediatamente vão sendo colocadas na
máquina. Faz-se os últimos ajustes; Manoel Guedes aperta mais uma
vez a campainha. Depois o botão de comando e a máquina começa a
girar lentamente. Os primeiros exemplares saem brancos; tudo está
ajustado, a máquina dobrando e cortando bem. Então começa a impressão,
ainda lentamente. Verificam-se as páginas onde há tinta em demasia
e aquelas que têm pouca tinta. Nova ajustagem e agora está tudo
perfeito. Então a velocidade vai sendo gradativamente aumentada
e já não se pode mais acompanhar com os olhos as grandes letras
impressas, as fotos e os anúncios. Na boca de saída, os carrinhos
se enfileiram à espera dos exemplares do jornal que vão saindo.
Dali para os carros da distribuição e para as mãos dos leitores
em todo país.
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agora vai parar
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