O começo foi difícil para a seleção brasileira e para Ronaldo. A
Alemanha pressionava, e o atacante falhava em suas poucas oportunidades.
O Brasil e seu artilheiro pareciam estar dormindo.
Klose,
concorrente na disputa pela artilharia, quase abriu o placar aos
9min. Enquanto isso, o ex-melhor do mundo pouco aparecia. A boa
atuação da defesa alemã impedia qualquer ação isolada de Ronaldo,
que não mostrava muita luta e disposição para recuperar a bola do
adversário.
Na
primeira real chance brasileira, Ronaldo recebeu passe milimétrico
de Ronaldinho, ficou na cara de Oliver Kahn em um lance rápido.
Caprichou tanto no chute que a bola saiu sem força pela linha de
fundo, à direita do goleiro.
Aos
29min, um susto. Se em 1998 foi um choque com Barthez, desta vez
o zagueiro Linke atingiu a canela de Ronaldo, que caiu com expressão
de dor.
Mal
se levantou e estava de novo na cara de Kahn, mais uma vez com tempo
para tirar a bola do goleiro alemão. A finalização, porém, saiu
fraca, mascada.
As
coisas não estavam nada bem para Ronaldo, que por vezes mostrava
até apatia em campo. Nos escanteios, especialmente, os alemães levavam
grande perigo, e a imagem de Zidane cabeceando livre na final de
1998 certamente rondou a cabeça do brasileiro.
A chance
de ouro para o Brasil saiu já nos acréscimos do primeiro tempo com
o centroavante líder da artilharia da competição.
Após
uma bomba de Roberto Carlos, a bola sobrou quase na marca do pênalti
para Ronaldo, que girou o corpo e chutou, mas Kahn fez ótima defesa.
O intervalo
chegou com muitas dúvidas no time e em Ronaldo, que parecia não
estar com sorte. Fisicamente, seria duro aguentar uma prorrogação,
uma vez que o atacante mal tinha ficado os 90 minutos em todos os
jogos.
A etapa
final começou menos animadora ainda, com a Alemanha no ataque. Ronaldo
foi por um bom tempo um espectador.
Porém,
num lampejo, o atacante decidiu pela primeira vez desarmar com vontade
um rival no jogo.
Conseguiu
recuperar uma bola na entrada da área, rapidamente a passou para
Rivaldo e correu para receber na frente o complemento da tabela.
Mas
Rivaldo chutou a gol, o que inicialmente não deve ter agradado a
Ronaldo, que entrava praticamente livre na área. Kahn fez a defesa,
só que soltou a bola quase nos pés do goleador, que marcou.
O gol
de Ronaldo, aos 23min, foi um passo enorme para o título, um passo
gigantesco para a artilharia do torneio e um passo astronômico em
direção à consagração maior do mais popular jogador dos últimos
anos. Klose foi substituído, e a artilharia da Copa estava selada.
Ronaldo tinha quebrado a barreira dos seis gols que acompanhava
os artilheiros de Mundial desde 1978.
Mas
o melhor estava por vir. Se o primeiro gol foi fácil, o segundo
foi plástico. Cruzamento rasteiro e certeiro de Kleberson, deixada
malandra de Rivaldo, e conclusão perfeita de Ronaldo, deixando Kahn
sem chances, aos 34min.
Oito
gols em sete jogos. Com 12 gols na história das Copas, empatava
com Pelé. E se aproximava do ''Rei'' em número de títulos _aos 25
anos, já é bi mundial.
Para
ser ainda mais ovacionado pelos torcedores, Ronaldo foi substituído
no final da partida. Fora de campo, seguiu vibrando. Nos acréscimos,
não segurou o choro e teve que ser confortado pelo amigo Rodrigo
Paiva, assessor de imprensa da CBF.
O jogo
acabou com o Brasil e com Ronaldo no topo mais alto de suas trajetórias
no futebol. Nada de amarelar. Muito pelo contrário. Ele decidiu
como nunca.
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