A COPA É DO BRASIL

Seleção de Parreira derrota a Itália nos pênaltis e conquista primeiro tetracampeonato da história

Publicado na Folha de S.Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994

Neste texto foi mantida a grafia original

A seleção brasileira de futebol é a primeira tetracampeã do mundo. Venceu ontem no estádio Rose Bowl, em Pasadena, Califórnia, diante de 94.140 pessoas, a tricampeã Itália (3 X 2, na disputa de penâltis), na mais longa das decisões, e ganhou a 15ª Copa do Mundo, realizada nos EUA.

Romário, Branco e Dunga marcaram os pênaltis para o Brasil. Márcio Santos perdeu a sua cobrança. Baresi, Massaro (defendido por Taffarel) e Roberto Baggio perderam os pênaltis para a Itália. Albertini e Evani marcaram nas suas cobranças.

Foi a primeira final de Copas do Mundo que terminou 0 a 0. Também foi a primeira a ser decidida na disputa de pênaltis. Mário Lobo Zagalo é o único, no mundo do futebol, a participar de quatro títulos (58 e 62, como jogador, 70 como técnico, e 94 como auxiliar técnico da seleção brasileira).

O tetracampeonato coroa a boa fase internacional do futebol brasileiro, se aproximando do início dos anos 60, quando a seleção foi bicampeã e o Santos bicampeão de clubes. O Brasil é tetra em 94 e o São Paulo é o atual bicampeão mundial de clubes.

Após a vitória, os brasileiros homenageram o piloto Ayrton Senna com uma faixa que dedicava o tetra a ele. Com a vitória de ontem o Brasil já está na Copa de 1998 na França e se mantém como o único país a participar de todas as Copas.

A seleção brasileira igualou ontem o recorde da Alemanha em número de jogos de um país em Copas: 73 partidas. "Estou satisfeito pelo Brasil ser novamente o número 1 do mundo", declarou o técnico Carlos Alberto Parreira, que deixará a seleção brasileira.

O Brasil teve a melhor campanha da Copa, com seis vitórias (uma por penâltis) e um empate. Após 4.800 minutos de bola jogada e 142 gols, ficou a imagem de uma grande Copa do Mundo. Ela contemplou desde o nível técnico, superior ao da Copa passada, até o elemento dramático (um jogador, Escobar, da Colômbia, foi morto por marcar um gol contra).

Foram marcados 142 gols em 52 jogos. Uma média de 2,7 gols por jogo. A média de tempo de jogo corrido pode ser considerada excelente: os dados disponíveis até ontem mostravam que a bola circulou, em média, 62 minutos e 17 segundos, 7 minutos a mais do que na última Copa.

Também, com relação à Copa da Itália, foi uma Copa em que houve uma maior variação nos esquemas táticos e os jogadores mais habilidosos tiveram espaço para mostrar seu talento.

Quando a Copa veio para os EUA temia-se que os estádios ficassem vazios. Não havia tradição de jogo de "soccer", como é chamado aqui o futebol.

Ocorreu o inverso. Os recordes anteriores de público em Copas foi largamente superado; 3.576.2361 ingressos foram vendidos no Mundial dos EUA. A cifra representa um milhão a mais de pessoas em estádios do que na Copa passada, na Itália -que tem o mais disputado campeonato de clubes do mundo.

 

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