Mario
Fontes/Folha Imagem
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Desfile
de Jean-Paul Gaultier em 1992
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Por CLAUDIA GARCIA
Com o início dos chamados "loucos anos 20", as liberadas
jovens usavam vestidos mais curtos, com decotes nas costas e braços.
Elas não queriam exibir seios opulentos, então usavam sutiãs
especiais ou corpinhos, que achatavam o busto. Na verdade, eram como faixas,
amarradas nas costas, feitas com um pedaço de tecido leve, como
cambraia ou crepe. Nessa época, as roupas de baixo eram brancas,
pretas, bege ou cor-de-rosa.
No início dos anos 30, o estilo "garçonne" saiu
de moda e a silhueta feminina voltou a ser valorizada. Começaram
a surgir tecidos elásticos, feitos com o látex, o que permitiu
a fabricação de modelos mais confortáveis e uma maior
diversidade de tamanhos.
Os irmãos Warner inventaram vários modelos revolucionários
de sutiãs, como o feito com um tecido elástico nos dois
sentidos, em 1931. Mais tarde, criaram os bojos de profundidade variável
e as alças elásticas.
Em 1935, para aumentar os seios, surgiram os bojos com enchimento, e,
em 1938, apareceram os sutiãs de armação, que deixavam
os seios mais protuberantes. A atriz Mae West foi o símbolo dos
seios acentuados, durante os anos 20 e 30.
Em 1939, surgiu um modelo de sutiã com bojos mais fundos e pespontos
circulares, que deixavam os seios pontudos e torneados. Foi um verdadeiro
sucesso de vendas, chegando ao seu auge na década de 50.
Após a Segunda Guerra Mundial, o náilon, desenvolvido em
1935, começou a fazer parte da produção de roupas
íntimas. Com ele, foi possível fabricar sutiãs leves,
resistentes e com brilho.
Dior e seu "New Look", trouxeram, no pós-guerra, a valorização
das formas femininas. A moda era os "seios-globo", bem erguidos.
A estética vigente era das "pin-ups", traduzida nas formas
de algumas atrizes, como Jane Russel e Sofia Loren.
Surgiram, então, modelos de sutiãs, como o "very secret",
de náilon, feito com almofadas de ar muito finas, para aumentar
os seios pequenos.
Em 1955, foram criados novos modelos de renda preta e o sutiã peito-de-pombo,
que aproximava os seios, deixando-os estufados.
No início dos anos 60, o alvo dos fabricantes eram as jovens consumidoras,
as adolescentes. Foram lançados modelos mais simples e delicados.
Esse novo conceito influenciou toda a linha de lingerie dessa época.
Em 1960, foram finalmente criadas as alças elásticas reguláveis,
abolindo os colchetes, que eram usados por dentro das roupas para prender
os sutiãs.
Com a revolução sexual dos anos 60 e 70, as mulheres se
permitiram não usar mais os sutiãs, último símbolo
de repressão após os apertados espartilhos. Em 1968, algumas
feministas queimaram seus sutiãs em frente ao Senado, em Washington,
nos EUA.
A moda era seios pequenos e atitude, que trouxeram sutiãs naturais,
leves e transparentes, dando a impressão de nudez.
A partir dos anos 80, a indústria de lingerie viveu uma verdadeira
explosão de tecnologia com o surgimento da lycra, que pode ser
confeccionada com materiais mais finos e delicados. Combinada em pequenas
proporções a qualquer fibra natural, a lycra permite o ajuste
perfeito.
A última grande mudança no conceito do sutiã foi
o "outwear", usado para fora, na forma de bodys, bustiês,
corpetes e sutiãs como roupas de sair. Madonna foi uma das primeiras
a lançar essa moda, ainda no começo de sua carreira.
Com o surgimento da lycra, das microfibras e outros novos tecidos, como
rendas e algodões elásticos, cores e estampas, os sutiãs
chegaram a um nível de sofisticação, qualidade e
conforto nunca vistos. Pode-se, hoje, levantar, aumentar, aproximar ou
separar os seios apenas usando o sutiã certo.
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