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Seriados :: Vigilante Rodoviário (1959)

JOÃO BONTURI
free-lance para a Folha Online


A idéia para o Vigilante Rodoviário surgiu em 1958. O seriado foi produzido por Alfredo Palácios, dirigido por Ary Fernandes, e tinha no papel título Carlos Miranda, que inicialmente era o diretor de produção, mas não resistiu à tentação de fazer um teste para o papel, para o qual foi aprovado. Outra estrela do seriado era o cão pastor alemão Lobo.

O piloto da série foi ‘Diamante Grão Mongol‘ (1959), filmado sem patrocínio, no mesmo ano em que Carlos fez o Curso de Formação de Policial Rodoviário.

Com o episódio piloto em mãos, os realizadores só conseguiram um ano depois o patrocínio da Nestlé do Brasil. Logo após a assinatura do contrato, ocorreu uma brutal desvalorização do cruzeiro. Os 38 episódios que compuseram a série foram filmados com sacrifício e economia pois as películas eram importadas.

Fama e suor
Famoso em todo o país, Carlos Miranda ganhava dois salários mínimos pela participação no seriado. A mesma cópia que era exibida às quartas, às 20h, na TV Tupi de São Paulo, viajava em seguida para o Rio de Janeiro para ser mostrada no dia seguinte. Assim, ia de capital em capital, já que não havia rede nacional de televisão no Brasil. Quando o seriado estreou (1961) existiam dez capítulos prontos.

Além de obter 92% de audiência em São Paulo, o Vigilante Rodoviário foi levado ao cinema em dois títulos: ‘O Vigilante Contra o Crime‘ (1962) e ‘O Vigilante em Missão Secreta‘ (1964). A série foi reprisada pelas TVs Tupi, Cultura e Globo, com a última exibição em 1976.

Recursos
O Vigilante Rodoviário era um herói sem truques e efeitos especiais, usava as armas comuns de um policial e só atirava dentro dos limites legais. As suas vantagens estavam na habilidade do cão Lobo, na máquina do seu Simca Chambord e na moto Harley Davidson 1200cc.

Lobo, cujo nome verdadeiro era King, pertencia ao soldado Luís Afonso, da extinta Força Pública do Estado de São Paulo e tinha cinco anos quando começou a série. O animal apegou-se a Carlos e com ele ficou até a morte.

A Simca do Brasil cedeu cinco automóveis modelo Chambord para a série, dois deles foram pintados com o logotipo da Polícia Rodoviária nas portas e ficaram conhecidos como o ‘Simca do Vigilante‘. Nas rodovias, a Polícia Rodoviária não utilizava esse modelo de veículo.

A moto Harley Davidson 1200cc (1952) pertencia à Polícia Rodoviária Estadual. Posteriormente a máquina foi adquirida por um colecionador da cidade de Bebedouro, no Estado de São Paulo, onde se encontra em um museu particular.

Da tela para a vida
Em 1965, após o encerramento do seriado, Carlos Miranda ingressou na Polícia Rodoviária do Estado de São Paulo, onde começou como segundo tenente e seguiu carreira até 1988, quando foi reformado na condição de tenente coronel. Em 1995, a sala de imprensa do Comando de Policiamento Rodoviário recebeu o nome de Tenente Coronel Carlos Miranda "O Vigilante Rodoviário".

Vigilante 2001
A Globo tinha um projeto para um remake comemorativo dos 40 anos da série, mas foi atropelada pelo diretor do seriado original, Ary Fernandes, que se associou ao produtor Ricardo Frota para rodar 13 episódios de 45 minutos cada. O Vigilante 2001 deve ser uma mistura de Indiana Jones com 007. Carlos Miranda, agora com 67 anos, considera que, apesar dos recursos hoje existentes na TV, o remake não será marcante como o original.

 

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