PIXINGUINHA


Publicado na Folha de S.Paulo, domingo, 17 de agosto de 1980

Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha, nasceu no dia 23 de abril de 1898 no bairro de Piedade, Rio de Janeiro.
Seu aprendizado musical começou aos 12 anos de idade tocando cavaquinho e bombardino, para depois dedicar-se à flauta onde fez sua primeira composição: "Lata de leite".
Em 1915 Pixinguinha fez sua primeira gravação, para a Casa Falhauber: com o "Choro Carioca", interpretou o tango "São João debaixo d'água" de seu professor Irineu de Almeida. Dois anos depois gravou "Rosa" e "Sofres porque queres", ambos de sua autoria.
Juntamente com o conjunto "Os Oito Batutas" (formado em 1919 e composto de violão, piano, bandolim, pandeiro, cavaquinho, flauta, piston e canto), Pixinguinha excursionou pela França sendo o pioneiro da divulgação da música brasileira no Exterior. A temporada que inicialmente iria durar um mês, estendeu-se durante mais de meio ano.
Em 1926, foi dirigir a orquestra do Teatro Rialto onde destacou-se como grande orquestrador, profissão até então inexistente no Brasil, pois os arranjos já vinham prontos da Europa.
Ficou com sua flauta até 1946 quando trocou-a pelo saxofone devido à falta de firmeza de suas mãos, mas juntou-se a Benedito Lacerda, excelente flautista, e a dupla gravou vários chorinhos como "Um a zero", "O gato e o canário", "Cinco companheiros" etc.
Na década de 50 ficou meio esquecido. Era a época de bolero, tango e samba-canção, estilo de música oposta ao saltitante dos chorinhos de Pixinguinha.
Com a chegada da Bossa Nova, teve uma atividade até então inédita em seus cincoenta anos de carreira artistica: criar a trilha sonora para o filme "Sol sobre lama", junto com Vinicius de Moraes. Foram compostas quatro novas músicas e o poeta colocou letra em "Lamento".
Em 1964, Pixinguinha ficou vinte dias internado numa casa de saúde devido a um enfarte. Compôs uma música por dia, o que era como um diário dos acontecimentos. "Solidão", "Mais quinze dias", "No elevador", "Mais três dias" e "Vou pra casa" são algumas delas.
Sua música famosa é "Carinhoso", composta em 1923 e que quatorze anos mais tarde, a pedido do cantor Orlando Silva receberia letra de João de Barro.
Morreu, no Rio de Janeiro, no dia 17 de fevereiro de 1973.



CARINHOSO

Meu coração
não sei porque
bate feliz quando te vê
E os meus olhos
ficam sorrindo
e pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
foges de mim

Ah! Se tu soubesses como sou tão carinhoso
E o muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem, vem sentir o calor
Dos lábios meus
A procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz
Bem feliz


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