RIO,
24 (FOLHA) - Por «não poder ver defunto sem chorar»,
ou seja, ver os outros «encherem a caveira» e ficar de
fora sem poder beber, Pixinguinha andou espalhando que iria passar
o seu 69.o aniversario fora de casa, mas o boato não foi suficiente
para afastar os amigos que foram levar seu abraço ao maestro
Alfredo da Rocha Viana Junior.
«Seria rompida uma tradição de 68 anos, explicou
da. Albertina, esposa do musico - o aniversario dele sempre foi comemorado,
e bem». A tarde, sua casa estava repleta dos membros da Congregação
da Igreja Batista de Olaria, e o pastor Joel Ferreira oficiou um culto
em ação de Graças.
O
ano que vem
No
ano que vem a coisa não vai ficar assim. Os 70 anos de mestre
Pixinguinha, serão comemorados com o povo numa homenagem
publica. Os amigos já estão numa campanha nesse sentido.
Para Pixinguinha restou a lembrança dos seus 50 anos quando
«estava em ponto de bala». «Foram três dias
de festas - conta o velho boemio; mais de mil litros de chope foram
consumidos nesta casa. Ari Barroso, Paulo Bittencourt, Benedito
Lacerda, Marino Pinto, Jupiacara, Peres Leal, Antonio Calheiros,
os irmãos Pereira Matos, muita gente mesmo. Teve gente dormindo
em galinheiro e quem tinha de trabalhar ia mas depois voltava. Três
dias e três noites.
«Hoje não posso beber, mas estou satisfeito em passar
o meu aniversário com minha família, minha esposa
e meu filho». Professor de musica aposentado, passa os dias
acompanhando seu filho Alfredinho, que toca piano. Vê muitas
qualidades no filho mas nunca pediu uma oportunidade para o rapaz.
Não sabe até quando vai aguentar a «quarentena»
da bebida, dieta na comida e pouco fumo.
Vive tranquilo na ex-rua Belarmino Barreto, hoje rua Pixinguinha
e espera acabar os dias ali mesmo, em Olaria, e para seus amigos
que não foram na conversa de aniversario fora de casa, mandou
preparar um barril de refresco.
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