ARGENTINA NEGA IDÉIA DE ATENTADO A BUSH
O governo argentino desmentiu suposto plano de atentado ao presidente
dos EUA, George Bush, que vai ao país dias 5 e 6. Os rumores
começaram com a prisão de um homem acusado de ser
guerrilheiro, Bush vem ao Brasil segunda-feira.
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Tereza Rangel
De Buenos Aires
O Ministério
do interior da Argentina descartou a existência de um plano
de atentado contra o presidente norte-americano, George Bush, durante
sua visita ao país na próxima semana. A investigação
foi pedida pelo próprio ministério, a partir da prisão
de Carlos Anibal Monzón Novena, 41, ontem de madrugada. Ele
foi detido sob a acusação de pertencer a um grupo
guerrilheiro e por porte ilegal de armas e munições
do Exército e da polícia de Buenos Aires.
O governo argentino determinou uma grande investigação
sobre a possível "operação Bush"
e manteve sigilo sobre seu andamento durante todo o dia de ontem.
À noite o ministro Julio Mera Figueroa, do Interior, descartou
com veemência o plano para matar Bush. Evitou falar sobre
o processo contra Monzón Novena. "Isso está a
cargo da Justiça e ela vai se pronunciar sobre o fato",
afirmou.
A chancelaria argentina informou no final da tarde que não
recebera nenhum pedido de reforço do esquema de segurança
para a visita de Bush, quarta e quinta-feira da semana que vem.
A embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires informou que não
faria nenhuma declaração sobre o caso.
Bush receberá segurança de agentes argentinos e norte-americanos.
O veículo para transportá-lo, uma limusine de oito
toneladas blindada, será trazido dos Estados Unidos especialmente
para sua segurança durante sua estadia na Argentina.
Pela manhã, ao ser veiculada a prisão de Monzón
e sua ligação com um possível atentado a Bush,
o ministro do Interior argentino apressou-se em avisar a imprensa
que exigiria uma investigação completa da polícia
sobre esse caso.
Monzón foi detido pela polícia estadual de Buenos
Aires e se encontra no Palácio Tribunais, a penitenciária
ligada aos tribunais argentinos.
Monzón vai responder a processo por porte ilegal de armas
de fogo e participação em um grupo político
ilegal e que é de guerrilha.
A polícia argentina encontrou armas, granadas e material
de divulgação do até então desconhecido
grupo guerrilheiro União de Trabalhadores Revolucionários,
uma possível dissidência do Exército Revolucionário
do Povo (ERP). O ERP é integrado por militares que lançaram
um ataque ao quartel de La Tablada, no ano passado.
Somente Monzón, que trabalhava como vendedor autônomo
de material de limpeza em Buenos Aires, foi detido. Ele já
esteve preso de 1976 a 1982, durante a ditadura militar na Argentina.
De acordo com o jornal argentino "Diário Popular",
o grupo União de Trabalhadores Revolucionários é
comandado por Monzón e tinha um plano para assassinar o presidente
norte-americano na quarta-feira, dia 5 de dezembro.
Segundo o jornal, o atentado seria feito durante o percurso que
Bush fará até a Sociedade Rural, em Palermo, um bairro
situado na região norte da cidade. O plano, segundo o "Diário
Popular", previa também o assalto a uma importante empresa
da capital argentina, para "desviar a atenção
da polícia e facilitar o atentado".
Apesar de o governo do presidente Carlos Menem descartar a "operação
Bush", a notícia foi um dos assuntos mais discutidos
ontem na Argentina. As rádios e emissoras de televisão
noticiaram a prisão de Monzón Novena e sua ligação
com o plano durante todo o dia.
Afinal, qualquer possibilidade de um plano de atentado às
vésperas da chegada do presidente norte-americano ao país
traz preocupação para o governo e vira assunto nos
meios de comunicação.
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Claudio Camargo
Da Redação
No
dia 23 de janeiro de 1989, um grupo de extremistas de esquerda atacou
o quartel de La Tablada, a poucos quilômetros de Buenos Aires.
Depois de quase 20 horas de combate, os militares dominaram os atacantes.
Pelo menos 28 terroristas morreram e 18 foram presos. Os atacantes
integravam o Movimento Todos pela Pátria (MTP) e alguns militaram
no ERP (Exército Revolucionário do Povo, grupo guerrilheiro
trotsquista aniquilado na década de 70).
O ex-líder do ERP, Enrique Goriarán Merlo, foi acusado
de ser um dos organizadores do ataque.
Em outubro de 89, 13 pessoas que participaram do ataque ao quartel
foram condenadas a penas que variam entre 15 anos à prisão
perpétua.
Grupos de direitos humanos da Argentina acusaram o Exército
de ter fuzilado terroristas depois de eles terem se rendido. Esses
grupos também acusaram a Justiça de ter se dobrado
às pressões dos militares.
Os integrantes do MTP "justificaram" o ataque como uma
"ação preventiva" para evitar um golpe militar
em andamento. O episódio fortaleceu os militares argentinos,
que até então estavam isolado depois de três
rebeliões militares contra o julgamento de oficiais acusados
de violação de direitos humanos durante o regime militar
(1976-83).
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