NUREMBERG, 29 As primeiras informações
relativas a descoberta do testamento de Hitler revelam que os documentos
foram descobertos em uma casa de campo situada em Tegernsee, 48
quilometros ao sul de Munique, nas vizinhanças da residência
do General Truscott. Comandante do Terceiro Exército dos
Estados Unidos.
O testamento que constitui uma prova definitiva da morte de Hitler,
foi descoberto por elementos da unidade britânica de contra-espionagem,
que trabalham com os norte-americanos. É datado do dia 29
de abril de 1945, e conta com o testamento de Joseph Goebbels, ex-Ministro
da Propaganda do Reich do ex-Vice-"Führer" do Reich,
Martin Bormann, do ex-representante de Himmler na Tchecoslaváquia,
Hans Krebs, e de Wilhelm Bergdorf.
Foi também descoberto o original do contrato de casamento
de Hitler com Eva Braun, testemunhado por Martin Barmann e por Goebbels.
Outro documento descoberto, além do testamento político
Hitler foi o seu testamento particular dispondo de sua fortuna pessoal.
Êste conta com o testamento de Martin Bormann, Goebbles e
Nikolaus von Below, ajudante de Martin Bormann. Foram encontradas,
também, três fotografias, duas, ao que se acredita,
de Eva Braun, e a terceira de um menino desconhecido, aparentando
uns doze anos de idade. Ainda não se sabe se o menino é
filho de Eva Braun.
Outro documento encontrado foi um passe de viagem datado do dia
16 de maio de 1945 e fornecido pelo Burgo-Mestre de Seinbeck a Frederick
Wilhelm Paustin, então ajudante de Bormann. Paustin foi localizado
por elementos da unidade britânica de contra-espionagem em
Tegernsee, pequena vila situada nas margens do lago do mesmo nome.
Paustin vivia sob o pseudônimo de Sander. Paustin não
estava em casa quando os investigadores chegaram. Contudo, prolongadas
investigações realizadas na residência da irmã
da amiga de Paustin resultaram na descoberta de uma maleta contendo
os documentos que estavam sendo procurados em todo o mundo. Paustin
está agora detido. Todos os documentos estão datados
de 29 de abril de 1945, pouco antes do colapso da resistência
alemã.
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NUREMBERG,
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Em meio aos documentos secretos de Hitler, hoje descobertos
em Tegernsee, encontra-se uma carta de Bormann dirigida ao Grande
Almirante Doenitz, na qual transmitia ao seu cuidado os documentos
já do conhecimento do público e que são o testamento
político e particular, além de outros.
Nessa missiva, Martin Bormann revela o desespero da Alemanha, que
então já se convencera da derrota.
"Desde que todas as nossas divisões malograram - afirma
Bormann em sua missiva - e como a situação já
não mais comporta quaisquer esperanças, o "Führer"
ditou os testamentos aqui juntos que são entregues ao vosso
cuidado. Heil Hitler".
O General Lucien Truscott, Comandante do 3º Exército
dos Estados Unidos, procurado pelos jornalistas, declarou que o
texto de alguns dos documentos teriam de ser conservados em segredo
até a conclusão de novas investigações.
Contudo, o General Truscott liberou algumas passagens do testamento
que, no fim, Hitler tentou jogar a culpa da guerra aos ombros da
Inglaterra a do semitismo internacional.
"Não é verdade escreveu Hitler que
eu ou qualquer outra personalidade da Alemanha tenha desejado a
guerra em 1939. Ela foi planejada e provocada inteiramente por aqueles
estadistas internacionais que eram de origem semita ou trabalhavam
em benefício dos interêsses judeus. Eu mesmo fiz numerosas
propostas para a redução e limitação
dos armamentos, que a posteridade não poderá compreender
por toda eternidade.
Portanto, as razões do desencadeamento desta guerra não
devem ser atribuídas a mim. Além de tudo, nunca desejei
que, após a primeira terrivel guerra mundial, viesse a surgir
uma segunda guerra contra a Grã-Bretanha ou contra a América."
Hitler escreveu ainda que o ódio votado ao povo alemão
desapareceria eventualmente e que o mundo julga-lo-ia o único
responsavel. Afirmou que até três dias antes do início
da guerra entre a Alemanha e a Polônia, propusera a solução
do problema ao Embaixador britânico em Berlim, isto é,
um plebiscito sob fiscalização internacional, como
no Sarre.
"Esta proposta escreveu Hitler foi rejeitada sem
explicações. Mas foi rejeitada unicamente porque os
circulos responsáveis na política inglêsa desejavam
a guerra e também, em parte, por motivos dos esperados negócios
que poderiam surgir e ainda em resultado da propaganda realizada
pelos judeus internacionais. Todavia, não deixei dúvidas
quanto ao fato de que os verdadeiros culpados deste conflito criminoso,
os judeus, teriam de pagar pelos seus crimes, se é que se
quisesse que os povos da Europa fôssem novamente tratados
como tal. Também não deixei dúvidas de que
não toleraríamos desta vez que milhões de crianças
européias arianas perecessem a fome, que milhões de
homens desaparecessem e que centenas de mulheres e crianças
fôssem queimadas e bombardeadas até a morte em suas
cidades, sem a mínima culpa por esta punição,
mesmo que ela fôsse administrada por métodos mais humanos."
Hitler também escreveu no seu testamento político
que a primeira guerra mundial foi "imposta ao Reich" e
disse que naquela guerra "empreguei minhas modestas fôrças
como voluntário em 1914".
O contrato de casamento de Hitler com Eva Braun, com a qual o "Führer"
declarou ter "gozado de muitos anos de verdadeira amizade",
revelou que ela nasceu em Munich em 6 de fevereiro de 1910.
Mesmo ainda quando Hitler e Eva Braun contemplavam a morte, de preferência
à desgraça da renúncia ou da rendição
Hitler recusou-se a acreditar que a causa alemã estivesse
perdida, muito embora os russos já estivessem batendo às
portas de Berlim.
Em seu testamento político, Hitler formou outro Gabinete,
composto de "homens honrados, que continuarão a guerra
por todos os meios", a saber: Almirante Doenitz, Joseph Goebbels,
Martin Borman, Arthur Seise Inquart, Paul Gaisler (gauletter) de
Munich e Primeiro-Ministro da Baviera; Comandante-Chefe do Exército,
Marechal Ferdinand Schoerner, que estava na frente Oriental; Comandante-Chefe
da "Luftwaffe", Marechal Ritter von Greiz, que se suicidou
com Veneno, no hospital de Salzburg, a 21 de maio de 1945; lider
para o Reich dos "SS" o Chefe da Polícia alemã,
Kari Hanke, "gauleiter" da Baixa Silesia; Ministro da
Economia, Walter Funk; Ministro da Agricultura, Herbert Backs; Ministro
da Justiça, Otto Thieerack; Ministro das Finanças,
Conde Schuerin von Krosigk; Ministro das Igrejas e da Educação.
Gustav Schefl, "Chergrupphenführer" dos "SS";
Ministro do Trabalho, Dr. Huppesuer; auxiliar do Ministério
de Armamentos, lideração por Spoor; armamentos, Saur,
prisioneiro agora do VII Exército americano; Chefe da Frente
do Trabalho, Robert Ley, que se suicidou a 26 de outubro, em sua
cela de Nurembergue, estrangulando-se com uma toalha.
Funk Thierack e von Krossigk, ocuparam os mesmo postos anteriormente.
Embora Hitler tivesse "muitos anos de verdadeira amizade"
com Eva Braun, não se casou com ela até que as granadas
soviéticos começaram a cair em Berlim, a 29 de abril
de 1945. O casamento foi realizado por Walter Wagner, Conselheiro
Municipal de Berlim, conforme consta do documento apenso ao contrato
matrimonial.
Wagner escreveu:
"As pessoas que vão ser casadas declararam ser de pura
descendência ariana e não estar infetadas de doenças
hereditárias, o que se excluiria do matrimônio. Considerando
a situação da guerra e as especiais circunstâncias,
requerem o matrimônio conforme as leis especiais de guerra.
Também requerem a publicação oral dos proclamas
seja suprimida, assim como as delongas legais. O requerimento é
aceito. A parte oral do proclama foi conferida e encontrada em ordem."
A declaração de Wagner continua:
"Vamos iniciar a cerimônia do matrimônio. Em presença
das testemunhas, pergunto-vos, meu "Führer", Adolf
Hitler: "Aceitais a Srta. Eva Braun como vossa espôsa?
Se a aceitais, responde: "aceito". Agora pergunto-vos,
Srta. Eva Braun: "Aceitais nosso "Führer" Adolf
Hitler, como vosso espôso? Se aceitas, respondei "aceito".
Depois de os dois nubentes terem manifestado suas intenções,
declarei ser legal êste matrimônio perante a lei".
O documento está datado de 29 de abril de 1945.
Hitler, Goebbels e Burmann assinaram a ata matrimonial. Quando Eva
assinou, usou pela primeira vez seu nome de casa, "Senhora
Hitler".
O General Truscott acrescentou:
"Êstes documentos são de inestimável valor
para formarmos uma visão dos últimos dias de derrocada
do nazismo."
O Chefe do Serviço Secreto, General Truscott, declarou que
apostaria sua reputação na crença de que os
documentos eram genuínos.
Eis a história de como o testamento de Hitler foi afinal
descoberto:
"No dia seguinte ao Natal, um agente do serviço secreto
britânico cujo nome não pode ser divulgado, forneceu
ao Corpo de informações Secretas britânico nº
303, uma indicação de que "Paustin - ou Zanner,
para se lembrar aqui seu suposto nome - estava morando nas vizinhanças
do Q. G. do III Exército, em Bad Tols. O agente britânico
declarou que sabia que Paustin fôra o ajudante de confiança
de Bormann, tendo deixado Berlim precisamente após a entrada
dos russos na Capital germânica, levado consigo numerosos
documentos sôbre os acontecimentos passados no último
dia do regime nazista. No dia 27 de dezembro - ou seja quinta-feira
passada - os norte-americanos começaram suas buscas, tendo
descoberto registros relativos a Friederich Wilhelm Paustin, demonstrando,
através dos mesmos, que a pessoa portadora de tal nome estivera
recolhida a um hospital alemão denominado "Secheim",
desde 6 de junho a 24 do mesmo mês, em 1945, tendo então
dado alta e seguido como prisioneiro de guerra para Bad Albling.
Êsse homem, ao que se evidenciou, procurou ocultar-se nas
fileiras da "Wehrmacht", na esperança de escapar
a exames em tôrno de sua identidade, tendo sido depois licenciado
do campo, juntamente com milhares de outros prisioneiros de guerra
do Exército alemão. Entretanto, conferindo-se os registros
do Serviço Secreto, veio-se a observar que Paustin estava
morando em Tegerneses, onde estava empregado, exatamente a 15 milhões
do Q. G. do 3º Exército. Agentes do Serviço Secreto
norte-americano, acompanhados de colegas britânicos, deram
uma busca na residência de Paustin. Vieram a saber que o homem
procurado partira logo antes do Natal para Wilshmen, perto de Nassau,
sôbre o Danúbio, onde fôra visitar a namorada,
na área do III.o Exército.
Agentes britânicos seguiram imediatamente para Wilshoven,
a fim de prenderem Paustin, enquanto um destacamento de secretas
norte-americanos prosseguia na caçada aos documentos.
Diversas casas foram varejadas por agentes à paisana e por
fim um investigador descobriu uma cunhada da garota de Paustin.
Durante o interrogatório, a moça declarou:
"Paustin não tem vindo aqui ultimamente, mas quando
se foi embora da última vez, uma velha mala de roupas, sem
se importar em ir procurará desde essa ocasião".
Debaixo de uma cama, no quarto mais acanhado da casa, um dos agentes
atinou com a velha mata, bem desleixada, deixada propositalmente
por certo, nessas condições a fim de dar a entender
que não poderia encerrar nada de importante. Entretanto quando
o agente secreto abriu a mala, seus olhos contemplaram com assombro
os documentos que contavam a história do "César",
que reduziu a Europa a farrapos e que arrastou consigo, para o túmulo,
na sua hora mais amarga, sua derrota e a mulher que êle não
conseguiu converter em imperatriz da Europa.
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