ASSINADO ONTEM À TARDE EM BERLIM UM PACTO ENTRE A ALEMANHA
A ITÁLIA E O JAPÃO
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Publicado
na Folha da Manhã, sábado, 28 de setembro de
1940
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Os Paises do "Eixo" Procurariam Evitar um Auxílio
Eficaz por Parte dos Estados Unidos à Inglaterra - A Cerimônia
da Assinatura se Realizou na Chancelaria do Reich - Altas Autoridades
e Jornalistas Extrangeiros Presentes à Importante Solenidade
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BERLIM, 27 - Uma ampla aliança foi firmada hoje pelo Japão,
Alemanha e Itália, e destinada a assegurar-lhes o dominio do
mundo em seus movimentos expansionistas para a implantação
de "novas ordens" na Europa e na Asia.
Espera-se que um quarto país - Espanha - adira ao pacto e preste
sua colaboração aos signatários, julgando-se
entendido nas esferas bem informadas que logo será anunciada
a estruturação de um acordo de vastas proporções
entre as potências do "Eixo" e a Espanha.
Os circulos alemães declaram que o pacto é a resposta
às maquinações dos Estados Unidos e Grã-Bretanha
para manter o "status quo" mundial e ao recente convênio
pelo qual a União Americana cedeu à Grã-Bretanha
50 contra-torpedeiros em troca de bases navais e áreas britânicas
no hemisfério ocidental.
As potências ditatoriais - segundo os mesmos circulos, - previam
uma aliança entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha,
pelo que se apressaram a firmar o pacto triplice para impedir que
os Estados Unidos prestem eficaz auxilio à Grã-Bretanha
no conflito europeu, ameaçando-a pelo Pacífico.
A assinatura do pacto pelo Japão estende de maneira prática
o eixo Roma-Berlim até Toquio, passando por Moscou. A aliança
foi firmada ao chegar o ministro das relações Exteriores
da Itália, conde Ciano, procedente de Roma, onde os aspectos
iniciais do pacto foram negociados na semana passada durante as conferências
entre o barão com Ribbentrop, Mussolini e Ciano.
O conde Ciano chegou em seu avião especial ao aeródromo
de Tempelhof, às 12 horas e 25 minutos, sendo recebido por
von Ribbentrop, o general von Keitel e outras autoridades alemãs.
Acompanhavam-no o embaixador italiano em Berlim, sr. Dino Alferi,
e o embaixador alemão em Roma, sr. Hans von Mackensen. A comitiva
dirigiu-se imediatamente para a chancelaria, onde a esperavam o embaixador
japonês Saburu Kurusu e membros do ministério das Relações
Exteriores da Alemanha, das embaixadas italiana e japonesa e jornalistas
que haviam sido especialmente convidados a assistir à cerimônia.
Hitler apresentou-se a seguir no salão de embaixadores da chancelaria
e os diplomatas colocaram-se em seus respectivos lugares para assinar
nos pergaminhos em que estava escrito o texto da aliança.
Von Ribbentrop foi o primeiro a assinar pela Alemanha, seguindo-o
os srs. Murusu e Ciano, que o fizeram pelo Japão e Itália
respectivamente. A assinatura efetuou-se às 13,13. Estavam
presentes os generais von Keitel, Milich e outros, os srs. Ley, Himmler,
Lammers, Dietrich, Schammersten, Diecksoff, e jornalistas extrangeiros
e alemães, bem como os membros das embaixadas dos paises sinatários
e da chancelaria alemã.
A cerimonia da assinatura foi transmitida por todas as radio-emissoras
e retransmitida para o extrangeiro. Pouco antes da assinatura o barão
von Ribbentrop leu a seguinte declaração: "Excelentes,
Senhores. Tenho a honra de receber e dar as boas vindas ao conde Ciano,
ao embaixador Kurusu e aos membros do governo, partido e exército.
Esta é uma ocasião importante. Alemanha, Itália
e Japão resolveram firmar um solene pacto. Convencionaram sustentar
a nova ordem no Extremo Oriente e na Europa, para fomentar a paz e
a prosperidade".
Em seguida o ministro das Relações Exteriores da Alemanha
leu o texto do pacto triplice.
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Texto
do pacto Germano-Italo-Nipônico |
BERLIM, 27 - O texto do pacto tri-partite germano-italo-nipônico
assinado hoje nesta capital é o seguinte:
"Preambulo. Os governos da Alemanha, da Itália e do Japão
consideram que é requisito prévio para uma paz duradoura
que cada nação receba o espaço adequado às
suas necessidades. Em consequência, estão, resolvidos
a manter-se unidos e a colaborarem juntos em seus esforços
afim de crear grandes zonas européias e asiaticas nos limites
das quais é seu mais alto objetivo crear e manter uma nova
ordem de cousas, ordem essa destinada a formentar a prosperidade dos
povos que as habitam. É pensamento outrosim dos três
governos fazer extensiva a colaboração a aquelas nações
de outras partes do mundo que desejam orientar suas aspirações
em um sentido similar ao das três potências contratantes,
para a realização de seus esforços que teem como
objetivo final a paz do mundo.
De acordo com o que antecede, os governos da Alemanha, da Itália
e do Japão estabelecem o seguinte:
Artigo 1.o - O Japão reconhece e respeita a direção
germano-italiana na creação de uma nova ordem de cousas
na Europa;
Artigo 2.o - A Alemanha e a Itália reconhecem e respeitam a
direção do Japão na creação de
uma nova ordem na zona da Grande Asia;
Artigo 3.o - A Alemanha, a Itália e o Japão estão
de acordo em colaborar em seus esforços na base das prêcitadas
directrizes. Comprometem-se, outrossim, a prestar-se mutuamente auxilio
por todos os meios politicos, econômicos e militares se uma
das três partes contratantes for atacada por qualquer potencia
atualmente não envolvida no conflito europeu ou na guerra chino-nipônica;
Artigo 4.o - Como complemento do presente pacto, uma comissão
técnica mista, cujos membros serão designados pelos
respectivos governos da Alemanha, da Itália e do Japão,
reunir-se-à sem perda de tempo;
Artigo 5.o - A Alemanha, a Itália e o Japão afirmam
que os termos do pacto acima expostos, não afetam de modo algum
o "status" politico vigente na atualidade entre cada uma
das três partes contratantes e a União Soviética;
Artigo 6.o - O presente entrará em vigor imediatamente após
a sua assinatura e será valido por 10 anos a partir da data
da sua assinatura. Antes da data de seu termo, e com a necessária
antecipação, as altas partes contratantes, a pedido
de qualquer uma delas, entabolarão negociações
para a sua renovação.
Em testemunho do que, os abaixos assinados, devidamente autorizados
pelos seus respectivos governos, firmaram este pacto e lhe apuzeram
suas rubricas. Redigido em triplicada, em Berlim, no dia vinte e sete
de setembro de mil novecentos e quarenta no ano 18 da éra fascista,
corresponde ao vigesimo setimo dia do nono mez do decimo quinto ano
de Savoia". |
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