BUSH DECLARA VITÓRIA NA GUERRA


Publicado na Folha de S.Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 1991

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Coalizão suspende o fogo mas mantém as tropas no Iraque

O presidente dos EUA, George Bush, proclamou ontem à noite em discurso pela TV a vitória das forças de coalizão contra o Iraque na guerra do Golfo, iniciada a 17 de janeiro. Ele anunciou a suspensão das ações ofensivas e a manutenção de suas tropas no Iraque até que representantes militares de Sadam Hussein negociem as condições do pós-guerra, incluindo a libertação de todos os prisioneiros de guerra e a aceitação das resoluções da ONU. O Iraque deverá também revelar a localização das minas instaladas contra a coalizão liderada pelos EUA. "Está com o Iraque a decisão", disse Bush. Segundo ele, na semana que vem, o secretário de Estado James Baker fará uma visita ao Golfo. A guerra não é contra "o povo iraquiano, mas sim contra a liderança iraquiana e, acima de tudo, contra Sadam Hussein", declarou o presidente dos EUA.
As forças de coalizão haviam continuado ontem a avançar em território iraquiano, chegando a 240 km da capital do país. Mais de 60 mil soldados iraquianos foram aprisionados. Cerca de 700 tanques norte-americanos bateram a divisão Hamurabi da Guarda Republicana, no "maior confronto de tanques desde a 2ª Guerra", segundo o Pentágono. Tropas da coalizão cercaram o que resta do Exército iraquiano e dominam o sul do país. A Casa Branca diz que o objetivo, agora, é assegurar a "estabilidade regional".

BUSH PROCLAMA VITÓRIA E SUSPENDE FOGO; COALIZÃO MANTÉM SUAS TROPAS NO IRAQUE
EUA exigem cumprimento das 12 resoluções da ONU e libertação de prisioneiros; Baker vai ao Golfo negociar pós-guerra

FERNANDO RODRIGUES
De Washington
O presidente George Bush proclamou a libertação do Kuait e a vitória das forças de coalizão contra o Iraque, em discurso de 7 minutos transmitido por uma rede nacional de TV dos Estados Unidos, às 21h locais (23h de Brasília). Bush decretou a suspensão de fogo, mas disse que os ataques serão reiniciados se Sadam Hussein não acatar todas as resoluções da ONU, além de um conjunto de outras condições.
As tropas norte-americanas permanecerão no Kuait e no sul do Iraque. Segundo o comando norte-americano, elas estão a 240 km de Bagdá.
Bush anunciou, também, que o secretário de Estado, James Baker, deverá dirigir-se ao Golfo na próxima semana para negociar com os chefes de governo e líderes políticos locais as condições para estabilizar a região no pós-guerra. Bush não deixou claro se aceitará ou não a eventual permanência de Sadam no poder. Bush ter encaminhado a Baker um pedido de convocação imediata do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A guerra no Golfo completou ontem 43 dias. O Iraque invadiu o Kuait em 2 de agosto do ano passado. A coalizão tinha cerca de 700 mil soldados. O Iraque, 500 mil. Até ontem, 60 mil soldados iraquianos haviam sido capturados. Os Estados Unidos tinham tropas a 240 km de Bagdá. A movimentação dentro do território iraquiano continuava. A guerra foi autorizada pela Organização das Nações Unidas. Mas a ONU não autorizou a invasão ou ocupação do Iraque - o que acontece agora.
As condições que o Iraque teria que aceitar para manter o cessar-fogo, além das 12 resoluções da ONU, são as seguintes: 1) soltar todos os prisioneiros de guerra; 2) soltar todos os cidadãos kuaitianos; 3) informar a localização de campos minados em terra e mar; 4) enviar pessoal autorizado a discutir o final da guerra; 5) não disparar mísseis contra qualquer país, nem atacar as forças de coalizão.
Bush não falou sobre o tempo exato que as tropas vão permanecer no Kuait e no Iraque, mas não deixou dúvidas que isso vai acontecer. Ontem, o Iraque teve mais uma proposta de cessar-fogo rejeitada pelos EUA. Aceitou apenas parcialmente as resoluções da ONU. "Isso fica aquém do necessário", disse a Casa Branca.



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