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          | A ONU INICIA A DESOBSTRUÇÃO DO CANAL DE SUEZ
 
 
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          | Publicado 
              na Folha da Manhã, Sexta-feira, 28 de dezembro de 
              1956 |   
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              Neste texto foi mantida a grafia original
 
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              Declara o gen. Wheeler, responsavel pelos trabalhos de dragagem 
              daquela via maritima, que já recebeu permissão do 
              governo egipcio para usar os navios de emersão franco-britanicos.
 
 
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          | Nasser 
              agradece o apoio russo ao Egito |   
          | Port Said, 27 - O general Wheeler, diretor dos trabalhos 
              de desobstrução do canal de Suez, declarou esta manhã 
              que a ONU já recebeu permissão do governo egipcio 
              para que o desbloqueamento do canal de Suez seja iniciado. Os trabalhos 
              terão inicio amanhã.
 Um porta-voz egipcio declarou que a noticia emanava do general Wheeler 
              e não do governo do Egito. Outra fonte egipcia afirma que 
              o general Wheeler pretende começar os trabalhos de desobstrução, 
              dragando, em primeiro lugar, as minas, ali lançadas durante 
              a luta entre egipcios e tropas franco-britanicas. As operações 
              iniciar-se-ão no extremo sul do canal, rumo à entrada 
              do Mediterraneo.
 Quanto ao uso da frota franco-britanica de dragagem, que tanta controversia 
              provocou entre ingleses, franceses, egipcios e a ONU, ficou em estabelecido 
              que a referida frota será usada, com "suas equipagens", 
              sendo que nenhum elemento desta tripulação poderá 
              descer em terra nem usar o radio-transmissor, senão por intermedio 
              dos representantes das Nações Unidas, encarregados 
              dos trabalhos de desobstrução do canal de Suez.
 
 
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          | Declarações 
              de Nasser a jornalistas sovieticos |   
          | Paris, 27 - A Radio de Moscou anunciou hoje que, durante 
              uma entrevista do presidente Nasser a jornalistas sovieticos, o 
              chefe do governo egipcio declarou: "Os imperialistas afirmam 
              que desejamos substituir a influencia inglesa pela russa, mas se 
              esquecem de que os povos arabes desejam apenas ser independentes".
 Quanto ao problema do canal, afirmou o sr. Nasser que, "Suez 
              não é a razão principal da tensão do 
              Oriente Medio. Ele está no Egito e não se pode pensar 
              em privar-nos dele. Qualquer tentativa de ingerencia, nesse assunto, 
              por país estrangeiro, receberá nossa energica oposição. 
              A questão da fronteira com Israel e a privação 
              dos direitos dos arabes na Palestina são tambem causa da 
              tensão nesta região do mundo" frisou o 
              coronel Nasser.
 Falando sobre a crise atual do Oriente Medio o presidente do Egito 
              afirmou que numerosas conclusões se podem tirar de tudo isso: 
              o primeiro é que Israel constitui uma praça de armas 
              que serve aos imperialistas; a segunda é que os arabes se 
              tornaram conscientes de que o colonialismo é incompativel 
              com sua independencia nacional e, por fim, conclui-se que a ameaça 
              do colonialismo está em regressão.
 Instado a falar sobre a situação economica do Egito, 
              Nasser não ocultou as dificuldades experimentadas pelo seu 
              governo na crise atual. Entretanto declarou o presidente egipcio 
              esperavamos uma ajuda economica da França e da Inglaterra, 
              para a realização de um certo numero de projetos, 
              mas esse auxilio nos foi retirado, numa tentativa da Grã-Bretanha 
              de arruinar nossa economia. Por isso fomos obrigados a recorrer 
              a outros países.
 Declarou por fim o presidente egipcio que uma ajuda da Russia muito 
              auxiliaria seu país e seria uma contribuição 
              para o incentivo à cooperação entre os povos.
 Termina o cel. Nasser sua entrevista, agradecendo aos russos seu 
              apoio dispensado por ocasião do ataque anglo-francês 
              contra o Egito.
 
 
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          | Causa 
              apreensão o reinicio do terrorismo |   
          | Londres, 27 - O embaixador de Israel nessa cidade entregou 
              hoje nota de seu governo ao "Foreign Office", na qual 
              exprime sua apreensão ante o reinicio das atividades dos 
              "fedayans" egipcios nas fronteiras israelenses.
 De Telavive chega noticia de que terroristas vindos da Jordania 
              cometeram varios atentados na noite passada. Dois ataques se fizeram: 
              no primeiro, quatro terroristas atacaram a cidade com granadas de 
              mão e, no segundo, os assaltantes colocaram uma bomba de 
              explosão em uma casa israelense. Declara-se contudo que não 
              houve vitimas.
 
 
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          | Chegam 
              a Toulon navios franceses |   
          | Toulon, 27 - Procedentes de Port Fuad chegaram a essa cidade 
              os ultimos navios franceses que intervieram na luta no Oriente Medio. 
              Pela primeira vez, a esquadra está inteiramente concentrada na baía 
              de Toulon.
 
 
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