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          | REJEITA O GOVERNO DE BONN AS CONDIÇÕES 
              COMUNISTAS PARA UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA
 
 Declarações do sr. Jakob Kaiser - possível 
              a irrupção de novos conflitos de fronteira em Berlim 
              - não será modificada a linha Oder-Neisse
 
 
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          | Publicado 
              na Folha da Manhã, domingo, 27 de abril de 1952 |   
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              Neste texto foi mantida a grafia original
 
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          | Berlim, 26 - O ministro do governo de Bonn, Jakob Kaiser, rejeitou 
            as condições comunistas para a unificação, 
            mediante negociações, entre as zonas oriental e ocidental 
            da Alemanha, mas reiterou a petição do chanceler Adenauer 
            para realizar conversações entre as quatro grandes potencias 
            sobre esse assunto. Advertiu, contudo, que uma Alemanha Unificada 
            não poderia existir sem a ajuda do mundo ocidental. Anteontem, o chanceler Adenauer, em entrevista pelo radio, pediu a 
            realização de uma conferencia entre as quatro grandes 
            potencias sobre a unidade alemã.
 Kaiser disse, ontem, que "a unificação da Alemanha, 
            dentro da liberdade, não desequilibrará o mundo". 
            O ministro do governo, com respeito aos receios de que uma Alemanha 
            unificada possa algum dia ligar-se com a Russia, declarou que a situação, 
            desde que o seu país assinou o Tratado de Rapallo, mudou consideravelmente.
 O Tratado de Rapallo, concluido depois da primeira guerra mundial, 
            tinha por objeto aplainar o caminho para uma aliança russo-germanica.
 Kaiser disse que "o gigante soviético pode esmagar a Alemanha 
            se esta não tiver o apoio do mundo livre" e que a política 
            germanica deve ter sempre em mira garantir a obstenção 
            da ajuda do acidente.
 
 
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          | "A 
            manutenção da paz exige o acordo com a Russia" |   
          | Berlim, 26 - "Sabemos, como todo mundo livre, que se deverá 
            entrar num acordo, um dia, com a União Sovietica. Esse dia 
            deve chegar rapidamente; não podemos esperá-lo durante 
            anos. A manutenção da paz o exige" - declarou o 
            sr. Jakob Kaiser, ministro federal para a unidade alemã, durante 
            uma manifestação publica, por ocasião do congresso 
            do Partido Cristão-Democrático de Berlim Ocidental.
 O ministro acentuou que é necessário procurar e utilizar 
            todas as possibilidades de restabelecer a unidade da Alemanha, especialmente 
            depois das últimas notas sovieticas.
 - "Devemos nos convencer - acrescentou - que a reunificação 
            de nossa patria dentro da liberdade não equivale a uma modificação 
            de equilibrio nas forças do mundo livre. Trata-se de ir adiante, 
            por meios politicos e diplomaticos. Isto é melhor tanto para 
            o Ocidente como para o Oriente. É preciso também que 
            saibamos bem que um acordo entre o Ocidente e o Oriente é a 
            condição de uma reunificação pacifica 
            de nosso país."
 Kaiser rejeitou, por outro lado, as conversações propostas 
            por Grotewohi, presidente do Conselho da Alemanha Oriental, porque, 
            afirmou os representantes do regime da zona sovietica não passam 
            de instrumentos sem o menor valor. A mesma atitude deve ser observada, 
            segundo ele, em relação ao regime do Sarre.
 O ministro se declarou, outrossim, contrario ao restabelecimento de 
            um controle quadruplo na Alemanha. Evocando finalmente a situação 
            particular de Berlim em relação à Alemanha Ocidental, 
            afirmou que nenhuma cidade está tão interessada na reunificação 
            da Alemanha quanto ela.
 
 
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          | Possivel 
            a irrupção de novos conflitos de fronteira |   
          | Berlim, 26 - O Partido Comunista Alemão da Alemanha 
            Ocidental concitou os seus membros a realizarem manifestações 
            em prol da unificação do país, segundo os termos 
            sovieticos, e contra a conclusão do "contrato de paz" 
            entre os aliados e a Alemanha Ocidental.
 Aquele apelo, possivelmente, provocaria novos conflitos de fronteira, 
            como os da quinta-feira passada, quando cerca de vinte mil comunistas 
            lutaram com os policiais de Berlim Ocidental.
 
 
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          | O 
            expurgo no partido comunista alemão |   
          | Berlim, 26 - O Comitê Central do Partido Comunista da 
            zona sovietica de ocupação anunciou que 150.696 de seus 
            membros foram expurgados até agora.
 Esse total constitui pouco menos de 22% do número de membros 
            com que conta o Partido Comunista alemão.
 
 
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          | Não 
            será modificada a fronteira germano-polonesa |   
          | Londres, 26 - Fontes sovieticas deram a entender que Moscou 
            reiterou oficialmente ao regime comunista polonês que a linha 
            Oder-Neisse continuará a ser a fronteira permanente entre a 
            Alemanha e a Polonia.
 Buscando dissipar os receios de que Moscou pudesse propor uma revisão 
            da linha Oder-Neisse, em favor da Alemanha, para conquistar o apoio 
            germanico, as mais altas esferas russas têm aproveitado recentemente 
            todas as oportunidades para fazer ver a Varsovia que tal medida não 
            participa dos planos sovieticos.
 O marechal Stalin enviou cordial mensagem ao presidente polonês 
            Boleslav Beirut, por motivo da passagem do seu 60o aniversario natalicio, 
            e, ao mesmo tempo, a imprensa moscovita insistiu repetidamente na 
            amizade russo-polonesa.
 Um jornal oficial do governo russo fez notar que "as bases desta 
            cooperação amistosa já foram estabelecidas entre 
            a Republica Democratica Alemã e a Polonia, ao se fixar a linha 
            Oder-Neisse como a fronteira entre a Polonia e a Alemanha".
 
 
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          | Propaganda 
            comunista em Berlim |   
          | Berlim, 26 - O governo da zona sovietica aproveitou a chegada 
            de 133 soldados alemães capturados, ou que desertaram da Legião 
            Estrangeira Francesa, para a sua campanha contra a participação 
            germanica no Exercito Europeu.
 As autoridades comunistas apresentaram os 68 soldados que estiveram 
            combatendo contra os rebeldes indochineses diante de três mil 
            pessoas, entre as quais se achavam jornalistas alemães e estrangeiros.
 Os ex-combatentes deram pormenores dos mais horriveis crimes cometidos 
            pela Legião Estrangeira em Vietnan e todos terminaram advogando 
            para que a Alemanha não participe do Exercito Europeu.
 
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