WATERGATE: DEPUTADO SUICIDA-SE
|
Publicado
na Folha de S.Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 1973
|
|
|
EASTON, Maryland, EUA - O deputado republicano William O. Mills foi
encontrado morto ontem em sua casa, com um tiro, e a hipotese da Policia
é de suicidio.
A morte do parlamentar de Maryland ocorreu 24 horas depois que o jornal
"Washington Post" informou que ele recebeu uma contribuição
de 25 mil dolares (152,5 mil cruzeiros) dos fundos secretos da comissão
de finanças da campanha de reeleição de Richard
Nixon, no ano passado.
As contribuições não foram comunicadas à
junta eleitoral de Maryland, em aparente violação à
lei do Estado.
A hipotese de suicidio é tambem de Jack Shaum, ajudante de
Mills.
O cadaver do deputado de 48 anos foi encontrado num estabulo de sua
fazenda de Milberry Hill, no condado de Talbort. O corpo apresentava
um ferimento de bala na parte inferior esquerda do peito. Havia marcas
de polvora no corpo, indicando que o disparo foi feito à queima-roupa.
Mills foi eleito para o Congresso numa eleição especial,
em 1971, substituindo Rogers C. B. Morton, designado secretario do
Interior.
|
Defesa |
Defendendo-se das acusações do "Post" Mills
havia afirmado que não fizera nada de irregular". Mills
foi visto algum tempo anteontem na Camara, quando os representantes
se reuniram para uma foto oficial. Ria e brincava com seus companheiros.
O desempenho de Mills no Congresso foi marcado pela tragedia, quando,
em fevereiro do ano passado, três de seus ajudantes morreram
num acidente de transito, no condado de Anne Arundel, Maryland.
"Pessoalmente não recebi e nem desembolsei nenhum dinheiro
durante minha campanha", havia dito Mills. "O responsavel
pela minha campanha me assegurou que o governo Nixon havia preparado
recursos para arcar com os gastos. Eu não tive acesso à
verba, nem dirigi ou autorizei o gasto desse dinheiro".
|
Barker
depõe |
Bernard Barker, acusado como invasor da sede do Partido Democrata,
disse ontem que entrou no caso Watergate "por problemas de segurança
nacional", procurando documentos que provassem a existencia de
contribuições esquerdistas ou cubanas para a campanha
presidencial democrata. Esclareceu que não as encontrou, "considerei
um dever para com meu país", disse Barker.
Foi a primeira vez, depois de seu rapido comparecimento perante um
tribunal que o considerou culpado da invasão do edificio Watergate,
que Barker depôs publicamente sobre seus motivos para participar
da operação. Barker, cujos pais são norte-americanos,
nasceu em Cuba e lã passou a metade de sua vida, foi agente
da policia cubana no regime de Batista, anterior a Fidel Castro.
|
©
Copyright Empresa Folha da Manhã Ltda. Todos os direitos
reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização
escrita da Empresa Folha da Manhã Ltda.
|
|