MAIS FORTALEZAS-VOADORAS PARA AJUDAR A FRANÇA
NA INDOCHINA
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Publicado
na Folha da Manhã, terça-feira, 23 de março
de 1954
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Washington, 22 - O alto comando americano estaria encarando
atualmente a possibilidade de enviar para a Indochina um novo grupo
de bombardeiros ligeiros B-26, assim como certo numero de aviões
de transporte, admite-se nos meios diplomaticos. Essa noticia circulou
naqueles meios por ocasião da visita à capital americana
do general Paul Ely, chefe do Estado-Maior combinado das forças
francesas.
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Declarações
de Ely e Radford |
Washington, 22 - "Se os franceses pedirem um numero suplementar
de bombardeiros B-26 para a Indochina, levaremos certamente em consideração
o seu pedido", declarou à imprensa o almirante Radford,
presidente do Comitê dos Chefes de Estado-Maior, depois da entrevista
que reuniu, alem dele, o presidente dos Estados Unidos e o general
Paul Ely, chefe do Estado-Maior Geral das forças francesas.
O general Ely, por outro lado, declarou que não viera a Washington
para discutir pormenores do programa de auxilio norte-americano à
Indochina, mas para realizar uma troca de pontos de vista com o almirante
Radford, do qual é convidado. O general Ely lembrou que não
trouxera especialistas consigo.
O general Ely qualificou de "extremamente dificil" a batalha
em curso em Dien Bien Phu, mas exprimiu sua confiança no resultado
favoravel do combate. O general especificou que o Vitminh havia sofrido,
até o presente, em Dien Bien Phu, pesadas perdas e que se esforçava,
sem duvida, para obter exito antes da Conferencia de Genebra.
Por outro lado, o almirante Radford declarou, em resposta à
pergunta de um jornalista, que, na sua opinião, a expedição
eventual de um numero suplementar de bombardeiros B-26 para a Indochina
não seria acompanhada do envio de um numero suplementar de
tecnicos norte-americanos. Lembrou que o Departamento de Defesa esperava
o retorno dos 200 tecnicos dos Estados Unidos, que já estão
na Indochina, para o mês de junho proximo.
"Os franceses" - disse ele - "serão então
capazes de substituí-los."
O almirante Radford exprimiu, por seu turno, otimismo quanto ao resultado
dos combates na Indochina: "Sempre achei que os franceses ganhariam
a luta com o auxilio norte-americano".
Como se perguntasse ao general Paul Ely se o auxilio norte-americano
à Indochina havia sido discutido, no curso da entrevista que
acaba de ser realizada com o presidente dos Estados Unidos, o general
francês respondeu: "O auxilio norte-americano à
França é constante. Implica questões que não
entram no quadro de uma conversação com o presidente".
E o general Ely acrescentou: "Vim visitar o presidente Eisenhower.
Não podia vir a Washington sem o ver".
A conferencia, que reuniu o presidente Eisenhower, o general Ely e
o almirante Radford durou trinta minutos.
Depois da reunião, jornalistas e fotografos foram convidados
para irem ao gabinete de trabalho do presidente dos Estados Unidos.
As três personalidades, por varias vezes, trocaram cumprimentos,
para responder às exigências dos fotografos.
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A
missão do general Ely |
Paris, 22 - A respeito da viagem do general Paul Ely, chefe
do Estado-Maior Geral das Forças Armadas da França,
aos Estados Unidos, declara-se esta manhã, no Ministerio das
Relações Exteriores, que o general foi encarregado de
uma missão puramente militar, a qual não comporta nenhuma
questão política nem diplomatica.
Acrescenta-se que essa missão militar não se liga somente
à situação reinante da Indochina, mas sim que
ela será de ordem geral e que foi decidida por ocasião
da ultima sessão do Comitê de Defesa Nacional.
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Opinião
britanica sobre as conversações de Washington |
Londres, 22 - As conversações de Washington do
general Paul Ely, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
francesas, são acompanhadas com grande interesse em Londres.
Nos circulos autorizados, declara-se com efeito que a França
e os Estados Associados têm toda a simpatia e todos os votos
de exito da Grã-Bretanha na luta que empreendem pelo mundo
livre contra a agressão comunista. Nos meios geralmente bem
informados, diz-se que Londres não pode senão aprovar
o aumento do auxilio norte-americano nos dominios das finanças,
de material e de conselhos tecnicos. Por outro lado, não haveria
opinião favoravel a qualquer ação que, como a
encarada pelas propostas do presidente Syngman Rhee e general Chiang
Cai-Chec (envio de contingentes de tropas na Indochina), tenderia
a generalizar o conflito.
Eis porque as noticias, segundo as quais empregados da Companhia Civil
Aeronautica do general Chennault teriam participado do abastecimento
das tropas do campo franco-vietnamita de Dien Bien Phu, não
foram bem recebidas em Londres. Sabe-se ainda que a presença
de militares norte-americanos nesses aviões de transporte foi
formalmente desmentida.
Da mesma forma, uma participação permanente de grandes
chefes militares norte-americanos, como conselheiros tecnicos, na
guerra da Indochina, seria considerada aqui como muito perigosa.
Enfim, observa-se que a Grã-Bretanha não pode, em seu
desejo de ser auxiliada igualmente na Malasia, pôr um instante
em paralelo as operações de policia da Malasia e a guerra
da Indochina.
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Nova
batalha em Bien Dien Phu |
Hanói, 22 - O comando francês informou que uma
violenta luta irrompeu novamente em Bien Dien Phu e que os comunistas
penetraram quase até o coração da assediada fortaleza
do norte da Indochina.
A nova batalha, que pôs fim a varios dias de calma, teve inicio
quando patrulhas de infantaria e engenheiros franceses, apoiados por
tanques leves, sairam das defesas principais com a missão de
abrir caminho para o fortim mais meridional de Dien Bien Phu, isolado
por mais de uma semana. No decurso de intensa luta, catorze comunistas
foram mortos e outros ficaram feridos ou foram capturados.
Segundo as informações, os comunistas penetraram nas
posições defensivas francesas, talvez na preparação
de novos assaltos em grande escala.
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Desmentido
do comando francês |
Saigon, 22 - Pela segunda vez, o comando francês desmentiu
varias informações divulgadas pela agencia de imprensa
chinesa comunista "New China News", sobre a ocupação,
pelo Vietminh, de um terceiro centro de resistencia francês
em Dien Bien Phu. O comando afirma novamente que, desde o inicio da
ofensiva, somente dois centros de resistencia foram conquistados pelo
inimigo ou evacuados pelos seus defensores.
O porta-voz do comando declarou ser possivel que a remodelação
do dispositivo, efetuada pelo comando em Dien Bien Phu, depois do
lançamento, por meio de para-quedas, de dois batalhões,
tenha dado ao Vietminh a oportunidade de afirmar que se apoderara
de um centro de resistencia. Mas, acrescentou, essa afirmação
é destituida de qualquer fundamento.
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Choque
nas proximidades da cidadela |
Hanói, 22 - Um porta-voz do Estado-Maior francês
anunciou ontem que, hoje de manhã, um grupo franco-vietnamita,
apoiado por tanques pesados, encarregado da proteção
da estrada que conduz ao ponto de apoio sul, do dispositivo, e ao
restante do campo fortificado de Dien Blen Phu, tivera um choque com
numerosos elementos vietnamitas.
Os comunistas tiveram varias baixas. Alguns prisioneiros foram feitos
entre eles.
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Bombas
incendiarias sobre os comunistas |
Hanói, 22 - Os pilotos franceses, que lançaram
uma "chuva" de bombas incendiarias Napalm sobre as concentrações
de tropas comunistas, afirmaram que é incalculavel o dano causado
ao inimigo.
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Afluxo
de jornalistas para Hanói |
Hanói, 22 - O campo da imprensa de Hanói está
atualmente lotado, em consequencia do afluxo de jornalistas anglo-saxões
que vieram do Japão e da Coréia. Vinte e nove correspondentes
e enviados especiais se encontram neste momento em Hanói, entre
os quais cinco franceses. A brusca chegada de tantos jornalistas criou
aos serviços militares de informação problemas
quase insoluveis, principalmente no que se refere ao alojamento. Com
efeito, todas as salas do campo da imprensa estão ocupadas
pelos correspondentes que vieram em primeiro lugar, e as salas dos
hotéis de Hanói foram todas praticamente requisitadas
pelas autoridades militares. Demais, as operações militares
atualmente em curso tornaram necessaria a requisição
de quase todos os veiculos, e o problema dos transportes, na imensa
cidade que é Hanói e seus suburbios, permanece muito
dificil de ser resolvido.
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