Uma rebelião popular depôs ontem o ditador romeno Nicolau
Ceausescu. Milhares de pessoas invadiram o palácio presidencial
em Bucareste (capital). O ex-chanceler Corneliu Manescu anunciou
às 12h40 que um Comitê da Democracia Nacional tomou
o poder. Ceausescu deixou o palácio de helicóptero.
O Exército aderiu à revolta. Forças leais ao
ditador reagiram. A polícia política atirou em manifestantes
na praça da República, coração da capital.
Tropas rebeldes dominaram a praça após duas horas
de luta. Havia centenas de corpos nas ruas. Ocorreram combates em
todo o país. Até a noite o paradeiro de Ceausescu
era ignorado. A TV estatal diz que ele deixou o país. O novo
governo prevê eleições em abril. Ceausescu,
71, foi eleito chefe do Partido Comunista em 65. Impôs um
regime despótico. Corneliu Manescu, 73, o líder rebelde,
foi ministro do Exterior de 61 a 72. Cumpria prisão domiciliar
há 9 meses por se opor ao ditador. A Romênia é
o último país do Pacto de Varsóvia a sofrer
reformas.
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Das Agências Internacionais
Uma
multidão, estimada em milhares de civis, invadiu ontem o
Palácio Presidencial de Bucareste (capital da Romênia)
e derrubou o dirigente Nicolau Ceausescu, 71, no poder há
24 anos. Era o último dirigente antiperestroika do Pacto
de Varsóvia.
Um helicóptero partiu às 13h45 locais (9h45 de Brasília)
do alto do palácio com Ceausescu e sua mulher, Elena, que
era vice-primeira-ministra.
Às 12h40, o ex-chanceler Corneliu Manescu anunciou pela rádio
e TV que o Comitê da Democracia Nacional, encabeçado
por ele, havia derrubado Ceausescu e tomado o poder. Segundo a agência
oficial romena Agepress, o comitê é formado por "comandantes
militares independentes, estudantes que lideraram a luta para a
derrubada do antigo regime e intelectuais". Milhares de pessoas
saíram às ruas para comemorar.
Um funcionário do governo polonês disse à agência
de notícias "Reuter" que Ceausescu tentou falar
aos manifestantes de um terraço do palácio, pouco
antes de fugir. As vaias o impediram. Sob os gritos de "assassino",
Ceausescu saiu do terraço.
Os protestos contra o dirigente foram retomados ontem às
6h. Os manifestantes - cerca de um milhão, segundo a agência
de notícias "France Presse" - levavam velas na
mão e gritavam "o Exército nos apóia".
Às 9h50, decretou-se estado de emergência.
A multidão não se dispersou. Retratos de Ceausescu
foram queimados. Os manifestantes subiam nos tanques e abraçavam
os soldados. Às 12h20, tanques e soldados voltaram aos quartéis.
Os civis invadiram o Palácio Presidencial, a sede Conselho
de Estado e a do Comitê Central (direção do
PC romeno). Um grupo alcançou o balcão de onde Ceausescu
costumava discursar.
Os rebeldes tomaram as cidades de Timisoara e Sibiu. Segundo a TV
romena, a água dessas cidades foi envenenada.
Após a fuga, o helicóptero de Ceausescu desceu perto
de Tirgoviste. O ex-dirigente e Elena tomaram um carro, trocaram-no
na cidade, mas foram detidos em Tirgoviste.
Às 22h, a TV romena informou que Ceausescu conseguiu escapar
e sair do país. No começo da tarde, circularam rumores
de que ele tinha fugido para a China. A TV húngara informou
de madrugada que Ceausescu havia sido capturado pelo Exército
e era levado para Bucareste.
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