MULHER DE PANCHO VILLA DIZ QUE ELE NÃO ERA "HOMEM
MAU"
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Publicado
na Folha de S.Paulo, sabado, 21 de novembro de 1964
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Neste texto foi mantida a grafia original
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NOVA YORK, novembro (FOLHA) - A senhora Pancho Villa, viuva do famoso
chefe revolucionario mexicano condenou Hollywood pelos filmes sobre
seu falecido marido «Nenhuma das atrocidades apontadas ele praticou.
É tudo falso!» Assim disse ela. Pancho Villa não
costumava passar mel em sua vitimas, para depois entregá-las
à formigas como revela um filme interpretado por Wallace Beery.
Tambem não mergulhava ninguem em petroleo, para depois queimá-lo,
como revelou ao Senado norte-americano o Sr. Henry Cabot Lodge, avô
do ex-embaixador Henry Cabot Lodge.
«Quando ele roubava um pouco - disse a viuva de 71 anos,
sra. Luz Corral de Villa - dava aos pobres. Jamais cometia atrocidades.
Matava com seu proprio revolver, mas nunca foi atroz.»
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Herói
nacional |
No Mexico as crianças aprendem que Pancho Villa foi um herói
defensor de sua patria e da liberdade do Mexico. Pancho teve cinco
filhos de sua esposa anterior, que foram criados pela sra. Luz. Ela
não lhe pôde dar nenhum filho, pois o único morreu
durante o parto.
A Sra. Luz, com seus cabelos brancos, esteve recentemente em Chicago,
para assessorar pessoalmente um documentario cinematografico que está
sendo realizado: «Revolução Mexicana».
Ela recordou seu primeiro encontro com Pancho Villa, a 20 de novembro
de 1910, quando ele irrompeu em sua vila pedindo dinheiro e mantimentos
para as tropas revolucionarias.
Era homem forte, com bigodes pretos, um amplo «sombrero»,
dois revolveres na cintura e um rifle. Ela admitiu que, quando o viu,
ficou ao mesmo tempo fascinada e temerosa. Enquanto recolhia mantimentos
e dinheiro, Pancho notou a presença da bela Luz. Pediu-a tambem.
Sua mãe recusou entregá-la. Naquele mesmo instante vieram
avisar que as tropas federais se estavam aproximado. Pancho Villa
deu ordens de retirada e disse à bela Luz que voltaria para
cortejá-la.
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Bom
Marido |
« Pancho pode ter sido um tigre na guerra - diz hoje sua mulher
mas foi um cavalheiro no lar. Jamais nos beijamos antes do casamento.
Minha mãe nos vigiava permanentemente.» Casaram-se no
dia 28 de maio de 1911.
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