A TORRE SUPER-EIFFEL DE PARIS
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Publicado
na Folha da Noite, sabbado, 20 de outubro de 1934
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Para
a exposição internacional de 1937, na cidade-luz, projecta-se a construcção
de uma torre seis vezes mais alta do que a do engenheiro Eiffel |
Pouco
a pouco, Paris vae se tornando uma cidade embellezada pelas exposições
internacionaes. Já não são poucos os monumentos
e as obras de utilidade publica que ali ficaram, definitivamente,
e que, inicialmente construídos para fins decorativos, acabaram
sendo incorporados ao patrimonio normal da cidade.
Haja vista, por exemplo, a torre Eiffel, que simples monumento ornamental,
passou a ser um symbolo da capital da cultura europea sendo utilizada,
agora, até para operações de guerra.
A torre Eiffel, entretanto, era uma maravilha para outros tempos,
quando o gigantismo architectonico ainda não tinha invadido
a mentalidade dos povos. Hoje é uma torrinha, talvez um pouco
mais interessante do que as outras, mas muito menos impressionante
do que qualquer arrranha-céo norte-americano.
Foi, talvez, por esse motivo, que o architecto francez Faure-Dujarric
imaginou construir, para a exposição de Paris, de 1937,
o formidavel monumento cujo esboço acompanha estes commentarios.
A torre Dujarric terá, se fôr construida como o autor
a concebeu, 6.500 pés de altura, ao passo que a de Eiffel tem
apenas mil. Os materiaes a serem empregados na sua construcção
são o aço e o concreto. Prevendo necessidades futuras,
o architeto resolveu collocar, em differentes pontos da sua altura,
tres enormes plataformas, de onde poderão partir, em caso de
guerra, dezenas e dezenas de aeroplanos, ao mesmo tempo, e em todas
as direcções. No seu interior serão installados
apparelhos emissores e receptores de radio; pharoes fantasticamente
poderosos illuminarão, á noite, a rota para as diversas
vias aereas em funcção; será ao mesmo tempo,
um monumento decorativo e uma obra architectural de defesa da nação.
Sem duvida alguma, só essa torre, que será mais uma
das maravilhas da architectura e da sciencia de construcção
dos tempos modernos, bastará para fazer com que em 1937, dezenas
de milhares de pessoas acorram a Paris.
A França, que é paiz que sabe tirar proveitos de turismo,
encontrou a maneira efficaz de, provocando a affluencia de visitantes,
ir organizando, sem que ninguem dê por isso, os elementos de
que poderá vir a precisar para uma indestructivel defesa da
sua capital.
A torre super-Eiffel será mais uma sentinella de civilização.
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