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          | MORRE BENEDETTO CROCE AOS 86 ANOS DE IDADE
 
 
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          | Publicado 
              na Folha da Noite, quinta-feira, 20 de Novembro de 1952 |   
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              Neste texto foi mantida a grafia original
 
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              Um dos maiores filosofos do mundo contemporaneo  Seu passamento 
              se verificou em Napoles, às 10 horas de hoje
 
 
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          | NAPOLES, 20  Urgente  Benedetto Croce, um dos 
              grandes filosofos do mundo faleceu aos 86 anos de idade, vitimado 
              por uma gripe que o autormentava há varios dias.
 Croce é autor de mais de uma centena de obras filosoficas.
 
 
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          | NAPOLES, 20  O filosofo Benedetto Croce encontrava-se 
              cercado por sua mulher e filhas no momento de sua morte. Atacado 
              de gripe há alguns dias, seu estado de saude melhorou e acreditou-se, 
              que todo perigo de complicações, devido a idade muito 
              avançada do doente, havia sido afastado. Entretanto, uma 
              recaida repentina vitimou Croce. A noticia de sua morte foi imediatamente 
              comunicada as mais latas personalidades da Republica pelas autoridades 
              de Napoles.
 
 NAPOLES, 20  Um dos grandes filosofos do mundo contemporaneo, 
              Benedetto Croce, faleceu às 10 horas e 50 minutos de hoje, 
              vitimado por uma infecção renal, seguida de uma gripe. 
              Croce estava com 86 anos.
 Sua esposa, sra. Adele Croce, e quatro filhas acompanhavam os ultimos 
              momentos do pensador.
 Ainda há poucos dias atrás, Benedetto Croce, lia e 
              estudava horas inteiras em sua biblioteca do palacio Filomario, 
              onde residia.
 Com Croce, o mundo perde o segundo grande filosofo contemporaneo 
              no espaço de três meses. George Santayana, passou aos 
              88 anos, em Roma, no mês de agosto, sendo o primeiro.
 
 
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          | Personalidade 
              de Benedetto Croce |   
          | Benedetto Croce, famoso filosofo e historiador italiano, nasceu 
              em Pescasseroli (Aquila), em 1866. Formado pela Universidade de 
              Roma, desde cedo se impôs como critico de arte e literatura. 
              Em 1903, fundou "La Critica", de que foi diretor até 
              1937. Inestimavel foi o papel representado por essa revista na liderança 
              do movimento artistico-intelectual da Penisula, num sentido de renovação 
              e afirmação de valores.
 O primeiro livro de filosofia de Croce data tambem do principio 
              do seculo. "O Materialismo Historico e a Economia de Karl Marx" 
              teve ampla repercusão. Maior porem, foi o exito alcançado 
              por sua trilogia: Filosofia do Espirito Logica como Ciencia 
              Conceito Puro. Suas teorias sobre a estetica como ciencia da expressão 
              e da linguistica em geral provocaram um interesse imenso, na Italia 
              e em toda a Europa.
 Pode-se dizer que a vida cultural italiana, a partir dos primeiros 
              anos deste seculo, girou em torno de Benedetto Croce e de suas idéias. 
              Quase todos o seguiam, mas Croce foi tambem duramente combatido 
              pelos discipulos de Marx, Engels e Feuerbach. Croce, aliás, 
              foi o critico mais autorizado a abalizado de Marx, na Italia.
 Sua teoria sobre a estetica parte do ponto de vista de que a beleza 
              é um ideal para o qual se encaminham todas as atividades 
              humanas. Para Croce, tudo o que é arte e prazer artistico 
              é a expressão de uma intuição comum 
              ao que é humano.
 Croce teve tambem participação ativa na vida politica 
              de seu país. Foi nomeado senador em 1910 e, em 1920, a convite 
              de Giolitti, ocupou no seu ministerio a pasta da Educação, 
              que abandonou um ano antes da subida de Mussolini ao poder. Em 1943, 
              Croce foi preso juntamente com outros lideres antifascistas italianos, 
              e mandado para a retaguarda das tropas alemãs, em Sorrento. 
              Por ocasião da batalha de Salerno, as tropas inglesas conseguiram 
              libertar o filosofo, que foi enviado em segurança para a 
              companhia de sua familia.
 Duas grandes tragedias ocorreram na vida de Croce: perdeu o pai 
              e a mãe num mesmo dia, num terremoto, e durante vinte anos 
              sofreu em sua patria a humilhação de ser vigiado em 
              seus menores gestos pelo fascismo.
 Há três obras de Croce traduzidas para o português, 
              editadas pela livraria "Atena": "Breviario" 
              (resumo de suas considerações sobre a estetica). "Aspectos 
              Morais da Vida Politica" e "Orientações".
 
 
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