A BORDO, 6 BOMBAS PODEM EXPLODIR


Publicado na Folha de S.Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1972

O transatlantico de luxo "Queen Elizabeth II" cruza o Atlantico Norte sob a ameaça de uma explosão que poderá significar a morte para as 2.350 pessoas que nele se encontram.
Um telefonema anonimo recebido pelos agentes da "Cunard Lines" em Nova York afirma que seis bombas estão escondidas no gigantesco navio e serão detonadas se a empresa proprietaria não pagar um resgate de 350 mil dolares (cerca de 2 milhões de cruzeiros).
Orgulho da marinha mercante britanica, o "Queen Elizabeth II" havia partido de Nova York com destino a Southampton na Inglaterra. Entre os passageiros (quase todos milionarios), estão o maestro Leopold Stokowski e George Kelly de Filadelfia, tio da princesa Grace de Monaco.
Quatro especialistas britanicos em explosivos foram lançados de pára-quedas e cairam ao mar perto do navio, onde foram recolhidos e ajudam nas buscas. Segundo o telefonema anonimo, os autores do golpe têm a bordo dois cumplices incumbidos de ativar as bombas. São homens que não tem medo de morrer, pois um sofre de cãncer e o outro é um condenado.
A "Cunard Lines", que não exclui a possibilidade de uma brincadeira de mau gosto, tomou a precaução de depositar com o FBI, nos Estados Unidos, a quantia reclamada como resgate. A chegada do "Queen Elizabeth II" a Southampton estava prevista para hoje.

Queen Elizabeth ameaçado

LONDRES - Os proprietarios do gigantesco navio de passageiros "Queen Elizabeth II" receberam ontem a ameaça de que a embarcação, com 2.350 passageiros e tripulantes a bordo, explodiria em alto mar. Como medida de precaução foram enviados, por avião, varios especialistas em desmontagem de bombas, que desceram de pára-quedas junto ao barco no meio do Atlantico.
A empresa Cunard, proprietaria do luxuoso navio de 65.000 toneladas, informou que seu escritório em Nova York foi avisado de que teriam sido colocadas seis bombas em diferentes pontos das treze cobertas da nave. A pessoa que telefonou ao escritorio de Nova York declarou que aqueles que colocaram as bombas tinham dois cumplices a bordo, um deles um condenado e o outro um doente incuravel de cancer, dispostos a ativar as bombas a menos que fosse pago um resgate de 350 mil dolares (2,058 milhões de cruzeiros).
Um porta-voz disse que a Cunard estava disposta a pagar a quantia.

Providencias

Embora a ameaça tenha sido descrita como "provavelmente uma brincadeira", os quatro peritos britanicos em desmontagem de bombas foram imediatamente enviados ao transatlantico que encontra-se a 500 milhas a noroeste dos Açores."
O navio se encontra em viagem para a Grã-Bretanha, procedente de Nova York, e a maioria dos passageiros são norte-americanos que se dirigem para a Europa a fim de passar sua ferias.
Segundo o Ministerio da Defesa britanico, as pessoas que telefonaram disseram que as bombas foram postas a bordo do vapor em Nova York. O barco zarpou deste porto segunda-feira e é esperado em Southampton, Inglaterra, amanhã.
A Cunard declarou que o individuo que telefonou esclareceu que o barco seria destruido quinta-feira à noite, a menos que fosse paga a quantia exigida.
Na relação de passageiros em Nova York consta o nome do maestro Leopold Stokowski, em viagem a Inglaterra para um concerto em sua homenagem.
Entrementes, o comandante Bill Law avisou os passageiros do Queen Elizabeth que havia um "alerta a bomba" a bordo.
O comandante explicou a situação por alto-falantes. Os passageiros - disse depois - "apreciaram muito" o espetaculo do lançamento de pára-quedas dos quatro especialistas ingleses.
O navio prosseguiu à noite seu rumo normal para Cherbourg, na França, a toda velocidade.

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