EGITO, LIBIA, SIRIA: FEDERAÇÃO ARABE
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Publicado
na Folha de S.Paulo, domingo, 18 de abril de 1971
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Neste texto foi mantida a grafia original
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O presidente egípcio Anuar El Sadat, anunciou ontem, em comunicado
oficial, a formação de Federação das Repúblicas
Arabes do Egito, Siria e Libia.
A nova federação se absterá de firmar a paz,
de negociar e de fazer concessões territoriais a Israel, segundo
afirmou Sadat. Simultaneamente, os presidentes sirio, general Hafez
Al Assad, e libio, coronel Moamar El Khadafi, faziam pronunciamentos
semelhantes em Damasco e Tripoli.
O acordo assinado na madrugada de ontem em Bengasi, na Libia, não
foi firmado pelo Sudão, cujo presidente, Gaafar El Numeiry,
depois de participar dos dois primeiros dias de reunião alegou
que seu país ainda não está preparado para integrar
a federação.
O novo Estado será estabelecido depois de um referendo que
se realizará dia 1.o de setembro nos três paises. Terá
um só presidente, um governo federal e um comendo militar unico.
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Egito,
libia e Siria formam federação |
CAIRO - Os governantes do Egito, da Siria e da Líbia assinaram
um acordo par unir seus respectivos paises em uma Federação
das Repúblicas Arabes.
O acordo foi assinado na sexta-feira à noite, porém
não se deu nenhum detalhe sobre a forma que terá a nova
união federal que entrou em vigencia hoje.
O presidente egipcio, Anwar El Sadat, o presidente sirio, Hafez Assad,
e o chefe de Estado libio, coronel Moammar Kaddafl, assinaram o acordo
em Bengasi, Libia, após cinco dias de deliberações.
O diário informa que os lideres se abraçaram se beijaram
e leram o capítulo inicial do Alcorão - o livro sagrado
dos muçulmanos - depois da cerimonia de assinatura, no Palacio
dos Hospedes do Estado.
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O
Sudão |
O Sudão
não assinou o acordo, embora tenha assinado a chamada "Carta
de Tripoli", que no ano passado anunciou o compromisso de federação
dos quatro paises arabes.
O homem forte do Sudão, general Gaafar El Numeiry, assistiu
aos dois primeiros dias das deliberações, que começaram
no Cairo na segunda-feira, e depois retirou-se para viajar a Moscou.
O "Al Ahram" afirmou hoje que Numeiry considerou que seu
pais, acossado com as disputas com o poderoso Partido Comunista e
as rebeliões armadas na parte sul, não estava ainda
preparado para a federação.
Todavia, os outros três governantes estiverem em contato telefonico
constante com Numeiry em Moscou e, depois de seu regresso, em Kartum,
para mantê-lo a par dos debates.
A assinatura deste acordo coincidiu com o oitavo aniversario do acordo
assinado pelo Egito, Siria e Iraque para tornar a Republica Arabe
Unida a 17 de abril de 1963. Essa federação desmoronou
um mês depois.
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Suez |
Em Jerusalem, o chanceler israelense, Abba Eban, declarou hoje que
"estamos vivendo horas cruciais" durante as quais se decidirão
as possibilidades de um acordo com o Egito sobre a reabertura do Canal
de Suez.
Entrevistado pela emissora do Estado, Eban disse: "Não
podemos estar certos de que um acordo em separado seja alcançado,
mas as possibilidades não são despreziveis".
Comentando a possibilidade de um confronto das superpotenciais no
Oriente Medio, Abba Eban disse que os interesses na União Soviética
e dos Estados Unidos "são distintos que se torna dificil
imaginar como uma guerra poderia ser limitada a um conflito regional".
Declarou entretanto, que não considera que as possibilidades
de uma guerra sejam maiores que as de um acordo provisorio, um prolongamento
do estancamento atual ou um acordo geral.
Disse que se o presidente egipcio estiver disposto a aceitar "um
acordo baseado em vantagens razoaveis para ambas as partes existem
possibilidades".
Abba Eban afirmou que não supõe que Sadat espere realmente
que Israel retire suas forças das margens do canal, permitindo
assim o avanço das tropas egípcias, "que logo nos
obrigariam a retroceder ainda mais".
Eban afirmou que Moscou intensificou o fornecimento de armas para
o Cairo por estar preocupado com a possibilidade de um enfraquecimento
de sua influencia no Egito.
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Fogo
sagrado |
Enquanto isso, cerca de 10 mil peregrinos ortodoxos celebraram hoje
a cerimonia do Fogo Sagrado, num animado ritual que comemora a saida
de Cristo do tumulo.
Na Igreja do Santo Sepulcro, este ano, esteve reunido o maior numero
de fiéis que se congregaram até agora nas festas de
Pascoa. A policia teve de fazer voltar centenas de turistas e israelentes
que queriam observar a cerimonia, de muito colorido, velas acessas
e canticos alegres. O templo estava lotado de pessoas de toda as idades
que conduziram as velas simbolicas da Ressurreição.
De acordo com um tradição secular, um sacerdote com
uma vela na mão saiu da gruta e anunciou: "O tumulo está
vazio".
Os presentes começaram a dar vivas e a cantar aproximando-se
do sacerdote para acender sua veias no fogo sagrado que ele conduzia.
Depois sairam da Igreja e prosseguiram cantando, sob forte aguaceiro.
Os ritos ortodoxos, aos quais comparecem as comunidades grega, armenia,
coptica, etiope e siria, são realizados uma semana depois das
cerimonias catolicas e protestantes.
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