COMEÇA A GUERRA!

Aviões bombardeiam Bagdá; Palácio de Sadam é 1º alvo; Bush responsabiliza Iraque; Preço do petróleo dispara

Publicado na Folha de S.Paulo, quinta-feira, 17 de janeiro de 1991 —

Clóvis Rossi
Enviado especial a Israel


Aviões de combate da força multinacional aliada iniciaram a guerra ao Iraque às 2h30 da manhã de hoje (21h30 de ontem em Brasília). A operação "tempestade no deserto" começou às 0h58 (19h58 em Brasília), com a decolagem de caças F-15 de uma base na região central da Arábia Saudita. o secretário norte-americano da Defesa, Richard Cheney, disse que participaram aviões dos EUA, Grã-Bretanha, Arábia Saudita e Kuait. Duas horas e meia após o início das hostilidades, o presidente George Bush disse na TV que "a guerra começou em 2 de agosto, quando o Iraque invadiu o Kuait".
Foram atacados diversos alvos no Iraque e no Kuait ocupado. Os correspondentes da TV norte-americana em Bagdá relataram ataques ao palácio presidencial, à sede do Conselho de Ministros, ao aeroporto, ao centro de comunicações e a uma refinaria. Cheney disse que o presidente iraquiano, Sadam Hussein, não estava entre os alvos. Segundo ele, a operação visava destruir a capacidade militar e a cadeia de comando do Iraque. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, Colin Powell, não revelou o número de aviões envolvidos nos ataques e disse que o número de baixas é "alentador".
O preço do barril do petróleo subiu mais de US$ 8 no mercado de Tóquio, passando a barreira dos US$ 40.

Sadam é o primeiro alvo


Caças dos EUA atacam Iraque; Baterias antiaéreas revidam; Prédios do governo são atingidos

Clóvis Rossi
Enviado especial a Israel


As forças anti-Iraque iniciaram por volta de 2h30 (horário de Bagdá, 21h30 em Brasília) o bombardeio do Iraque e do Kuait ocupado. Participaram do ataque aviões dos EUA, Grã-Bretanha, Arábia Saudita e Kuait. Em pronunciamento à nação, o presidente dos EUA, George Bush, disse que o ataque se concentrou em alvos militares do Iraque. Segundo ele, "a guerra começou a 2 de agosto, com a invasão do Kuait pelo Iraque". A rede norte-americana BBC disse que cinco mísseis iraquianos Scud de fabricação soviética foram disparados contra bases na Arábia Saudita.
A primeira informação sobre o bombardeio ao Iraque foi dada, ao vivo, pelos enviados especiais a Bagdá da CNN, a cadeia norte-americana de TV. Houve uma série de explosões na cidade, na direção do aeroporto da cidade e de instalações militares nas imediações. Imediatamente depois, as baterias antiaéreas iraquianas dispararam, deixando traços no céu de uma cidade já em quase total blecaute, exceto pelas luzes de uma torre de TV.
Um "pool" de emissoras de rádio baseado na Arábia Saudita informou, por sua vez, que bombardeiros F-15 norte-americanos haviam decolado de suas bases, armados com bombas e canhões de 200 milímetros.
Vinte minutos depois, a CNN pôs no ar o som direto de uma incontável série de explosões no centro da cidade, a 3 km do Hotel Al-Rashid, onde se encontravam seus enviados especiais a Bagdá. Na Arábia Saudita, o comando das forças multinacionais alinhadas contra o Iraque confirmou que a guerra estava começando. O bombardeio foi realizado em ondas que se sucediam a cada 15 minutos em média.
O porta-voz da Casa Branca, Marlin Fitzwater, disse que as forças internacionais iniciaram a operação "Desert Storm" (tempestade do deserto), dando início à "libertação do Kuait". Segundo a CNN, caças-bombardeiros F-15 saíram da Arábia Saudita às 0h58 locais (19h58 de Brasília). Ainda segundo a CNN foi alvejado um centro de comunicações de Bagdá, uma refinaria, um aeroporto, o Conselho de Ministros e as redondezas do palácio presidencial. Há rumores de que o Iraque teria atacado a Arábia Saudita. Bagdá está às escuras. O blecaute teve início uma hora depois de começado o bombardeio, segundo o repórter da CNN.
Em entrevista coletiva, o secretário de Defesa dos EUA, Dick Cheney, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Colin Powell, afirmaram que os informes preliminares sobre baixas são "alentadores". Não foram revelados números. Respondendo se o palácio de Sadam havia sido atingido, Powell disse que o presidente iraquiano não é um alvo prioritário do ataque. "Buscamos atacar a cadeia de comando iraquiano", disse. Em Bagdá, o presidente Sadam Hussein assumiu pessoalmente o comando das Forças Armadas.
Os Estados Unidos já haviam deslocado 20 superbombardeiros B-52 da base de Diego Garcia.


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