CSN APROVA O ENVIO DE TROPAS A SÃO DOMINGOS
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Publicado
na Folha de S.Paulo, domingo, 16 de maio de 1965
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Neste texto foi mantida a grafia original
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Após uma reunião de 40 minutos no Palacio das Laranjeiras,
no Rio, sob a presidencia do chefe do governo no marechal Castelo
Branco, o Conselho de Segurança Nacional decidiu ontem, por
unanimidade, aprovar o envio de um contingente militar à Republica
Dominicana, atendendo ao pedido formulado pela Organização
dos Estados Americanos.
A medida foi decidida tendo em vista "nossas obrigações
continentais" e após uma exposição do ministro
do Exterior sobre a situação dominicana.
Amanhã, o presidente da Republica enviará ao Congresso
uma mensagem, na qual solicitará autorização
para o envio do contingente brasileiro - "em missão de
paz e de preservação da democracia".
O presidente da Comissão de Relações Exteriores
da Camara, deputado Raimundo Padilha, afirma não ter duvidas
quanto à aprovação, pelo Congresso da decisão
do Conselho de Segurança Nacional.
Informa-se também, que o ministro da Aeronautica, marechal
do ar Eduardo Gomes, já determinou ao 1º Grupo de Transportes
de Tropas, com sede no Campo dos Afonsos, que prepare seus vagões-voadores
para o transporte dos soldados brasileiros. Segundo circulos militares,
o contingente brasileiro será integrado por 800 homens - fuzileiros
navais, soldados de infantaria da Aeronautica e para-quedistas do
Exercito - e, após a aprovação do Congresso,
poderá seguir para São Domingos já esta semana.
RIO, 15 (FOLHA) - O Conselho de Segurança Nacional, reunido
hoje nas Laranjeiras sob a presidencia do marechal Castelo Branco,
decidiu por unanimidade enviar um contingente militar brasileiro à
Republica Dominicana, atendendo a pedido feito pela Organização
dos Estados Americanos.
Na proxima segunda-feira, o presidente da Republica enviará
mensagem ao Congresso, solicitando autorização para
o envio da tropa "em missão de paz e da preservação
da democracia".
A reunião iniciou-se às 9 horas e terminou 40 minutos
mais tarde. Dela participaram todos os ministros de Estado, o chefe
do Gabinete Militar da Presidencia da Republica e secretario-geral
do Conselho de Segurança Nacional, o chefe do EMFA e os chefes
do Estado-Maior da Armada, do Exercito e da Aeronautica.
Ao deixar o palacio, nenhum dos participantes da reunião quis
manifestar-se sobre a decisão tomada, sallentando todos que
"uma nota oficial seria distribuida à imprensa".
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A
nota |
A tarde, a Secretaria de Imprensa da Presidencia da Republica distribuiu
a seguinte nota sobre a reunião do Conselho:
"O sr. presidente da Republica reuniu hoje às 9 horas,
o Conselho de Segurança Nacional para exame do pedido da OEA
relativo ao envio de um contingente militar brasileiro à Republica
Dominicana, a fim de integrar uma força interamericana que
ficará à disposição da decima reunião
de consulta dos ministros de Relações Exteriores do
Continente com o objetivo de colaborar na restauração
da normalidade naquela Republica, na manutenção da segurança
dos seus habitantes, na inviolabilidade dos direitos humanos e no
estabelecimento de clima de paz e de conciliação que
permita o funcionamento de instituições democraticas.
"O sr. ministro do Exterior apresentou um relatorio sobre a situação
dominicana, analisou o pedido feito pela OEA, e concluiu sugerindo
que o Brasil atendesse à solicitação feita pelo
organismo interamericano, tendo em vista as nossas obrigações
continentais. Em debate feito a respeito da sugestão, todos
os membros do CSN opinaram favoravelmente.
"O sr. presidente da Republica disse, então, que o Conselho
se manifestava unanimemente em favor de uma posição
que tambem era a sua. E comunicou que, considerando os dispositivos
legais, enviará ao Congresso Nacional, na proxima segunda-feira,
mensagem solicitando autorização para o envio do contingente
brasileiro em missão de paz e de preservação
da democracia.
"Estiveram presente à reunião todos os ministros,
o chefe do Gabinete Militar e secretario-geral do CSN, o chefe do
EMFA e os chefes do Estado-Maior da Armada, do Exercito e da Aeronautica."
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Providencias |
O ministro da Aeronautica, marechal do ar Eduardo Gomes, determinou
ao 1º Grupo de Transporte de Tropas, com sede no Campo dos Afonsos,
que prepare os seus vagões-voadores para o transportes dos
soldados brasileiros que irão integrar o contingente da OEA,
que desembarcará na Republica Dominicana.
Ao que se informa nos meios militares, o contingente brasileiro será
integrado por 800 homens - fuzileiros navais, soldados de infantaria,
da Aeronautica e para-quedistas do Exercito - e deverá seguir
para São Domingos andana proxima semana, após aprovação
da mensagem presidencial pelo Congresso.
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Aprovação |
O deputado Raimundo Padilha, presidente da Comissão de Relações
Exteriores da Camara, disse que não tem duvida quanto à
aprovação, pelo Congresso, do envio de tropas brasileiras
para a Republica Dominicana. Afirmou que o desembarque do contingente
brasileiro no Caribe é uma exigencia dos fatos e marcará,
também, a presença do nosso país na vida do continente.
Com essa ajuda - frisou o sr. Raimundo Padilha - o Brasil estará
cumprindo os seus compromissos internacionais. Na sua opinião,
o pedido de tropas ao Congresso, que será enviado pelo presidente
da Republica, deverá ter tramitação urgente,
tendo em vista a natureza do assunto.
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Aprovação
é ponto pacifico |
BRASILIA, 15 (FOLHA) - O Congresso Nacional receberá
na proxima segunda-feira, a mensagem presidencial pedindo autorização
para o envio de tropas brasileiras para a Republica Dominicana e,
antes do fim da semana, deverá votar um projeto de decreto
legislativo, concedendo a permissão.
A aprovação da materia é considerada tranquila,
pois até mesmo a maioria dos setores que condenam a intervenção
em São Domingos, já manifestou seu apoio à resolução
da OEA para formação de um corpo de paz destinado a
proficiar a restauração democratica naquele país.
Nesse sentido, o recente pronunciamento do presidente da Camara, deputado
Bilac Pinto, é considerado como reflexo do pensamento do Congresso.
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Tramitação
urgente |
Recebida a mensagem, a presidencia da Camara submeterá o assunto
às comissões de Justiça, Segurança Nacional
e Relações Exteriores, para apreciação
simultanea, pois a materia terá automaticamente assegurada
a tramitação de urgencia.
À Comissão de Relações Exteriores compete
elaborar o projeto de decreto legislativo, que será imediatamente
submetido ao plenario da Camara, para discussão e votação.
O lider do governo, sr. Pedro Aleixo, declarou à Folha, esta
noite, que a materia não comporta maiores debates, desde que
as posições já estão fixadas. Aprovado
pela Camara, o projeto será encaminhado ao Senado, cuja deliberação
- como sempre acontece nestes casos - será conhecida em menos
de 24 horas.
Alem das três comissões mencionadas, a materia poderá
ser submetida tambem à Comissão de Finanças,
caso a remessa de tropas acarrete despesas para o país.
O deputado Pedro Aleixo esclareceu que não há qualquer
dificuldade para a elaboração do projeto de decreto
legislativo, que é materia simples. Certamente, a autorização
será concedida através de um texto semelhante ao que
permitiu o envio do "Batalhão Suez".
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Os
partidos |
Alem do Bloco da Revolução, o governo contará
também com o apoio de quase todo o PSD e até de parte
do PTB.
Somente a liderança do PTB deverá declara-se contra
o pedido do governo. A posição deste partido já
foi manifestada em documentos divulgados pelo senador José
Ermirio de Morais, presidente do Diretorio Nacional, e pelo sr. Lutero
Vargas, presidente da Comissão Executiva. Entretanto, o lider
Doutel de Andrade não deverá colocar a rejeição
em termos de questão fechada para a sua bancada.
A liderança do PSD, embora tenha se manifestado contra o desembarque
de tropas norte-americanas em São Domingos, votará a
favor da participação brasileira na força internacional
criada sob os auspicios da OEA
No PSD, apenas um reduzido nucleo (Vieira Delnelo, José Carlos
Teixeira Henrique ima) votará contra o governo.
Não haverá, portanto, qualquer dificuldade para a aprovação
do decreto legislativo, que não depende de "quorum"
qualificado.
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Embaixador
chega hoje |
RIO, 15 (FOLHA) - Chegará amanhã ao Rio, procedente
de Nova York, o embaixador Ilmar Pena Marinho, que foi chamado pelo
ministro das Relações Exteriores para consultas. O chefe
da missão permanente do Brasil junto à OEA conferenciará
amanhã com o chanceler Vasco Leitão da Cunha, na residencia
deste. Depois de amanhã, alem de novo encontro com o titular
da pasta das Relações Exteriores, possivelmente se avistará
tambem com o presidente Castelo Branco.
O embaixador Pena Marinho prestará tanto ao chanceler como
ao chefe da nação esclarecimentos a respeito da atuação
da Comissão de Bons Oficios e Medicação, de que
faz parte, em São Domingos, e do exame da crise na reunião
de Consulta da OEA, que ora se realiza em Nova York.
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Viagem
de Vasco |
O Itamaraty empresa a maior importancia às conferencias que
o nosso representante junto à OEA manterá com o chanceler
Leitão da Cunha, porque - de acordo com as informações
a serem prestadas pelo embaixador Pena Marinho - é que o titular
da pasta decidirá da conveniencia de ir a Nova York para participar
da X Reunião de Consulta em alto nivel.
Com os subsidios a serem fornecidos pelo diplomata que chega amanhã
ao Brasil, o embaixador Vasco Leitão da Cunha, caso decida
pela sua viagem aos Estados Unidos, iniciará gestões
junto aos demais chanceleres latino-americanos com vistas ao prosseguimento
da X Reunião de Consulta em nivel mais alto.
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