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          | OS REBELDES ANUNCIAM QUE NOVO CONTINGENTE INVADIU 
              O PARAGUAI
 
 
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          | Publicado 
              na Folha da Manhã, terça-feira, 15 de dezembro 
              de 1959 |   
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              Neste texto foi mantida a grafia original
 
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          | Fontes rebeldes de Buenos Aires anunciaram que nas ultimas horas de 
            ontem um novo contingente de 800 a 1.000 revolucionarios entrou no 
            Paraguai. Despacho procedente de Posadas, na Argentina, afirma que os rebeldes 
            paraguaios anunciaram haver ocupado duas localidades e se apossado 
            de importante quantidade de material belico.
 
 
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          | Os 
            rebeldes anunciam que novo contingente invadiu o Paraguai |   
          | BUENOS AIRES, 14 - Fontes rebeldes anunciaram que durante as 
            ultimas horas um novo contingente de 800 a 1.000 revolucionarios entrou 
            no Paraguai. Esse contingente, sob as ordens do comandante Dario Villamayor, 
            teria passado a fronteira na zona de Puerto Caballero, em frente da 
            localidade brasileira de Ponta-Porã, no Estado de Mato Grosso.
 
 
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          | Ocupação 
            de duas cidades |   
          | POSADAS, Argentina, 14 - Os rebeldes paraguaios anunciaram 
            hoje haver ocupado duas localidades e tomado uma importante quantidade 
            de material belico.
 
 
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          | O 
            proposito dos rebeldes |   
          | POSADAS, Argentina, 14 - "Nosso proposito? Temos um só 
            proposito: terminar com a ditadura de Alfredo Stroessnerr; não 
            estamos com este partido politico ou com aquele, nem contra esse ou 
            outro...; estamos com toda pessoa que deseja a liberdade em nossa 
            patria e é contra a ditadura" - diz um jovem revolucionario 
            paraguaio.
 O jovem é um dos agentes de ligação da rebelião 
            paraguaia e falou com tom tranquilo, porem, com a eloquencia da convicção 
            de que o triunfo é a unica solução justa da causa 
            que defendem os revolucionarios.
 "Não - acrescentou, seguindo a ordem de seus pensamentos-, 
            não estamos contra o Partido Colorado (que governa em Assunção 
            sob a presidencia de Stroessner); estamos contra Stroessner e o que 
            buscamos é mudar radicalmente o governo de nosso país.
 "Durante muitos e muitos anos, vivemos sem liberdade, por isso 
            é que não podemos ser pacientes em nossa luta para reconquistá-la. 
            Em um futuro imediato será uma guerra de esgotamento, uma guerra 
            de nervos, porem, mais adiante, virá a ofensiva".
 Sobre um ponto o informante guardou silencio: de onde recebem os rebeldes 
            armas, munições e dinheiro para fazer a revolução? 
            O governo paraguaio diz que se trata de uma conspiração 
            internacional.
 Nas praças e nos cafés ouve-se falar sobre o envio de 
            ajuda de Cuba. Uma senhora paraguaia que levara uma criança 
            nos braços falou sobre tal ajuda, durante um concerto de musica 
            na praça principal de Posadas.
 "Fidel Castro nos ajudará mais tarde, quando os rebeldes 
            hajam ocupado Concepcíon" - disse a senhora paraguaia.
 Porem se trata apenas de rumores nos quais os jovens rebeldes não 
            confiam muito.
 "Que importa de onde vem o dinheiro? - segue dizendo o jovem 
            - o importante é que ao fim podemos atacar. Certo é 
            que alguns dos fuzis são antiquados e que muitos rebeldes não 
            têm armamento, mas o povo está conosco". Ontem à 
            noite a população inteira de uma pequena aldeia do Norte 
            do país se lançou às ruas para aplaudir uma coluna 
            rebelde que passava pelo lugar: esse é um gesto alentador.
 Oficialmente, está proibido cruzar o rio Paraná, mas 
            entre os milhares de emigrados paraguaios radicados na região 
            de Posadas os rebeldes podem encontrar compreensão e generosa 
            ajuda.
 "Estamos organizados como um comando central - disse finalmente 
            o jovem paraguaio - e estamos determinados a triunfar ou seguiremos 
            lutando até que não fique vivo um só rebelde".
 
 
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          | Fala 
            o presidente do Partido Colorado |   
          | ASSUNÇÃO, 14 - Em discurso pelo radio, o presidente 
            do Partido Colorado, Bernardino Gorostiaga, anunciou que fora totalmente 
            esmagada a recente ação subversiva, "fria e publicamente 
            preparada e realizada de territorio argentino com o apoio aberto de 
            quase toda a imprensa de Buenos Aires e a colaboração 
            inamistosa das autoridades das provincias de Missiones e Corrientes, 
            com Posadas como quartel-general dos subversivos".
 Qualificou de "canalha" a atuação de alguns 
            funcionarios da Argentina e de muitos dos porta-vozes de suas imprensas 
            falada e escrita, mas esclareceu que não se podia duvidar da 
            sinceridade do sentimento fraternal do presidente Arturo Frondizi 
            e dos homens de seu governo.
 Destacou o fato de que "uma empresa de transporte aereo pretendeu 
            afrontar o governo paraguaio com seu estranho empenho de trazer a 
            estas terras um subversivo e demente, sem que os mais corretos e amistosos 
            pedidos dissuadissem os suspeitos administradores da empresa".
 Com essa palavras Gorostiaga referiu-se ao padre Ramón Talavera, 
            opositor do presidente Alfredo Stroessner atualmente exilado na Argentina. 
            O governo paraguaio informou às empresas argentinas de transporte 
            que não se permitiria a entrada do sacerdote no Paraguai.
 
 
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          | O 
            embaixador paraguaio pediu audiencia urgente ao chanceler argentino |   
          | BUENOS AIRES, 14 - O embaixador do Paraguai, Hugo Penna, solicitou 
            com carater urgente uma audiencia com o chanceler argentino, Diogenes 
            Taboada. A entrevista realizar-se-á amanhã.
 Espera-se que o diplomata paraguaio, que regressou apressadamente 
            de Assunção por via aerea sabado, apresente alguma classe 
            de protesto pelo suposto descuido das autoridades do norte da Argentina 
            ao deixar que os rebeldes invadissem o Paraguai desde o território 
            argentino.
 Sabe-se, contudo, que a Argentina tem somente 800 homens ao longo 
            de suas fronteiras fluviais com o Paraguai, que tem uma extensão 
            de quase 1.000 quilometros, grande parte dos quais são selvas.
 Nas últimas horas se notou crescente temor de que possa ocorrer 
            algum incidente entre as forças paraguaias que perseguem os 
            rebeldes e as forças argentinas que guardam as fronteiras separadas 
            somente pelos rios Paraguai e Paraná.
 
 
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          | Desmentido 
            do governo |   
          | ASSUNÇÃO, 14 - Fontes oficiais disseram hoje 
            que não têm fundamento os despachos publicados em Buenos 
            Aires de que as donas de casa desta capital receberam instruções 
            de que comprem alimentos para varios dias.
 Funcionarios do governo paraguaio disseram que é igualmente 
            falsa a reconquista de Caazapa, ao sudeste de Assunção, 
            por tropas do governo, porque os rebeldes nunca a tomaram e "ninguem 
            disparou um tiro".
 Os funcionarios tambem desmentiram que o decimo-quarto Regimento de 
            Infantaria partisse de Assunção, e que um regimento 
            de Artilharia partiu do Paraguai onde tem sua sede.
 Os funcionarios manifestaram que só se empregaram destacamentos 
            de fronteira para perseguir os rebeldes. Acrescentaram que a guarda 
            do palacio não foi reforçada e que só no Ministerio 
            do Interior aparentemente se tomaram algumas medidas de segurança.
 
 
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          | Ordem 
            para matar os rebeldes |   
          | BUENOS AIRES, 14 - "La Razón", publicando 
            um telegrama da cidade argentina de Posada, escreve que "o ministro 
            do Interior do Paraguai deu ordens a todas as forças sob sua 
            autoridade para matar como animais os rebeldes prisioneiros, quaisquer 
            que sejam suas tendencias politicas".
 Acrescenta o jornal que os presos capturados em Encarnação, 
            receando-se penas mais graves a seu respeito. Finalmente "La 
            Razón" anuncia que no dia 12 três paraguaios, dois 
            medicos e um jornalista, se refugiaram na embaixada argentina em Assunção.
 
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