COMO AGEM OS ESPECIALISTAS NA CAÇA AOS FANTASMAS
Caçar
um fantasma pode ser um assunto realmente difícil. E garantir
que o fantasma é ajudado a percorrer seu caminho feliz exige
um especialista... mas quem são os homens que perdem seu
tempo caçando fantasmas?
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Publicado
na Folha de S.Paulo, quinta-feira, 14 de março de
1973
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O mais famoso caçador de fantasmas na Inglaterra é o
Cônego John Pearce Higgins, vice-prefeito da Catedral Southwark.
Com seu companheiro, Don Page, espiritualista, o Cônego tem
exorcisado literalmente centenas de fantasmas.
O Cônego explica que alguns fantasmas permanecem na "dimensão"
errada por terem morrido súbita ou violentamente. Eles precisam
de ajuda para ajustar-se a sua nova situação - frequentemente
não sabem onde estão ou o que aconteceu.
Os fantasmas podem ser vítimas de acidentes no inicio da vida
- o Cônego e seu companheiro têm encontrado muitas assombrações
próximas à cena de acidentes. Também podem ser
de pessoas que morreram subitamente e estavam fortemente ligadas a
um determinado lugar ou pessoa.
Nem todas as vítimas de horríveis acidentes se transformam
em fantasmas, é claro. Usualmente outros espíritos os
ajudam a encontrar a "dimensão" própria e
asseguram o seu ajustamento. Apenas ocasionalmente o espírito
é incapaz de fazer o ajustamento e vagueia ao redor de lugares
e pessoas que conheceu durante a vida. É aí que o caçador
de fantasma entra em cena.
"Normalmente eles apenas precisam de uma pequena ajuda para encontrar
seu caminho", diz o Cônego.
O processo que o Cônego Pearce Higgins e Don Page usam para
ajudar o fantasma a encontrar seu caminho não é muito
simples. Primeiro de tudo, o Cônego oficia uma versão
abreviada da Missa de Requiem para criar a atmosfera adequada para
Don Page começar a trabalhar. Então, Don Page, com seus
poderes espiritualistas, fala a um dos seus próprios espíritos-guia
e pede ajuda.
Don Page tem dois guias, um chefe índio chamado Otanga e um
operário chamado Harry. Esses dois guias, então, localizam
o fantasma extraviado e se comunicam com ele. Com sua ajuda - e algumas
preces - ele é conduzido a sua própria dimensão.
Os dois homens lembram-se de casos em que quadros eram arrancados
das paredes, mesas andavam pela sala ou quartos de dormir que eram
desarrumados. Mas a maioria dos espíritos, eles afirmam, são
inofensivos e não causam danos. Algumas vezes eles tentam "possuir"
outra pessoa, o que pode ser aterrorizante para a vítima. Mas
isso também pode ser solucionado.
"Qualquer espírito que tenta possuir um mortal está
ligado à Terra", diz o Cônego. "Ele não
sabe que está morto. Está realmente pedindo ajuda".
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Price |
Um dos maiores caçadores de fantasmas do mundo - ele fez isso
durante 50 anos - foi o investigador psíquico Harry Price.
Seu método era comunicar-se diretamente com o fantasma ou espírito;
ele não usava "guia". Harry Price era frequentemente
capaz de fazer o fantasma materializar-se e depois falar diretamente
com ele.
Seu caso mais espantoso foi com o espírito de uma criança
de seis anos, Rosalie, que materializava-se regularmente em sua própria
casa e sentava-se no colo da mãe - a criança havia morrido
dezessete anos antes.
Sob condições de teste, Harry Price realizou uma sessão
na casa com a mãe da criança e cinco amigos. O local
foi esvaziado e cuidadosamente fechado e escurecido, de modo que somente
uma pequena lâmpada ficasse acesa. Após uma longa espera
a mãe de Rosalie começou a soluçar e disse que
Rosalie estava no local. Harry Price observou espantado enquanto a
figura da pequena menina tornou-se visível através da
obscuridade. A menina veio até sua mãe e sentou-se em
seu colo.
Em suas anotações Harry Price descreveu-a como uma criança
adorável, com feições clássicas e longos
cabelos.
Ele perguntou à mãe se poderia tocar a criança
e com sua permissão estendeu a mão para a pequena. Mesmo
para um homem com tão vasta experiência em fantasmas
como Harry Price, o momento foi enervante. Ele disse que sua pele
parecia muito fria para um ser humano comum, mas ele podia sentir
seu pulso batendo num intervalo regular de 90 por minuto, e até
podia ouvir claramente sua respiração.
Colocando o ouvido no peito de Rosalie ele percebeu o coração
batendo regularmente. Perplexo, começou a interrogar a menina,
mas ela só respondia a uma pergunta - que amava sua mãe.
Suas perguntas sobre a sua situação no mundo dos espíritos
permaneceu sem resposta.
Após alguns minutos a aparição de Rosalie gradualmente
desapareceu e Price imediatamente ligou as luzes e inspecionou o local
cuidadosamente. Os selos colocados continuavam intactos e o local
tão vazio como antes. Harry Price certificou-se de que nada
ou ninguém havia entrado naquele quarto vindo de fora. E assim
o mistério de Rosalie continuou.
Para sua decepção, Harry Price nunca foi capaz de ajudar
Rosalie a encontrar sua dimensão no mundo dos espíritos
e nem foi capaz de solucionar o mistério. Ele morreu em 1948
com um dos maiores mistérios de fantasmas de todos os tempos
sem solução.
"A necessidade da restauração da prática
do exorcismo está se tornando cada vez mais urgente e mais
evidente", disse o Bispo de Exeter, Rev. Robert Mortimer, que
dirigiu a equipe.
Em Londres, um exorcista muito ocupado, o Rev. Christopher Neil Smith,
lida com pessoas que estão possuídas por espíritos
ou demônios. Colocando a mão na cabeça das vítimas
e rezando com fervor, ele consegue livrar-se do espírito perturbador
e restaurar a paz à mente da vitima.
O reverendo sabe, por experiência própria, como é
horrível ser possuído por um espírito porque
20 anos atrás ele teve que procurar ajuda quando descobriu
que alguma força maligna estava causando terrível pressão
na sua mente. Quando um padre conseguiu livrá-lo do intruso,
o sr. Neil Smith tomou lições sobre o trabalho.
"Deve ser feito por uma pessoa que se especializou nesse tipo
de trabalho", enfatiza. "Tem que ser controlado sob autoridade".
Breve, parece, poderá haver um religioso caçador de
fantasmas em cada paróquia. Até lá, alguns pioneiros
tomam a responsabilidade de ajudar os fantasmas perdidos a encontrar
seu caminho e trazer paz à mente daqueles aterrorizados pelas
assombrações.
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