O PRESIDENTE DA NICARAGUA PROPÕE AO DE COSTA RICA: DUELO ATÉ A MORTE


Publicado na Folha da Tarde, sexta-feira, 14 de janeiro de 1955

Neste texto foi mantida a grafia original

MANAGUA, 13 - O presidente Anastacio Somosa declarou que as dificuldades atuais entre Costa Rica e Nicaragua parecem ser um caso pessoal entre o presidente Figueres e ele proprio e que eles deveriam solucionar o assunto de homem para homem, num "campo". Mantendo o desafio que lançou há varios meses ao chefe do Estado de Costa Rica, Somosa propôs que o duelo seja até a morte, a tiros de pistola, desenrolando-se na fronteira. Por que, disse ele, derramar sangue de inocentes, se é um caso entre Figueres e eu? "Por que, pergunta, envolver os respectivos paises nesse caso? Se Figueres me odeia tanto e quer me assassinar, que se dirija diretamente a mim, de homem para homem".
O presidente fez essas declarações esta noite, numa entrevista à imprensa, na qual afirma que a Nicaragua nada tem a ver com o movimento armado que eclodiu em Costa Rica, que é um caso puramente interno, e lançou novas acusações contra Figueres, por ter fomentado um complô movido contra ele.
Somosa revelou, por outro lado, que advertira o presidente Antonio Remón, há um mês, por intermedio do embaixador da Nicaragua no Panamá, de que devia ficar alerta. Ele sabia, de fato, que membros do Exercito da Liberdade, que derrubou o governo Arbens em junho ultimo, assim como da Milicia Popular da Guatemala, haviam vendido armas aos emissarios do antigo presidente do Panamá Arnulfo Arias e ao presidente costarriquenho José Figueres. "O ministro da guerra, coronel Genean, trouxe-me do Panamá o resto dos cartuchos que feriam mortalmente Remón, disse Somosa, procedentes de metralhadoras que foram vendidas a esses mesmos emissarios. O presidente mostrou aos jornalistas cartuchos e balas do mesmo tipo, para provar que eram de metralhadora alemãs "Schmeisser" e dinamarquesas "Madaes".

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